capítulo 18

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               Eu estava dirigindo sem lugar para ir, queria apenas dirigir para longe de casa. Para longe de tudo que me fizesse enlouquecer aos poucos.

                A noite era solitária, era como se eu fosse o último que restara em todo o mundo. Era como se, cada vez mais, o vazio tomasse conta de mim.

               Pela primeira vez, eu não estava pensando em nada. Pela primeira vez, eu não ouvia nada. Pela primeira vez, apenas prestava a atenção lá fora, na bagunça que o temporal estava fazendo; na bagunça que talvez, restara para mim.

                   O chão estava com pedaços de gravetos e folhas espalhadas, tudo estava bagunçado; lugar perfeito para mim já que eu estava mais bagunçado do que tudo lá fora.

                    Decido parar com o carro em meio a escuridão apenas com a luz de um luar. Mesmo com o temporal, era possível observar o céu. Encosto ao lado de algumas árvores e fico no carro olhando para a lua; a chuva ainda não havia cessado.

                    Ainda havia um último pulsar de esperanças que a minha vida pudesse  começar a fazer sentido. Um último pulsar de que talvez, um dia, tudo fosse exatamente como eu desejei que fosse. Mas, o que eu desejei até então? Eu sonho repetidamente com uma mulher que me atormenta desde então; eu acreditei que era possível, acreditei com todas as minhas forças a ponto de aturar as pessoas me lembrando todos os dias de que eu era um louco. Estou apaixonado pela minha namorada, mas o que todos não sabem é que eu ainda sonho com Dry. Eu ainda penso nela. Eu... Eu ainda sinto vontade de entender o por que ela insiste em fazer isso com o meu psiquê. Eu queria uma vida normal, com pessoas normais; mas acabo de perceber que eu não sou normal.

                    Ela seria real? Essas minhas visões seriam reais? Se a verdade  está próxima,  eu estaria pronto para saber dá verdade? Pois bem;  nada é pior do que eu estou passando e sentindo.

                    Uma dor corrói o meu peito. Tudo começou quando eu perdi a minha mãe, ela se foi me deixando sozinho nesse caos.

                      Eu queria apenas alguém que estivesse ao meu lado me apoiando e me amando como eu realmente preciso. Katy era a única pessoa que realmente se importou comigo, a única que esteve todo esse tempo ao meu lado, a única que entende um pouco do meu devaneio; talvez, sejamos iguais em ambas partes.

                     Frank Rugson era o meu melhor amigo, mas simplesmente ele acabou se afastando de mim sem motivo nenhum. A gente dificilmente se falava.

                 Eu precisava de alguém ao meu lado. Eu tinha alguém ao meu lado. Por que eu não estava feliz? Por que eu ainda penso em outra garota que nem sei se existe? Por que isso está acontecendo comigo? São tantas perguntas...

                Tudo que eu preciso está em Katy, e eu simplesmente não estou conseguindo controlar os meus pensamentos. Eu deveria pensar somente nela, deveria amar somente ela, mas será que eu a amo o suficiente para deixa-la ir? Por que era exatamente o que iria acontecer se eu continuasse com isso.

                    Eu não queria perder Katy. Eu não queria perder a única pessoa que esteve ao meu lado. Mas eu não sei o que está acontecendo comigo, estou completamente fora de si. Uma hora estou bem mas em outros momentos algo em mim consiste em estragar com tudo, eu perco a cabeça e surto. É como se existissem dois Eu em uma pessoa só. O eu bom, que entende e ama a todos e o eu ruim, que perde a cabeça, que comete loucuras e que tem pensamentos cruelmente estranhos.

                  Quem sou eu? Quem são eles? Por que tudo é complicado quando tudo deveria ser simples?

                  O que eu sou nesse exato momento? O que eu me tornei?

   Colecionador de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora