Capitulo onze

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Apesar de ele ter sido um abusado eu não queria voltar para casa então decidi vir e aqui estou eu, na frente do café olhando para o letreiro. Respiro fundo e entro. O barulho da porta vem acompanhado de um calor bem vindo e um cheiro de pães quentinhos e café fresco.

Procuro por ele e o encontro em uma mesa no fundo. Ponho meu casaco em um apoio na entrada e vou em direção à mesa. Paro ao seu lado e ele vê meu pequeno reflexo no vidro e se vira.

— Você veio.— ele diz sem querer parecer esperançoso mas sendo traído pelo olhar.

— Sim, aqui estou eu.— faço um gesto com a mão e ele ri.

— Senta, eu tomei a liberdade de já pedir o seu também. Chocolate quente com marshmelloow derretido.

— Como sabia que eu vinha?— digo o desafiando a falar algo que estava pendendo no ar.

— Eu não sabia, eu só imaginei que viria e você está aqui.— ele apontou para mim e sorriu.

A garçonete chega com os pedidos, ela põe sobre a mesa duas canecas grandes e eu sinto o bafo quente sendo exalado de dentro delas. Nós agradecemos e continuamos a conversa.

— Como conseguiu meu número?— pergunto bebericando o chocolate.

— Aquele dia no cemitério você deixou cair da sua bolsa uma ficha de inscrição, eu peguei e liguei.

— Podia não ser meu número.

— Podia. Sorte a minha que não estava errado.— ele me olha analisando cada ponto do meu rosto e eu desvio o olhar para fora do vidro.

Nós ficamos conversando por horas e depois de um bom tempo eu ri bastante e consegui esquecer por um tempo de todos os problemas. Quem diria, o garoto que me perseguiu no cemitério agora me faz rir em um café.

Ele paga a conta já que se recusou a me deixar ajudar e se oferece para me levar em casa, eu prontamente aceito apesar de o caminho não ser longo.

Vamos andando e conversando por entre as calçadas brancas. E quando estamos quase chegando em casa decido me despedir.

— Hoje eu me diverti bastante. Obrigada pelo chocolate e pelas conversas.— abraço meu corpo para conter um pouco do frio.

— Quando quiser. E se precisar de alguma coisa já tem meu número, só ligar.— ele da um sorriso e pega minha mão da um beijo e eu rio.

— Tchau, esquisito.

— Tchau, garota do diário.

Eu entro em casa rindo igual uma boba e tiro meu casaco pesado e quando me viro para vê-lo ir embora pela janela levo um susto.

— Bonito ele.

— Ai, pai! Que susto, você não pode fazer isso com as pessoas. Elas podem ter um ataque do coração sabia.

— Hmm... parece que o humor da minha menina voltou.

— Para com isso pai!—digo tirando a touca e jogando no sofá.

— Ele parece ser um bom rapaz.— ele diz com as mãos no bolso enquanto olha para mim parado no meio da sala.

— E é.—falo em um tom feliz e suspirando.— Ele é só meu amigo.

— Hmm... sei.

— É verdade pai.— digo subindo os primeiros degraus da escada.

— Eu sei.— escuto sua risada de longe e rio também.

Vou até meu quarto, paro em frente a porta e decido ir para a porta ao lado. O quarto da minha irmã. Bato na porta e ela permite minha entrada. Entro no cômodo de paredes coloridas e móveis simpáticos e me deparo com minha irmã mexendo em umas fotografias em cima da cama. Me sento ao seu lado e observo calada junto com ela.

— Você se lembra desse dia?— ela me mostra a foto velha e eu sorrio.

— Claro que sim! A primeira vez em que eu fui na praia. Foi meio asqueroso toda essa areia, mas foi incrível.— nós duas rimos.

— Tá precisando de alguma coisa? Colo de mana mais velha?— ela faz insinuação de um abraço e eu aceito me jogando em cima da fotos mesmo.

— Liza! As fotos!— ela finge se irritar e eu rio outra vez. Ela põe a caixa em baixo da cama e se vira pra mim de novo.— Que foi, heim?! É aquele bonitão do café...

— Ah não mana você também não!— dou uma risada e escondi meu rosto nas mãos e ela ri debochando de mim.— ele é só meu amigo, mas...é sobre ele sim.

— Vai conta!— ela sorri ansiosa.

— Bom...

Eu conto tudo a minha irmã que faz diversas caretas. Nós rimos muito e ela me dá conselhos mesmo eu não pedindo. E é muito bom ver a cor rosada do seu rosto novamente.

— E o que você vai fazer com o diário?— ela me pergunta do outro lado da cama.

— Eu ainda não sei.— faço uma pausa e desvio o assunto.— tive uma ideia!

— Estou ouvindo.

— Vamos fazer pipoca com chocolate!— os olhos cor de mel da minha irmã saltam da órbita e eu vejo seu sorriso maroto surgir.

— Quem chegar por último lava a louça!— ela diz e se levanta rapidamente e sai correndo e eu não fico atrás

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora