Eu estava sentado no sofá assistindo e ao mesmo tempo lendo um livro que apareceu do nada em meu quarto.
Ouça-o, liberte-se. #ChFehlmann.
Consistia em um homem chamado Harry Hartmann que possuía um sentimento de culpa por ter deixado o seu filho e sua mulher morrer. Na verdade, não era culpa dele. A mulher estava grávida e tinha uma doença grave que infelizmente matou ela e o seu mais novo grão de areia que estava dentro de si. Harry tentou salva-las. Ele tentou fazer tudo o que podia, mas não conseguiu. Ele tentou ouvir os médicos, mas foi difícil ouvir que não havia mais nada do que se fazer. Ele tentou ouvir mas não conseguiu nem ao menos ouvir a si próprio. Ele tentou mas a única coisa que conseguiu ouvir foi o barulho do aparelho do coração dela ser desligado. Os batimentos cardíacos pararam. Os médicos a todo momento tentaram salva-la, mas ela não voltou. Ela se foi, para sempre...É possível mudar algo que já está destinado a acontecer? É possível voltar no tempo e mudar algo que já aconteceu?
Será possível impedir que algo aconteça?Se for possível, isso trará suas consequências? Quais? Harry se importaria com as consequências diante de tal situação? Ele perdeu as únicas pessoas que ele tinha nesse mundo e que ele amava mais que a própria vida. Não fazia mais sentido ele viver ou pensar em tais consequências. Ele iria fazer alguma coisa. Ele tinha que fazer alguma coisa. Mas o que? Como?
Querido destino,
queria constar que hoje perdi as pessoas que eu mais amava; as únicas que eu tinha. Queria diante do mesmo, avisá-lo que a partir de agora, irei desafia-lo e que eu não temerei as tais consequências.
(...)As horas foram se passando, aquele livro prendeu o meu foco total. Eu não gostava de ler, mas a partir desse livro, tudo fez sentido. Eu quero ler e ler cada vez mais.
- O jantar está pronto. - Elly anuncia.
Meu pai deixa o jornal em cima da mesinha de centro e se levanta indo até a mesa. Beth estava lá fora, ela entra e se senta à mesa. Elly enxuga as mãos no avental e eu pego o meu novo livro de seja lá quem for e me junto a eles.
- Se junte a nós também, Elly. Temos uma notícia para dar e gostaríamos que também participasse dessa comemoração. - Beth fala sorrindo.
Havia me esquecido que a segunda notícia seria dada no jantar. Algo não me cheira bem e eu já estou me sentindo apreensivo. Aliás, o que pode ser pior em vista dá minha vida?
- Conte a eles, querida. - meu pai fala levantando a taça de vinho nas mãos.
- Willy, sei que irá adorar saber disso... - seu semblante era demoníaca, sentira quase certeza que aquela notícia não seria boa. Ela estava falando tudo isso para me provocar.
- Você terá um novo irmãozinho. - ela fala sorrindo e segurando a mão do meu pai sobre sua barriga.
Eu não acreditava naquelas palavas. Deve ser tudo mentira.
Eu ri logo após dela terminar de falar, mas na verdade, eu estava rindo de nervoso.
- Isso é uma piada, não é mesmo? - pergunto sorrindo entre dentes.
- O que foi? Não gostou dá notícia? - meu pai pergunta apreensivo.
Beth está a todo tempo sorrindo e me olhando com um olhar tipo "toma essa, idiota."
Elly está me olhando boquiaberta do tipo "tenha calma, por favor. Não surte agora."
Meu pai está me olhando também com um olhar do tipo "fala alguma coisa, garoto!"
Agora percebo que estou paralisado, sem reação nenhuma. Todos estavam me olhando e esperando por uma reação minha. Na verdade, por essa eu não esperava. Como Greg Foster foi capaz de fazer isso comigo?
- Ele não será meu irmão. - falo em seco.
- Claro que será. Ela pode não ser sua mãe de verdade mas, eu ainda sou teu pai e sempre serei. - ele fala acariciando sua barriga.
- Um brinde. - Beth levanta a taça.
Jogo o guardanapo sobre a mesa e olho para ambos. Pego o livro e saio dá cozinha indo para o meu quarto; bato a porta e deito em minha cama.
De repente, vejo meu pai furioso abrindo a porta. De novo não... - penso.
- Você poderia ter ao menos fingido estar feliz com a tal notícia. Beth está chorando e se acontecer alguma coisa... - o interrompo.
- Chega. Me deixe sozinho. - falo cobrindo a cabeça.
- Levanta! - ele ordena puxando a minha coberta.
Ouço seus berros mas não consigo me focar na conversa. Eu estava debilitado, meus pensamentos estavam me deixando louco e eu queria somente sair logo daquela casa.
- Willy, está me ouvindo? - ele fala entre dentes.
- Não se preocupe, semana que vem já não estarei mais aqui. - falo me levantando para ir ao banheiro. Fui impedido no ato quando ele me segura.
- Já conversamos sobre isso! - ele diz cuspindo as palavras.
Uma discussão começa; Beth e Elly escutam os gritos e logo aparecem no quarto. Elly fica ao meu lado dizendo que eu deveria seguir os meus sonhos.
- Você é a empregada. Não deveria estar se intrometendo. - Beth fala apontando o dedo na cara de Elly
- Ela é a empregada não; ela era. Está demitida.- meu pai fala.
- Vocês não deveriam serem pais. Olhem para ambos, acham mesmo que isso que fazem é certo? Me poupem disso. - Elly fala aos prantos.
- Eu amo o garoto como o meu filho, e eu só estou aqui por ele se não eu já estava fora faz muito tempo. Mas agora, estou livre de vocês. - nesse momento, Beth dá um tapa na cara dela.- PARA! - grito.
Elly foi mandada embora. Eu estava completamente fora de si.
Agora estou sozinho em meio a esses caos. Ela não podia ir embora.
- Lembre-se Willy, para o que precisar... - ela fala chorando.
Depois de um tempo, Elly coloca suas malas no carro de emergência do meu pai. Ele pediu para que o motorista a levasse para a casa de sua mãe.
Eu entendi perfeitamente o que ela quis dizer. Mas não iria falar com ela agora. Seria melhor assim, aliás, ela só esteve aqui por minha causa e já não fazia mais sentido ela ficar; semana que vem eu já estaria indo embora.
Depois dela ter ido, olho pela última vez para Beth e para o meu pai, pego minha chave para sair com o meu carro.
- Onde você pensa que vai? - meu pai pergunta indo atrás de mim. Não respondo, deixando ele ainda mais furioso.
- VOCÊ NÃO VAI SAIR! Esse carro foi um erro eu ter comprado para você. - ele fala segurando o meu braço.
Eu olho para a mão que insistia em me segurar, logo depois para o seu rosto.
- Comprou ele para me fazer desistir dos meus sonhos? Para tentar reparar os seus erros? Fique você sabendo que nada nesse mundo vai preencher o vazio que sinto aqui... - falo colocando a mão sobre o peito.
Saio de lá com o carro, percebo então que estava chovendo. Eu novamente estará sozinho.
Eu estava dirigindo sabe-se lá para onde, ouvindo uma música qualquer de fundo; chorando ao volante.
***
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Colecionador de Emoções
Mystery / Thriller"Se o destino parar para lhe trazer um aviso, escute-o. Não há como fugir; ele já está traçado." "Com um piscar de olhos, podemos perder grande parte de nossas vidas." "Cabe a mim ter as minhas escolhas e também me assegurar de minhas conse...