capítulo 2

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Entro em meu quarto, tranco a porta e ligo o som que está sobre meu criado mudo ao lado de um despertador e de um abajur. Isso me faz se sentir melhor quando estou com raiva.

A porta fica no meio do quarto de frente para o corredor; minha cama fica ao lado esquerdo do quarto, com um criado mudo e um tapete peludo ao chão. A janela também fica ao centro dá parede com cortina branca com a vista para algumas árvores e ao fundo, a floresta. Aos pés dá cama, na parede esquerda da porta há um armário onde guardo minhas roupas e algumas outras coisas. Há também um mancebo perto do armário. Ao lado direito dá porta, há uma mesa de computador com uma cadeira rotativa e na parede, prateleiras de madeira e couro. Isso mesmo, couro.

Quantas vezes você viu algo com dupla função que realmente funcionasse esteticamente? Como por exemplo, Calças com zíperes no joelho que viram bermudas ou sofás que também são camas e o infame sapatênis que também é um outro exemplo. O homem me parece sempre atraído pela funcionalidade e praticidade de todas as coisas.

Ao lado das prateleiras com troféus há uma estante ao centro dá quarta parede e ao lado direito da janela há uma mesinha de estudos com alguns livros. As paredes contém alguns quadros como fotografias dá minha mãe, do meu pai e a de Beth; os demais apenas paisagens.

Vejo à minha frente um vaso de flores em cima da mesa do computador, não penso duas vezes em pegar e jogar com força na porta do meu quarto. Agora, ele está em cacos, assim como eu.

Dou alguns passos para trás chorando com as mãos na cabeça hesitando sobre o que eu acabara de fazer. Me encosto na parede ao lado da janela ainda com a mão na cabeça, mas agora apertando meus cabelos negros a ponto de querer de alguma forma, conseguir controlar a dor que sentia por dentro.

Dou socos na parede até minha mão sangrar, começo a gritar. Certamente ninguém ouviria pois a música estava alta e antes mesmo de entrar no quarto, percebi que meu pai e Beth estavam indo para a garagem. Eles tinham saído.

-VAMOS, PARE COM ISSO, ESTÁ ME DEIXANDO LOUCO! E ESSA DOR QUE SINTO EM MEU PEITO, FAÇA PARAR! -Grito com seja lá quem for. Talvez, estivesse gritando comigo mesmo.

Volto a quebrar o que estivesse na minha frente. Joguei no chão todos os quadros dá parede exceto o dá minha mãe. Quebrei alguns troféus expostos de jogos escolares nas prateleiras em um canto do meu quarto. Havia uma mesinha onde eu costumava estudar e lá haviam alguns livros e decorações de porcelana. Tudo estava no chão em questão de segundos. Abri meu armário e joguei tudo o que encontrei pela frente. Joguei as roupas dos cabides no chão, joguei também um grande baú que eu guardava aos fundos do armário, atrás de um casaco de camurça. Decidi guarda-lo pois havia uma fechadura impossível de abrir e eu queria muito saber o que estava dentro.

O impacto foi tão grande que acabou rompendo a fechadura, saindo para fora algumas fotos e cartas junto com revistas e documentos.

Paro por um momento com a mão fechada contra o armário, com a respiração ofegante apoiando a cabeça no braço esticado. Vou até o criado mudo e desligo o som já que a música havia acabado. Observo as coisas quebradas e espalhadas no chão. Meus olhos param no baú. Agacho diante do mesmo e recolho tudo levando até a minha cama. Me deparo com cartas que minha mãe havia mandado para o meu pai e algumas fotos dos dois. Passo meu dedo indicador sobre o rosto dela e começo a chorar.

-A senhora era tão linda, mãe. Talvez, eu devesse morrer e não você. tenho nada a ganhar e muito menos a perder.- sussurrei.

   Colecionador de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora