(31), parte II

1.9K 203 178
                                    



🚨O capítulo  tem uma parte III (mais detalhes no final. Boa leitura s2)🚨

             A fuligem demorou quase uma semana para dispersar-se por inteiro. Era como se a sujeira negra estivesse impregnada em cada canto da cidade, como se até as ruas estivessem de luto.

Depois da morte da Condessa, tudo ficou escuro e cinzento, sem vida, sem significado.

Muitas das casas e boa parte da feira de Skiringuissal tinham sido consumida pelo fogo, restando apenas cinzas e deixando várias famílias desabrigadas, sem contar os feridos — que, graças aos deuses, tinham sido poucos, já que a maioria das pessoas estavam na praia, assistindo à luta.

Ninguém sabia realmente como o incêndio tinha começado. Sabiam o porquê e a mando de quem — Erik, O Vermelho, ou O Desgraçado, como também era conhecido agora.

Nenhum cidadão de Skiringuissal conseguia acreditar na história dos Dez Traidores, como tinham sido convencidos com promessas de falsas riquezas e vida próspera. Homens que escolheram manchar a própria honra e trair uma Condessa como Brynja.

Nenhum cidadão conseguiu perdoá-los, tampouco, e por isso empenharam-se em caçá-los. Talvez precisassem dessa vingança, porque não os restava nada mais a fazer.

Não os restava mais nada. Ponto.

A cidade estava parada no tempo, abandonada à própria sorte, repleta de pessoas incrédulas quanto ao assassinato desleal de uma mulher brilhante. Era difícil de acreditar, era difícil querer acreditar nessa tragédia.

Nenhum dos Dez Traidores conseguiu escapar. Foram caçados um a um, e agora, uma semana depois, o último deles fora finalmente encontrado e estava recebendo sua sentença.

Aquela parte destruída da feira tinha se tornado o local onde os julgamentos e as execuções aconteciam.

O chão de pedra estava lavado pela lama escura e destroços dos mais variados tipos do incêndio, desde ripas de madeira estragada até potes e vasos de metal derretidos.

Um pedaço grosso de madeira fora içado no centro, como um poste. Amarrado pelas mãos a esse pelourinho improvisado, se encontrava o traidor, inteiramente sujo e machucado, de joelhos e pés esfolados, caído no chão enquanto tremia incontrolavelmente.

O mais curioso sobre o homem era que ele não tentava implorar por perdão nem pedia clemência. Deveria conhecer muito bem aquelas pessoas para saber que isso seria inconcebível, e o seu destino já estava selado com a morte.

Acima de tudo, o traidor sentia arrependimento, mas agora era tarde de mais para voltar atrás. Tinha acreditado nas mentiras de Erik, e fora abandonado à própria sorte quando o homem fugiu.

Ele merecia morrer.

Um dos guerreiros da Condessa ditou algumas palavras severas em nórdico, explicando o porquê aquele homem teria de ser executado.

Em teoria, ele não precisava fazer isso, já que o Conselho fora assassinado e não havia ninguém para regulamentar o que estava acontecendo, não havia mais regras.

No entanto, em respeito à memória de Brynja, e pelo bem da cidade, eles seguiam os trejeitos perfeitamente.

Não que alguém se importasse, porque naquele exato momento, tudo que os cidadãos queriam era vingança.

Lívia Fitzgerald observava o traidor ser morto a uma distância segura, escondida nas sombras.

Ela não sabia exatamente o porquê estava ali, já que não lhe dava nenhum prazer ver aquele homem ser morto. Virou o rosto quando lhe cortaram a cabeça, sentindo-se nauseada.

Imortais - O segredo dos deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora