Herdeira Legítima

Capítulo 15

Levantei de manhã animada. Elliot dissera que eu voltaria a trabalhar no dia seguinte, que no caso é hoje. Me arrumei, tomei meu café e vi pela janela José estacionar em frente ao meu prédio. Desci de elevador e fui recebida calorosamente pelo José. Ele me abraçou e deu pequenos tapas nas minhas costas. Seu sorriso era contagiante.

-Desculpe senhorita, pela informalidade, mas a senhorita fez falta. O senhor Del Negro disse que o médico havia recomendado evitar visitas para que a senhorita se recuperasse mais rápido.

Dúvido muito.

-É, pois é. Mas cá estou eu! Não precisa se desculpar, também senti falta de você e todos lá na empresa.

-Eu imagino, senhorita.

-Petúnia.-O corrigi.

-É. Vamos?

Ele sorriu e abriu a porta para mim. Me surpreendi ao ver que Elliot não estava lá. Como se lesse meus pensamentos, José falou.

-O senhor Del Negro não irá trabalhar hoje.

-Cê sabe por quê?

-Na verdade não, ele apenas me ligou ontem e disse isso.

-Ah, certo.

Passamos pelas ruas e vimos a cidade acordar. As pessoas pegando ônibus, vans, motos, táxis. Andando a pé, de carro, de bicicleta, de skate, de patins e de patinete. As caras inchadas de sono, os copos fumegantes de café nas mãos, os celulares colados nas orelhas. Alguns falavam com certo humor, outros reviravam os olhos. Alguns apenas digitavam ora rapidamente, ora lentamente. Nós chegamos na empresa em instantes. Agradeci a José e peguei minha bolsa. Olhei minha empresa e entrei. Não vi ninguém lá e logo estranhei. Estava vazio no andar de baixo o que me encucou. Ninguém veio trabalhar? Hoje é feriado e eu esqueci? Estava tudo ligado, as luzes, as máquinas, o ar condicionado. É um daqueles momentos que você pensa "WTF?". Subi de elevador agarrando firmemente a bolsa no ombro e quando as portas se abriram, vi aquele povo todo com cartazes e faixas gritando "bem vinda!". Sai do elevador sorrindo toda besta e dei início à distribuição de abraços.

-Mas o que é isso?

-Fechamos a loja hoje para comemorar a sua volta e a sua ida.

-Minha ida?

Então Rafael apareceu.

-Está na hora de você passar para o próximo nível. Hoje é seu último dia aqui.

-Tá de sacanagem?!

Eu nem estava acreditando. Ele me abraçou sorrindo e eu fiquei lá estatelada com a boca aberta.

-Mas gente...-Sussurrei.

Maria apareceu com as mãos juntas e sorrindo como sempre. Me abraçou forte e segurou minhas mãos.

-Como tá a Clara?

-Tá bem, graças à você. Ela mandou um abraço bem grande.-Sorriu e eu também.- Você tá bem?

-Tô. Só surpresa de ter recebido essa notícia agora.

-Eles fizeram uma reunião e nos disseram o que iria acontecer e tal. Daí o Elliot deu a ideia de fecharmos a loja no seu último dia que no caso seria o mesmo dia que você viria para cá. Arrumamos tudo ontem e ainda tem gente pra chegar. Vamos ajudar a arrumar as coisas para quando vocês forem e tal.

-Nossa, vocês são demais.

-Vocês nada, Elliot e Rafael. Elliot te conhece melhor então eu acho que muita coisa que ele sugeriu foi sabendo que você iria gostar. Então o crédito maior é dele.