capítulo 20

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...Willy...

Willy

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Estava chegando em casa e faltava poucas horas para amanhecer.

Encostei o carro perto dá porteira e retirei do porta-luvas um lenço laranja. Limpei o para-brisa todo embaçado pelo frio que havia feito nessa madrugada completamente insana.

Respirei fundo ao olhar pelo vidro que eu acabara de abrir. As luzes de casa estavam acesas.

Decido dormir no carro. Não queria entrar lá e começar mais uma discussão.

Fecho o vidro e tranco as portas. Ligo o ar quente e uma música baixa, me acomodo no banco e fico olhando o céu pela minha janela. A lua continuava iluminando a noite, era como se ela oferecesse sua luz para que pudéssemos caminhar na escuridão de nossas trajetórias, para que pudéssemos caminhar na escuridão de nossas vidas.

Encarei o vazio lá fora, o céu estava estrelado, era como se... não tivesse chovido toda aquela tempestade horas atrás, tudo mudou em um piscar de olhos.

Minha visão estava ficando fraca, eu via a lua em borrões. Acabei pegando no sono.

-Willy! - acordo assustado olhando para a janela do carro. Era meu pai batendo no vidro como se algo de muito ruim estivesse acontecido.

Sim, e aconteceu. Ele me acordou.

Passo a costa dá mão em meus olhos para dispersar o sono, eu ainda estava tentando dissolver as teias de informações enquanto meu pai não parava de gritar comigo. Eu estava em minha mais doce ilusão. Os meus sonhos eram doces comparados com a minha realidade. Eu não queria acordar, não queria voltar para a vida real, mas eu voltei e agora estou tentando organizar tudo enquanto desço do carro.

Mal consigo ouvi-lo, é como se tudo estivesse em borrões.

Sinto ele segurar e apertar meu braço com força, e só então paro para entender o que ele estava falando.

- Você acha que agora pode ir saindo, sem dar nenhuma explicação? Ainda tenho autoridade sobre você... - ele fala cuspindo as palavras.

- Isso, aham... Pronto? Posso falar agora? - o interrompo já cansado de ouvir. - Se for para ficar aqui, ouvindo vocês dois falarem de mim todas as noites que eu estou louco, que eu preciso ser internado, se for para ficar aqui e ouvir todos os dias e todas as noites que eu estou louco, se for para ficar aqui e sangrar com suas agressões tanto fisicamente quanto verbalmente; porque sim, eu sangro pai, sangro todas as vezes que você faz eu me sentir dessa maneira. Eu sangro por dentro, eu sangro e sinto o sangue quente escorrer pela minha garganta, sinto ele percorrer e queimar as minhas entranhas. Se for para ficar aqui e morrer aos poucos todos os dias e todas as noites, eu prefiro sair dá sua vida. - digo todas as palavras olhando em seus olhos que agora, estão como poças d'água que reflete qualquer coisa que possa absorver, e naquele momento, o seu olhar absorvia muitas coisas.

   Colecionador de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora