Capítulo 20

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Havia se passado duas semanas desde o ocorrido no jantar. Eu estava dando meu melhor na empresa, discutindo com Rosé e Elliot, saindo para beber com Rafael depois do expediente e é claro, formando as minhas teorias. Eu agi normalmente durante esses quinze dias porque primeiro: se algo de errado estava acontecendo, obviamente eu não deveria saber. Segundo: se eu tirasse conclusões precipitadas poderia terminar enfurnada na mansão aguentando Rosé e me lamentando amargamente por agir sem pensar. Terceiro: o dom de analisar e investigar era de família. Eu tinha Seth para me ajudar, tinha a computação e tinha a noite para explorar. Enquanto achavam que eu estava na minha fazendo o que pessoas normais fazem, eu estava lá investigando e juntando as peças.

Um dos meus objetivos era encontrar o testamento. Algo me dizia que eu poderia começar por ali. Mas como diabos eu iria conseguir? Eu devia parar pra pensar e...

-Petúnia?!-Elliot exclamou.

Olhei para ele, que me olhava da porta do Arquivo. Suas sobrancelhas estavam erguidas e ele tinha suas mãos ocupadas com papéis.

-Que foi?

-Me ajuda aqui. Preciso da ficha de quatro funcionários.

-Certo.

Me levantei da cadeira e fui até o Arquivo. Elliot me deu os nomes e datas, então começamos a procurar.

-Você tá muito quieta. -Ele disse depois de alguns minutos.

-Tô pensando.

-Contanto que não esteja planejando meu assassinato, pode me contar?

Eu ri.

-Não. Pelo menos não agora. Toma.-Entreguei-lhe as fichas dos funcionários.-Precisa de mim pra mais alguma coisa?

-Não.

-Tô indo embora então.

-Ok. Até.

Acenei e fechei a porta que dava para a minha sala depois que entrei na mesma. Comecei a desligar as coisas e a catar as minhas. Depois de verificar a hora, saí da minha sala, tranquei-a e me encaminhei para o elevador. Ao passar pela porta de Elliot, ouvi a voz dele aparentemente discutindo com alguém. Agucei minha audição apenas para ter certeza de que ele não estava quebrando nada. Como não ouvi nada, pois sua voz se calou, voltei ao meu caminho em direção ao elevador. Entrei no mesmo e desci. Mário já me aguardava lá fora. Sorri para ele e entrei no carro. Me encostei no banco e suspirei.

-Para casa ou para aquele bar?

-Pra casa, por favor.

-Pelo visto a senhorita foi a última a sair.

-Que nada, Elliot tá lá ainda.

-Minha nossa.-Ele riu.-Esse gosta.

-Gosta até demais.-Sussurrei.

Eu esperava que não acontecesse de novo​ o que aconteceu naquele dia. O dia que ele quebrou quase a sala toda.

O tempo estava agradável, tanto que pedi a Mário para desligar o ar condicionado e deixar as janelas abertas. Fechei meus olhos e esqueci da vida com o vento batendo no meu rosto. Esqueci tanto que nós chegamos em casa e eu nem percebi quando o carro parou.

-A senhorita, com todo o respeito, está com uma cara de cansada. Quer que eu a leve para outro lugar?-Mário disse me encarando do espelho retrovisor.

-Talvez amanhã. Hoje eu só preciso do meu café, da minha cama e do meu sono sagrado.-Eu ri.

-Certo. Me fala que horas a senhorita quer que eu a busque.

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora