Sai do táxi e vi o grande logotipo do bar brilhando em luzes neon: microfones nas mãos de mulheres vestidas de cowboy. Rafael me esperava na entrada, onde aliás, muitas pessoas entravam. Sorri para ele e deixei que ele me guiasse com a mão na base das minhas costas até uma mesa. Aquilo não parecia um bar em si. Parecia um restaurante. Tinha mesas, um open bar com dois caras e uma mulher, um pequeno palco com microfones nos devidos suportes, banheiros em cantos diferentes e uma pequena pista de dança em frente ao palco. Rafael escolhera uma mesa que nos deixava de frente para a pista e o palco. Nos sentamos e esperamos.
-Pedi dois vinhos, se você não se importa.-Ele disse. Então me olhou de esguelha.-Está linda.
Não sei que "linda" queria dizer. Eu vestia calça jeans skinni, uma regata preta com um decote comportado, botas de cano curto da mesma cor, e mínima maquiagem. Delineador, rímel e batom. Graças a Deus eu fui abençoada com a pele sem marcas provocadas por espinhas. Minha bolsa era simples, sabe aquelas com umas tirinhas? Então...
Rafael também estava bem bonito. Estava vestindo jeans também, uma blusa vinho de botões e tênis campa da mesma cor.
-Obrigada. Mas você também tá bonitão!
-Obrigado, Petúnia.-Ele disse ficando vermelho. Ah, fala sério!-Foi difícil chegar aqui?
-Nada. O motorista já conhecia o bar. Até pegou atalho.
-Nossa que sorte!
-Pois é. Como você chegou a conhecer esse bar?
-Eu estou morando aqui perto...então, como gosto de caminhar antes de ir trabalhar...-Ele deixou o resto no ar.
-Entendi.
Nossas bebidas chegaram e então as luzes de brancas e amarelas ficaram vermelhas. O palco se iluminou e quatro mulheres com roupas de dançarinas de can can subiram.
-Começou mais cedo! Ah, melhor ainda!-Rafael disse bebericando seu vinho.
Minha pele formigou por um momento, os pelos se arrepiando. Olhei em volta confusa com a impressão de que alguém me encarava sem eu perceber. Esfreguei o pescoço um pouco incomodada e olhei para o palco. Os microfones foram retirados. Elas iriam dançar.
Beberiquei meu vinho e prestei atenção nelas. Uma música começou a tocar. Eu reconheceria aquela música em qualquer lugar. Era a música do clássico can can. Elas tinham um passo bonito, coordenação motora excelente e um senso de ritmo quase fora do comum. Começaram a bater palmas nos pontos altos da música. Me animei. Elas eram muito boas.
-São ótimas né?
-Sim, sim!-Eu disse animada.
Elas finalizaram abrindo um perfeito espacate no chão. Aplaudi fervorosamente. Então uma garçonete apareceu com um copo com um líquido marrom e um papel na mão.
-Senhorita? Mandaram lhe entregar isso.
Rafael olhou intrigado para o papel que a garçonete me entregara. Li o que estava escrito. "Aceita conversar comigo em troca dessa bebida que lhe paguei?"
-Ah, mas que absurdo!-Rafael disse ao ler.-Ele não está vendo que você está acompanhada? Quem é?-Ele perguntou a garçonete.
-Ele pediu para não contar. E então senhorita? Devo deixar a bebida?
-Não. Só um instante. Me empresta uma caneta?-Eu pedi. Escrevi uma resposta bem estilo agressiva e entreguei a garçonete. Ela pegou a bebida e levou para a tal pessoa. O filho da mãe estava bem escondido.
-O que você disse?
-"Espero que conheça bons dentistas, pois vai ficar sem dentes se me oferecer bebida de novo."
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Herdeira Legítima
RandomEu preciso saber como uma empresa funciona, como posso fazê-la lucrar horrores e crescê-la ao máximo. Se eu não conseguir isso dentro de nove meses, eu perco meus direitos como herdeira, propriedades que ganhara de meu pai e qualquer vínculo com a e...