Colecionador de Emoções

capítulo 5

             C͢aminho até uma árvore que fazia uma grande sombra no jardim de Brendon e me apoio de lado em seu tronco. Espero por ele.

           -Pai... - digo olhando diretamente em seus olhos enevoados enquanto ele se vira.

           -Willy? Não deveria estar no carro? - O sol mantivera o tempo todo em seu rosto.

           Um vento frio tomava conta do meu corpo, um arrepio passava em minhas espinhas, sentia um gosto forte de desejo; o Desejo dá verdade.

           Precisava saber de tudo, precisava entender oque estava acontecendo.

          Meu pai se aproxima em alguns passos curtos na minha direção. Ele coloca uma de suas mãos em frente ao rosto para poder enxergar melhor. O sol era escaldante, mas fazia frio; eu sentia frio ou, talvez, fosse o medo e nervosismo que sentira.

          -Precisamos conversar.-digo ainda de pé.

          -Você ouviu tudo não é?- ele desvia o olhar e se senta no chão, encostando no tronco dá árvore.

         -Ouvi. Deve-me explicações, não? - viro-me para ele e continuo olhando em seus olhos.

         A todo momento percebo que ele desvia o olhar. Por que ele não me olha nos olhos? Por que está fugindo de mim?

          As pessoas dificilmente se olham nos olhos. Por que será que elas temem tanto se olharem? Será medo de que todos hão de ver o quão monstros são de ego que carregam consigo?

         Será medo de verem os seus reflexos diante de si mesmas nos olhos alheios? Será medo de verem o quão ignóbeis são? Será vergonha?

           Ouvi dizer que os olhos são o espelho da alma e refletem tudo o que somos.

           Pelo olhar é possível ver quem está mentindo, quem é verdadeiro, quem vive a vida com honra e quem a desmerece.

           É no olhar que as almas afins se encontram pela primeira vez e é somente pelo olhar que irão reencontrar-se novamente quando assumirem novos corpos quando reencarnarem.

Eu acredito.

          Será medo que meu pai sente ? Será que ele sente o gosto amargo dá mentira ecoando dentro de sua garganta ou, o gosto doce de um grande mistério? Será que ele não pode ou não consegue ver seu reflexo diante do mesmo? Pois bem, que seja.

          - Willy, realmente preciso explicar muitas coisas. Sinto muito ter escondido de você isso a tanto tempo mas, foi para o seu bem e eu não vou mudar a minha palavra. - ele diz encostando a cabeça no tronco e olhando distante ao outro lado, talvez, olhando para o nada;pensando em tudo.

           -Por favor pai! Preciso saber! Me diga logo oque é que está acontecendo...

          -Filho...- meu pai bate suavemente no solo em um ato de querer que eu me sente ao seu lado.

          -É tanta coisa que não sei nem por onde começar...- ele prossegue.
Me sento.

          -Só comece.-digo.