Rollo a observou de longe com um sorriso rasteiro nos lábios, escondido para ela não o visse espionando.Liv estava pendurada na cerca de madeira que delimitava o círculo de lama dos porcos, enquanto jogava uma ou outra cenoura na direção deles.
Ela conversava baixinho, segredando os deuses sabiam lá o que aos suínos. Parecia divertir-se, distraída, com a companhia dos porcos. Na verdade, Rollo notou que ela parecia feliz, também. Verdadeiramente em paz.
Talvez fosse a primeira vez que ele a via daquele jeito: Despreocupada, bochechas coradas e saudáveis, com um sorriso fácil nos lábios e os ombros leves, cheios de tranquilidade.
Tanto tempo passou perguntando a si mesmo como deveria ser a Lívia Fitzgerald que ela fora antes, quando se sentia em casa, quando não estava em perigo, sem deuses por perto, sem ameaças ou a preocupação constante de que precisava fugir para sobreviver...
Rollo passara tanto tempo imaginando se ela poderia se ver satisfeita com a vida simples que ele tinha a oferecer, se poderia fazê-la feliz naquele mundo que era tão diferente de onde ela viera.
E, naquele momento, enquanto assistia sua futura esposa tagarelar com os animais, ele criou esperanças de um futuro bom para os dois. Especialmente agora, que tudo pelo qual eles passaram tinha acabado.
Fazia exatamente uma semana que estavam de volta à Skiringuissal. E desde então estiveram bastante ocupados a fazer com que a cidade voltasse à sua antiga rotina e recuperasse o tempo perdido.
Rollo passava a maior parte do tempo com os pescadores, ajudando a construir barcos novos e serrando madeira para as barracas da feira.
Já Liv comprometia suas manhãs e tardes com a responsabilidade de cuidar das meninas e ajudar Anneke no que ela precisasse — aparentemente, passava muito tempo conversando com os porcos da casa também.
Devagar, as coisas estavam começando a voltar ao normal. Alguns problemas ainda precisavam ser resolvidos na colônia que Brynja instaurara na Britânia, para onde Daven já tinha partido com seus homens a fim de fazer uma nova proposta ao Rei da Northumbria.
Ele iria se converter ao cristianismo.
Mas a ideia fora sua. Daven decidiu que estava disposto a esse sacrifício para manter a terra e o povo que Brynja lutou tanto para protejer. Mas prometeu que não deixaria os velhos costumes do seu povo morrer e faria de tudo para manter a tradição viking viva entre eles.
O mais importante era que os nortenhos que migraram para aquelas terras férteis tivessem uma vida boa e um pouco menos dura.
Especialmente no inverno, a Noruega se tornava um lugar difícil de se sobreviver. A terra se tornava gelada e infértil, os animais desapareciam e os rios congelavam.
A neve, no entanto, ainda não tinha dado suas caras por Skinguissal, mas o frio já estava castigando as plantações e fazendo tudo morrer.
Anneke, como nova Condessa, estava tratando de ajudar a todos e gerenciar que os mais necessitados tivessem o que comer, um lugar quente para dormir e se acolher.
Além disso, era ela quem todos procuravam quando precisavam de ajuda médica. A menina não tinha um minuto de descanso mas parecia feliz com toda a responsabilidade.
A cidade estava melhorando, mas ainda precisava de fundos para se reerguer. Se eles decidissem seguir os planos de Brynja, o inverno era quando ela tinha planejado sair em novas excursões para pilhar ouro.
Mas a falecida Condessa não estava mais ali e muito tinha mudado.
Os homens da cidade estavam ocupados tentando reergue-la para sair em uma viagem tão longa, e Rollo não pretendia ir a lugar algum enquanto aquela inglesa que gostava de conversar com porcos dividisse a cama com ele todas as noites.
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Imortais - O segredo dos deuses
FantasyPLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou uso do conteúdo desse livro. Tentativas de plágio serão denunciadas, como já foram antes. ❝ A tragédia e a morte são duas amigas que andam j...