capítulo 26

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Levantei a cabeça para olhar o que estava acontecendo. De repente, o barulho que assolava minha mente de todas aquelas pessoas loucas presentes no jardim se calou.

- Olha que linda! - um homem apontava para o tronco de um árvore.

- Ninguém toca nela! - uma mulher  diz em meio a todas aquelas pessoas.

Fico curioso em saber o que era e então caminho até a pequena multidão que estava rodeando a árvore onde todos olhavam para cima.

- O que está acontecendo aqui? - pergunto para um homem um pouco distante observando tudo e todos.

- Olhe você mesmo. - ele aponta para o tronco da árvore.

Caminho mais perto de todos e entro em meio das pessoas e percebo então o que era que prendia o foco deles.

Uma borboleta.

- Linda, não? -  sorrio e digo para uma mulher ao meu lado.

- Linda, mas perigosa. - ela diz séria.

- Não... Não é nada perigosa; ela é completamente inofensiva. Ela é uma Junonia Coenia, muito rara de se    ver.  - digo para tentar convence-la. Antes de qualquer coisa, a borboleta sai voando e todos a sua volta saem correndo e gritando feitos loucos.

Que ironia.

Eu continuo parado no mesmo lugar, olhando ela sobrevoar tão serena sobre algumas flores que haviam no jardim.

Caminhei um pouco mais perto e estiquei o dedo em sua direção onde exatamente ela pousou.

- O que? Ele está louco! EI CAMARADA, FIQUE LONGE DELA. - Um homem grita para mim.


- Mal sabe eles o quão sei sobre cada espécie. - sussurro sorrindo enquanto observo a beleza daquela borboleta.

"As borboletas sempre sabem qual é o seu jardim"

"O que seria de vocês borboletas se as mudanças não fossem essenciais? - então sorri. - ainda seriam lagartas não é mesmo? jamais saberiam qual a sensação de liberdade que essas asas lhes dão."

Diante das frases, percebo o quão verdadeiras foram.

É como se todos nós fossemos borboletas, todos sabemos qual é o nosso jardim ou quem é o nosso jardim e, talvez, se não sabemos; um dia o destino fará questão de nos mostrar.

O que seria de nós se as mudanças não fossem essenciais? Ainda seríamos os mesmos fazendo sempre as mesmas coisas?  Seríamos um grão de areia em meio a uma praia toda? Jamais saberíamos qual a sensação de liberdade que essas mudanças nos causariam.

Precisamos ser a grande metamorfose ao invés de ser aquela velha lagarta com a mesma opinião de sempre.

***

- Acorda. - alguém insistia em me chacoalhar da cama.

Abro os olhos e vejo Milena abrindo todas as cortinas do quarto.

- Por favor, feche isso e me deixe dormir!

- Nada disso Willy. Seu pai está a caminho daqui então levante-se. Tome um banho e vamos para o refeitório se alimentar. Depois disso, vamos para o jardim esperar sua chegada. - ela caminha até a minha cama. - Ou se preferir... Podemos fazer tudo isso em seu quarto mesmo. Você quem escolhe.

   Colecionador de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora