capítulo 23

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Willy

E o destino está de capuz; sentado em um canto escuro do quarto, me olhando. A angústia continua vestida de preto, também me fitando.

O inesperado estava prestes a acontecer, eu sentia.

***

Um feixe de luz saía de um buraco novo que havia aparecido no teto. A luz fazia com que meus olhos ficassem sensíveis.

- Droga! - digo enquanto cubro a cabeça com o edredom.

Após algum tempo, me levanto descalço e abro a janela; percebo que havia uma ambulância lá fora.

- Meu pai- penso.

Saio correndo do quarto apenas com a roupa moletom cinza de dormir. O barulho dos meus pés se chocando com o assoalho troa dentre os cantos da casa aparentemente vazia e fria. Um arrepio tomava conta do meu corpo, eu me sentia entregue a angústia que acabara tomando um grande espaço dentro de mim.

- PAI! - grito.

Perscruto por alguém na casa, mas estava vazia.

- PAI, BETH? - grito novamente. Nada.

Encosto na porta, olho para a ambulância e vejo um homem de branco no volante. Tudo me parecia impávido, mas os desígnios não me pareciam bons.

Caminho rapidamente trêmulo até a ele.

- Precisa de ajuda, senhor? O que aconteceu? - pergunto me apoiando na janela do carona da ambulância.

- Seus pais estão? - uma voz rouca saiu pela boca do homem.

- Não... não estão em casa. Eles devem ter ido em algum lugar. O que o trouxe até aqui? - pergunto um pouco mais aliviado.

- Willy Foster Parker? - ele fala olhando para uma ficha que estava em suas mãos.

- Sim, sou eu. - digo sem entender nada. De repente, algo me prende por trás. Eram três homens fortes vestidos de branco e um deles com uma injeção em mãos.

- O que ? Me soltem! - falo tentando me soltar.

Dois deles me seguram enquanto o outro aplica algo em minha veia.

- DROGA! - grito franzindo o cenho após a injeção ser aplicada. - o que é isso? - pergunto.

- Sedativo. Por favor senhor Parker, colabore que iremos colaborar também. - um deles responde.

- Eu quero o meu pai, cadê ele? O que está acontecendo aqui? - falo meio zonzo.

Olho em volta e tudo que consigo ver é o meu carro e o do meu pai, ele não havia saído. Eles estavam aqui, em algum lugar e tudo isso não passava de uma armação.

Paro o olhar sobre algo escrito em suas roupas brancas. "Clínica psiquiátrica- treatment of mental disorders"

Meus olhos pousam em todos os cantos a procura de câmeras, pois só poderia ser alguma pegadinha. Percebo então, que aquela cena não passava do desejo do meu pai e de Beth se realizando. Eles conseguiram.

- Foi um mal entendido, eu não estou louco! Por favor, me soltem! - falo enquanto percebo minha visão ficando cada vez mais turva.

Olho para frente e vejo dois vultos caminhando até a mim. Meus olhos piscavam cada vez mais e estava ficando difícil controlar. Eu sentia que iria apagar. Sentia que Beth e meu pai tinham um dedo nisso tudo que estava acontecendo; eu tinha certeza.

   Colecionador de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora