Capítulo 11

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Na manhã seguinte, eu reuni as informações que tinha e as montei num quadro mental. O cara misterioso trabalhava, ou sei lá o que ele fazia, no quarto andar, o qual eu não sabia da existência até ontem. Esse tal cara não era visto na casa. Bem, se ele não é visto, é porque não é pra ele estar aqui. Eu precisava saber o que ele fazia lá, e o que tinha no quarto andar. E Seth, O massagista iria me ajudar com certeza.

Desci para o café da manhã e me sentei bem longe de Rosé. Em frente à mamãe. Ela nada disse, e não tinha o que falar. Nós tomamos o nosso café num silêncio confortável e depois cada uma foi para o seu canto. Eu sabia que os empregados limpavam os quartos durante a manhã, enquanto nós tomávamos o café, então provavelmente o terceiro andar estava livre para minha exploração. Subi as escadas como quem não quer nada, e quando estava chegando perto da porta do escritório do papai, alguém tocou meus ombros. Virei rápido, parando com a mão fechada a centímetros do rosto surpreso de Seth.

-Bonjour, minha chérie. Non parro de me surprreenderr com sua astúcia.

-Você é maluco?

Ele sorriu presunçoso.

-Vou levá-la e mostrrá-la a entrrada do andarr prroibido.

O que?

-Por que?

-Você querr descobrrirr o que tem lá, non?

-Por que tá fazendo isso? O que você vai querer em troca?

-Considerre já pago.-Ele pegou na minha mão e me puxou em direção a entrada.-Vamos.

A parede onde eu tinha visto a entrada estava "normal". Seth me cutucou e começou a tatear a parede. Seus dedos abriram uma pequena, quase imperceptível, entrada. Tirou do bolso traseiro uma chave, e a colocou na abertura. Ouviu-se um barulho de algo sendo destrancado e logo em seguida, a porta abriu-se. Nós nos olhamos, eu com uma expressão interrogativa e ele com uma expressão divertida. A entrada era a mesma: as escadas e um corredor. Subi as escadas com Seth atrás de mim.

-Vou querer uma cópia, ok?

-Clarro.

-Seth?-Me virei para ele. Ele estava bem próximo de mim. Próximo demais. Vi os cabelos louros reluzirem com a luz das lâmpadas e os olhos me encararem com desejo.

-Sim?

-Por que tá fazendo isso?

-Já disse...

-Não, não disse. Você vai me dizer exatamente o por que está fazendo isso.

Seth respirou fundo.

-Tem alguém que querr que você descubrra tudo.

-Tudo o que?

Ahn?

-Já falei demais. Vem, vamos.

Ele me puxou pelo corredor. Era pequeno e super silencioso. Era agoniante. Só tinha uma porta que de repente me interessou. A do final do corredor. Colei meu ouvido na porta para tentar ouvir algo, e como nada escutei, entrei na sala. Primeiro eu levei um susto. Depois encarei Seth.

idêntico ao escritório do meu falecido pai.

Que merda é essa?

-Eu sei. Eu vou te darr a cópia, mas te aconselho a usá-la com cuidado.

-O cara vive aqui, não é?

-É. É só tomar cuidado. Vou verr o que posso fazerr quanto aos horrárrios dele aqui. Se ele vem aleatorriamente ou tem horra cerrta.

-Ok. Obrigada Seth.

Foi tão rápido que eu demorei uns segundos para me recompor e processar o beijo que Seth me dera. Ele agarrou meu rosto com as duas mãos e apertou seus lábios nos meus.

-Tá maluco?

-Sim, pois se eu tentarr isso outrra vez, vou ganharr um olho rroxo e prrovavelmente hematomas.

-Ainda bem que você sabe.-Eu disse andando em direção ao corredor.-Vamos.

***

-Bom filhas, muito obrigada por terem vindo.

Mamãe nos abraçou ao chegarmos no aeroporto. Eu e Rosé seguimos caminhos diferentes, cada uma com seu vôo, mas minha intuição dizia que ela não estava muito distante de mim. Eu não fiz questão de ver qual era o vôo dela, e nem mesmo ela deve ter feito questão, mas ao ver que mesmo em aviões diferentes, os caminhos foram se cruzando, eu ponderei se ela estava perto.

Peguei o número de Seth e o fiz prometer que me manteria informada sobre o tal cara fantasma/esquisitão, em troca de massagens.

Em casa, eu tratei de tomar aquele banho mara e pedir duas pizzas maras também. Elliot me ligou para saber se eu já estava em casa. Trocamos as habituais patadas e cada um foi arrumar o que fazer. Rafael não me ligara, mas mandara mensagem. O respondi antes de apagar na cama.

***

Acordei de mau humor na segunda. Eu estava cansada e os pensamentos constantes sobre o que estava acontecendo na mansão da família Duques Câmara não me deixaram dormir direito. Eu estava tão mau humorada que nem prestei atenção quando Elliot e Rafael começaram a discutir sobre algo que eu não fazia ideia. Eles ficavam falando de números e normas e todas​ essas coisas. Apenas ignorei e fingi estar analisando uma planilha. Por fim Rafael saiu para pegar mais café, levando minha caneca com ele. Elliot olhou para mim me analisando com os braços cruzados.

-Que foi agora?- Perguntei já ficando desconfortável.

-Eu te dei...como você fala? Ah, sim! Patadas diárias. E você me ignorou, aliás, ignorar é o que está fazendo desde que entrou no carro. Aconteceu alguma coisa?

-Só estou cansada da viagem.

-Sei. Então descanse. Se estava cansada, por que não ficou em casa?

-Porque preciso trabalhar.

-Desse jeito?

Olhei para ele e lhe mostrei o dedo do meio.

-Muito maduro da sua parte.

-Obrigada. Um de nós tem que ser.

Então Rafael apareceu com mais café. Eu varri aquele assunto para as profundezas da minha mente, mas volta e meia esse mesmo assunto vinha a tona. Eu não sabia por que estava tão obcecada por querer saber o que mamãe estava aprontando. E o pior de tudo: não podia contar a ninguém.

Meus pensamentos voavam, em todas as possibilidades sobre o que mamãe poderia estar aprontando. Voaram tanto que nem percebi o cão desgovernado e furioso que corria na minha direção. Quando dei por mim, ele estava com a boca no meu pulso e ao ver aquela quantidade de sangue jorrar para fora de mim, senti náuseas e comecei a ficar tonta. A boca dele estava firmemente agarrada no meu pulso. Eu não ouvi e nem vi nada, apenas cai.

***

-Temos pulso, temos pulso!

-Preciso de O negativo.

-A paciente não está acompanhanda da família.

-Pergunte ao acompanhante o tipo sanguíneo dele. Desfibrilador! Um, dois, três!

-Doutor, ele tem o sangue preciso.

-Me arrume então.

-Certo.

-Desfibrilador. Um, dois três! Vamos, mocinha. Você é forte. Desfibrilador. Um, dois, três!

***

*Notas da autora*

Eita, que tenso hein? Essas coisas só acontecem com ela coitada haha, mas ela que se prepare, ainda tem muita água pra rolar.

*Beijos de purpurina e até a próxima!*

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora