Capitulo dez

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O Silêncio já se instalava a alguns minutos e já começa a ficar insuportável então decido quebra- lo.

— Você se parece muito com ele.— digo ainda fitando o chão.

— Ele quem?

— Dylan.— as lágrimas vão surgindo.

— Dylan. Hmm...

— Ele era meu melhor amigo.— junto as minhas coisas e seco algumas lágrimas com rapidez.

— Era?

— Era.— me levanto com medo de mais perguntas e vou andando o mais rápido que posso em direção à saída.

— Por que era e não é mais?— ele segura meu braço me fazendo interromper o percurso.

Eu olho em seus olhos e não sou capaz de me mexer e nem falar, apesar de querer meu corpo não responde aos impulsos do meu cérebro.

— Ele morreu.

Me recupero e consigo falar. Logo depois saio correndo e os soluços vindo, ele fica para trás parado sem saber o que fazer.

Quando já não estou mais na vista de ninguém, dentro do meu quarto me escoro na porta e começo a chorar, chorar descontroladamente. As emoções de hoje foram muito fortes. Reviver tudo, a tragédia, o acidente e as perguntas. Eu não estou preparada pra isso.
❄️

Eu me levanto no dia seguinte com os olhos inchados e vermelhos. Me sento na cama e fico parada entre as cobertas somente observando os moveis do meu quarto. As cores vibrantes contrastando com as cores pálidas da madeira. Correndo os olhos irritados vejo o diário em cima da minha escrivaninha.

Flashback on

É um dia límpido e bonito lá fora, as nuvens tímidas tentam equilibrar os raios solares. Eu observo tudo da janela do quarto do Dylan, ele ainda dorme. Então me sento no parapeito da janela e alterno meu olhar para o céu azul e o cabelo bagunçado dele na cama.

—Bom dia!—digo dando um sorriso enquanto ele abre devagar os olhos.

— Bom dia...— ele diz meio grogue e abre um sorriso vigoroso.

Seus olhos subitamente fechados e o cabelo refletindo a luz dourada do sol é essa imagem que eu vejo do meu Dylan. Ele revira na cama e faz um sinal para que eu me sente perto dele e eu sigo seu pedido.

Me sento ao seu lado na ponta da cama e acaricio seu rosto e a barba feita perfeitamente.

— O que estava pensando, sentada lá na janela?

— Que está um dia maravilhoso lá fora e eu sinto o calor do sol aqui dentro.

— Hmm... um pensamento muito bonito, mas sabe o que eu estou pensando agora?— ele pega na minha mão e da um beijo singelo.

— Você está pensando que nós devemos nos trocar e sair para andar de bicicleta. Acertei?

— Quase.— ele puxa meu braço e me joga na cama o que me faz rir e a ele também.

— Mas admita que a ideia não é ruim.— faço uma cara de quem já está convencido.

— Na verdade até que é uma boa.

— Então vamos logo!— ele ri e eu saio pulando para o banheiro.

Flashback off

Tiro as cobertas de cima de mim e levanto da cama, vou direto para a janela e o dia não parece favorecer. A neve cai sem demandas e prende os carros na rua. Ah, só agora eu reconheço que daria tudo para voltar à aquele dia ensolarado com ele e duas bicicletas.

Decido não ficar em casa hoje. Vou ao banheiro faço minhas higienes e me visto com uma calça de couro vermelha, uma blusa de manga comprida preta com alguns detalhes brancos nas pontas, uma bota de couro cano médio, um sobretudo branco com os botões grandes e pretos. Além disso coloco uma touca vermelha e luvas pretas.

Abro a porta de casa e o vento gélido atinge minha pele. Já posso ver algumas crianças comemorando o primeiro dia de neve do inverno. Os irmãos brincam em seus quintais e as senhoras que antes ficavam a cuidar de suas flores agora se limitam a olhar o movimento externo das janelas de suas respectivas casas.

Vou caminhando pelas ruas e vendo as pessoas, o movimento dos carros e o entra e sai das mercearias. Passo por praças e vejo casais jovens a brincar com a neve e famílias a tomar chocolate quente em alguns cafés em volta.

Parece que o inverno chegou em boa hora para muitos e em péssima para outros. Nas copas das árvores a neve se acumula aos poucos e as vezes cai na cabeça de algum desavisado. Eu chego em um parque e entro. A grama antes verde e vívida agora escondida por trás do branco pálido do gelo.

Vejo ao longe um balanço livre e corro até ele e me sinto uma criança. Limpo a neve que ali está e me sento. Fecho os olhos e vou balançando. O ar me faz sentir leve e assim cortando o vento gelado eu me esqueço do mundo a minha volta. Com os olhos fechados imagino minha irmã me empurrando e no balanço ao meu lado Dylan compete comigo quem vai mais alto.

Ingenuamente dou risadas e como se escutasse a voz da minha mãe nos chamando para lanchar uma ponta de alegria se abre em meu coração e eu abro os olhos para enxerga-la com clareza e minhas esperanças se vão junto com a imagem criada na minha cabeça. Estou sozinha novamente e uma lágrima escorre no meu rosto.

Enxugo-a e meu celular toca. Procuro ele em meus bolsos e quando acho leio o visor," número desconhecido" ,me recomponho e atendo.

— Alô?

Oi, lembra de mim?— a voz masculina meio metálica e rouca, impossível de esquecer, se pronuncia.

— Sim, mas... como conseguiu meu número?

Importa?— ele diz sarcástico.

— Não me disse seu nome ainda?

Edward, você?

— Eliza, mas pode me chamar de Liza.

Certo, Liza. Então você está ocupada agora?

— Pra você sim.

Ah, Liza não faça eu me arrepender de ter ligado e venha tomar um chocolate quente comigo no Iglee's Coffe.

— Não, obrigada.

— Daqui a 20 mim te espero lá. Você sabe o caminho?

— Sei, mas...

Ótimo, te vejo lá!— ele diz me interrompendo.

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora