capítulo 40

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Pulei da cama rapidamente, Milena estava me esperando na porta. Todos ainda estavam dormindo, vesti o uniforme de Max, guardei a chave no bolso e caminhei até o corredor.

- Ótimo! Está muito parecido com ele, ninguém irá notar. - Elisa diz caminhando em nossa direção.

- Olhando assim, até eu acreditaria. - Milena diz rindo.

- tudo bem, agora faça como combinamos. A caçamba que irá levar para a saída dos fundos é aquela ali. - Elisa diz apontando para o fim do corredor. - Empurre ela até o outro lado, assim pegue à direita e leve para a saída. Os seguranças devem estar lá, não esqueça de nada, Max. - ela sussurra o nome.

- Espere ali perto da caçamba mais uns dez minutos, quando ouvir o barulho dos portões sendo abertos pode levar. Esse será o sinal de que o caminhão chegou. - Elisa me abraça e logo em seguida Milena também. - boa sorte. - dizem em uníssono.

- Obrigada, devo muito a vocês. - digo tentando não chorar.

Milena se despede de mim, não a veria mais. Elisa me avisa que iria me buscar no ponto de ônibus na hora certa que marcamos, então não nos despedimos.

- A segunda parte do plano te explico depois, teremos mais tempo. Agora vá,  tenha calma e tudo vai dar certo. - Elisa diz apontando para frente.

Caminho até a caçamba e quando olho para trás, as duas haviam entrado para dentro, certamente voltariam ao trabalho.

Agora eu precisava me concentrar para não fazer nada errado.

Esperei por quinze minutos cansativos que pareciam que nunca iriam passar.

Ouvi o barulho dos portões sendo  abertos e então empurrei a caçamba até a saída dos fundos, abaixei o boné na altura dos olhos e segui calado. Passei pelos seguranças que estavam nos grandes portões. Eles não revistaram a caçamba como Elisa havia dito que fariam, meu coração disparou, mas mesmo assim continuei. Outras pessoas entraram para pegar as caçambas restantes e então um homem gritou. Por um instante achei que tudo iria dar errado.

- MAX! -  o homem alto grita olhando para mim. Fiquei paralisado e só então olhei para o meu crachá e lembrei sobre esse nome.

Droga!

Ao invés de falar, fiz sinal com a cabeça para ele dizer o que queria.  Ele se aproximou de mim e disse:

- Me ajude a revistar todas as caçambas e o caminhão, apresse!

Um alívio escorreu pelo meu sorriso discreto. Fiz o que ele ordenou e após todas as caçambas estarem dentro do caminhão, fomos encaminhados para a van da qual Elisa e Milena havia dito.

***

Desci da van e segui os outros com o mesmo uniforme para dentro do prédio. Seguimos  para uma sala onde havia vários armários. Segui até encontrar o armário de Max, retirei do bolso a chave e abri a pequena porta.

Dentro dele havia todas as coisas que Elisa e Milena me garantiram que teria. Peguei tudo e fui direto para o banheiro me trocar.

Havia um tênis confortável, moletom de frio e mais algumas peças de roupas. Dentro da mochila havia a carteira com dinheiro, um celular novo dentro de uma caixinha com fone e carregador e também meus documentos. Sorri ao perceber que tudo até então estava dando certo.

Vesti o moletom mais o tênis, estava fazendo muito frio. Coloquei o celular que aparentemente estava carregado  no bolso e a carteira com dinheiro. O resto das coisas coloquei tudo dentro da mochila.

Aproveitei que estava dentro do banheiro e fiz minhas necessidades.
Lavei as mãos e olhei o meu reflexo no espelho. - pensei :  você conseguiu, Willy. Você conseguiu! - sorri.

Coloquei a mochila na costa e segui  para fora do prédio.

Atravessei a rua e fiquei esperando onde combinei com Elisa. A tensão era tanta, que não estava mais aguentando esperar.

***

15 minutos depois.

- Willy! - ouço a voz de Elisa me chamar.

Ela me faz sinal e eu entro dentro do carro.

- Você demorou, já estava aflito. - digo colocando o cinto.

- Foram apenas 15 minutos! - ela ri. - deu tudo certo? Pegou tudo? - ela pergunta.

- Sim, está tudo aqui. Tenho algumas perguntas. - falo e Elisa ri concordando. - primeiro, por que um celular novo, dinheiro... Todas essas coisas? Para onde vou?

- comprei esse celular para você, tem alguns contatos aí que já vou te explicar. O dinheiro você vai usar no início quando estiver em Montreal, mas logo você já vai começar a trabalhar. - ela fala dirigindo.

- O QUE? - Grito sem perceber. - desculpa, o que? Como assim? Montreal? Eu vou para Montreal? Não acredito! - Solto uma gargalhada.

- Exatamente. Tenho um irmão que mora lá, o nome dele é Pedro. Ele tem uma pequena loja de  equipamentos para trilhas e montanhas. Junto com ele trabalha somente Louise, que é guia dos turistas. Pedro sabe de tudo e te aceitou na loja, assim que chegar lá se quiser já pode começar a trabalhar de vendedor. Esse dinheiro que lhe dei é para comprar algo que queira até lá e esse celular, é para ligar pra mim ou para Milena se preciso, caso algo dê errado. Aí também tem o contato de Pedro.

- Entendi, como faço para chegar em Montreal? - pergunto confuso.

- Pedro vai estar nos esperando em um restaurante aqui perto. Combinamos tudo, ele vai te levar de carro.

- Então ele já está aqui? Que ótimo, achei que ia ter que viajar sozinho. - Elisa ri.

- Sim, olha ele ali. - ela estaciona o carro e um homem de aparentemente Vinte e sete anos caminha na nossa direção.

Descemos do carro e Pedro abraça forte Elisa, como se nao tivessem se visto a anos. Ele me diz Olá, e aperta a minha mão.

- Bom, então é isso. Vou me despedir logo de você antes que eu comece a chorar. - Ela fala sorrindo com os olhos lacrimejantes.

Abraço Elisa forte e agradeço por tudo.

- Não sei nem como te retribuir por tudo que está fazendo a mim. - digo.

Pedro dá adeus a sua irmã e então atravessamos a rua, seguimos até o seu carro.

- Quer que eu compre algo para você ? São quarentena e seis  horas cansativas até Montreal. iremos parar daqui cinco horas para não perdemos tanto tempo. Está com seus documentos, tudo certinho? - ele pergunta.

- Quarenta e o que? Meu Deus

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- Quarenta e o que? Meu Deus... - digo rindo quando ouço ele dizer que passaríamos grande tempo na estrada. - se puder, queria um refrigerante e alguns biscoitos, seriam suficientes até a primeira parada. - falo ao retirar da carteira que Elisa me deu o dinheiro canadense. - ah, e sim... Está tudo comigo. Documentos, celular e algumas roupas.

- Ah, não... Não precisa me dar dinheiro, eu pago. A partir da terceira parada você paga, certo? - ele fala rindo.

- Certo. - digo e Pedro entra no estabelecimento.

***

Estávamos a caminho de Montreal, eu e Pedro conversamos sobre muitas coisas como por exemplo a namorada dele, o trabalho  que eu iria começar em breve, onde eu iria dormir...

Meu olho ia ficando cada vez mais pesado, quando me dei conta...

Adormeci.

   Colecionador de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora