Talvez fosse alguma vibração no ar, ou um sentimento dentro dele que o dizia que uma guerra estava por vir. Rollo podia sentir isso, como uma certeza impregnada sobre a pele, inerente à sua carne.
Depois das batalhas que presenciou nas ilhas britânicas, e do tempo em que foi refém dos ingleses, alguma coisa mudou dentro dele. Se antes era um garoto imprudente, agora ele era um guerreiro experiente que agia à sangue frio. Por isso, sua experiência o dizia que um embate se aproximava, e poderia muito bem ter começado na noite passada, se Brynja tivesse ferido gravemente o sobrinho da rainha.
Por sorte, ele conseguiu convencer a amiga a não tomar aquela atitude. Enquanto guiava Liv pela floresta de volta para casa, ele repetia aquele momento em sua cabeça: O salão em silêncio, homens armados, a tensão que fazia do ar pesado e rarefeito. Sua melhor amiga, no auge da revolta, tentando não dilacerar Erik naquele exato instante.
A rainha Ebbe, com seus olhos de gato, observando de longe com uma calma inabalável. Em dado momento, enquanto Rollo se aproximava de Brynja, para lentamente tirar a espada de suas mãos, ele teve a certeza de que a atenção da rainha estava sobre ele.
- Isso, me entregue a espada – sussurrou para a amiga, que tremia de frustração. Brynja engoliu em seco e balançou a cabeça, inconformada:
- Não posso deixar que ele passe por isso impune.
- Ele não vai – Rollo prometeu a ela, e a certeza na voz dele fez Erik se contorcer em um pouco de medo, querendo se afastar o máximo possível daquele dois. Ele respirou fundo e aliviado quando Rollo conseguiu fazer Brynja se afastar.
- Obrigada – a guerreira deixou a palavra escapar em um fiapo de voz, mas não era medo que a deixava tão fragilizada, era a raiva, e Rollo sabia disso.
O viking levantou o olhar, encarando a rainha de volta de uma maneira séria, e ganhou um sorriso dela, os olhos brilhando com um interesse palpável. A esposa do rei era uma mulher jovem e muito bonita, e, na concepção de Rollo, perigosa, extremamente perigosa, muito mais letal que o seu marido, um detalhe do qual poucos tinham conhecimento.
Prova disso era a presença dela ali no salão como uma representante do rei. A vontade de permanecer no salão era dela, mas a rainha aprendeu a ser esperta o suficiente com as palavras para plantar a ideia na cabeça do marido e assim fazê-lo pensar que era uma vontade dele em primeiro lugar, e que sua esposa só cumpria ordens. Ebbe podia enganar a muitos, mas não enganava a Rollo, e ela também sabia disso, pelo olhar ambíguo em seus olhos felinos.
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Imortais - O segredo dos deuses
FantasyPLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou uso do conteúdo desse livro. Tentativas de plágio serão denunciadas, como já foram antes. ❝ A tragédia e a morte são duas amigas que andam j...