Capitulo um

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A chuva aos poucos se mistura com as lágrimas salgadas que escorrem em meu rosto, meu vestido rendado preto já está inteiro molhado, mas eu me recuso a ficar embaixo dos guarda-chuvas com o resto das pessoas.

Sinto a dor crescer, minha cabeça pesa, meus olhos estão vermelhos e meus traços faciais inchados de tanto chorar. Estou paralisada olhando para o caixão sendo posto abaixo da terra. O padre termina sua fala e as pessoas jogam flores e aos poucos passam para me abraçar mas eu não me mexo. Não sou capaz de receber os olhares de pena.

Ao fundo apenas o som da chuva abafando os choramingos de amigos e familiares. Eu ando em direção ao túmulo e sinto todos os olhares em cima de mim. Meu salto se enterra no barro do cemitério, mas eu não me importo. "Um passo à frente do outro Eliza, um à frente do outro."Repito para mim mesma para não agir errado. Me abaixo perto, beijo a tulipa branca em minha mão, sua flor preferida. Lanço-a e com ela se vai toda a minha esperança de que ele retorne.

Reposiciono os óculos escuro em meu rosto inchado, solto um suspiro e me viro, observo cada pessoa ali presente. Não digo nada e saio por entre todos.

Me afasto dali o mais rápido que posso e logo começo a correr. Correndo acabo caindo e me espatifando toda no barro, ainda sentia a chuva grossa em cima do meu corpo agora sem forças no chão.

— Aaaaaaaaaaaaaaaaa— grito com toda minha força e começo a socar o lamacento chão abaixo de mim.

Não demora percebo todos os olhares pousados em mim como quem tem pena. Não aguentei isso, a pena, a dor, ele era tudo pra mim. Eles sabiam disso.

— Vamos, querida.— a minha mãe surgiu para me ajudar e tentou me levantar mas eu neguei sua ajuda e permaneci no chão.— Venha, por favor!— ela tenta novamente e dessa vez eu aceito.

Minha mãe me conduz até o nosso carro que por sinal estava bem longe da entrada do cemitério. Entramos no carro e ela dá partida sem dizer nenhuma palavra durante todo o percurso.

Chego em casa e vejo meu irmão, meu pai e amigos no sofá. Subo as escadas correndo para ninguém falar comigo e escuto as vozes me cumprimentando ao longe. Entro no meu quarto e tranco a porta. E fico apenas ali parada na frente da porta fitando o assoalho do comôdo vazio. Já não tenho mais lágrimas para derramar, nem forças para sofrer. Sigo em direção ao banheiro, preciso de um banho relaxante.

Arranco as roupas molhadas e as jogo no canto do banheiro, entro embaixo da água e deixo que ela me toque suavemente. Meus músculos relaxam ao sentir a água quente bater delicadamente. Tomo um banho demorado. Saio e vou até meu armário, visto uma calça de moletom preta, uma blusa soltinha preta e branca e um casaco qualquer, preto também.

Me sento na cama e pego meu celular. Ponho fones, ligo em um jazz suave. Entro nas redes sociais mas quando vejo todos os posts sobre o luto, não sou capaz de olhar. Saio rapidamente e fico a ler um livro, até que sinto meus olhos pesarem e adormeço.

Flashback on

— Mais perto, vamos mais perto!— diz minha mãe enquanto faz gestos com a mão para que eu e Dylan nos juntemos para a foto.

— Já está bom mãe! A senhora já tirou umas 10 fotos.— (fotos na multimidia) eu reclamo e vejo Dylan rindo. Lhe dou um tapa e ele ri mais disfarçadamente.

— Está bem, poder ir. Vá com Deus Eliza!— minha mãe acena, e eu retribuo de longe já entrando no carro do Dylan.

Nós vamos acampar já que hoje é meu aniversario de 16 anos. Pegamos apenas mochilas e fomos rumo a um fim de semana incrível.

— Pegou tudo, Judie?—nesse momento senti seus olhos percorrerem todos os pontos do meu rosto. Dy me chama assim desde que nos conhecemos. É um apelido carinhoso.

— Sim! To super animada e você?— como resposta ele dá um largo sorriso e arranca com seu Jeep. Eu sorrio também e vou observando ele dirigir, perfeito.

Flashback off

Acordo e desço para a cozinha. Percebo que minha mãe faz o jantar então me sento no sofá e quando May, minha irmã mais velha, se senta ao meu lado, me deito pondo a cabeça em seu colo. A mesma dá uma risadinha e começa a fazer cafuné em meus cabelos. Ficamos ali até minha mãe chamar todos para o jantar.

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Oiee, pessoal! Eu espero que gostem da história da Eliza. Esse livro novo está sendo escrito com muito amor!!
Comentem, votem nos capítulos, participem, eu adoro quando vocês fazem isso! ;)

Para quem quiser tem também meu outro livro! Escritura do Destino.

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora