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    Liv relutou em virar-se e encarar o viking de frente por alguns segundos. Sabia que era ele porque não conhecia outra pessoa tão alta e de uma presença tão marcante quanto Rollo. Ela precisou cerrar os punhos e girar o corpo lentamente, cautelosa em seus movimentos. Rollo estava muito perto, e se não fosse tão mais alto que a inglesa, seus narizes teriam se tocado quando ela se virou.

 Lívia deu um passo para trás e bateu na porta atrás de si. Não tinha conseguido se afastar mais de três centímetros dele, então foi um esforço em vão. O semblante de Rollo era diferente de tudo que ela já vira antes. Não exibia desgosto ou raiva, pelo menos não da maneira que a inglesa estava acostumada a ver no rosto dele. Era como estar de frente para uma pessoa completamente diferente do homem que ela tinha conversado algumas horas atrás.

- É verdade? – a voz, no entanto, ainda era a dele. Talvez Cellíope tinha razão em compará-lo a uma besta-fera. Liv não conseguia pensar em outra coisa enquanto Rollo a mantinha encurralada contra a porta, observando-a de cima.

 Liv pigarreou.

 - Você não entenderia...

O punho fechado de Rollo acertou a porta de madeira a alguns poucos centímetros do rosto de Lívia, calando-a. Ela não se encolheu, apesar de seu coração ter gelado e acreditado por meio segundo que ele iria acertá-la. Ela sufocou esse receio rapidamente, mas sabia que aquele momento voltaria mais tarde para assombrá-la. Trincou o maxilar, controlando a vontade de gritar com Rollo, perguntar que merda ele achava que estava fazendo. Se o seu objetivo era assustá-la, aquela atitude estava surtindo o efeito contrário: ela só conseguia sentir frustração.


Liv fechou os olhos e suspirou fundo. 

- Está além da sua compreensão, Rollo.

 - Consegue me entender quando falo com você nesse idioma? – ele perguntou em nórdico antigo, a voz uma mistura de murmúrio com grunhido que saiu arranhando sua garganta.

Liv foi capaz de compreendê-lo perfeitamente, e perguntou-se como o seu segredo tinha chegado até os ouvidos de Rollo. Sua aposta iria para Erik, é claro. Se aquele era o plano do Conde de para matá-la, estava dando certo. Rollo parecia furioso o suficiente para fazer isso por Erik.

E, ainda assim, talvez por estupidez da sua parte, Liv não se sentia compelida a fugir dele. A irritava o fato dele agir daquela forma, mas não a intimidava. O que ia claramente contra todos os instintos humanos normais: qualquer um que estivesse frente a frente com Rollo reconheceria nele uma pessoa perigosa.

Imortais - O segredo dos deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora