Capitulo vinte e nove

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Eliza narrando

O mundo está em câmera lenta e os policiais entram correndo no quarto arrancando me dos braços de Edward e novamente eu me senti exposta ao mundo e vulnerável demais.

Ouvi gritos e eles olharam para mim e para Edward perguntando quem era ele e por que tinha sangue também. Eu apenas neguei com a cabeça. Não poderia permitir que o levassem também, não poderia arrastar mais um para o fundo do poço comigo.

Essa noite vai estar na minha cabeça pra sempre, a noite em que eu acabei com a única chance de felicidade que eu tinha. Matei o amor da minha vida com minhas próprias mãos. Ah, Dylan!
Seu toque, seu cheiro, sua voz macia. Seus beijos que me tiram o ar mas que pra mim não foram o suficiente.

Os policiais me algemam com brutalidade e me empurrando para fora dali. Saio da boate e muitas pessoas olham com horror e nojo. A luz do sol faz meus olhos arderem e minha pele queimar. Sou posta no carro e quase desmaio com o balanço do caminho.

Meu estômago está embrulhado, meus olhos pesam e minha pele arde. Sinto o sangue grudado na minha pele por baixo do vestido manchado.

Sou tirada dos meus devaneios pelo delegado.

— Por que você matou seu amante?— ele me olha com naturalidade.

— E-ele não é...não era meu amante.— falo cabisbaixa procurando um refúgio.— Era meu melhor amigo.— falo suspirando ainda chocada.

— Então não quero ser seu inimigo.— todos na sala riem mas param quando recebem meu olhar.

— Eu confesso o crime, matei ele. EU sozinha matei Dylan Cross naquele quarto.— falo firme na intenção de acreditar em tudo que esta acontecendo.

— Ré confessa. Bom, Eliza me conte exatamente o que houve.— o delegado me olha analisando cada detalhe do meu rosto.

Conto a ele tudo que aconteceu, desde quando nos conhecemos até o momento dessa noite e em vários momentos choro muito. Não é fácil viver tudo isso e mais difícil é acreditar que eu fui capaz.

A vida foi injusta comigo mas eu quis mudar tudo pelo pior caminho, eu estraguei tudo que ainda me restava. A cada palavra dura do delegado e o som do teclado do computador do escrivão registrando tudo que eu dizia, meu corpo se arrepiava e leves calafrios vinham.

— Essa é a verdade delegado.— olho cabisbaixa para ele com meus olhos inchados.

— Você sabe que será julgado e condenada por tudo que me disse, não sabe?— ele junta as mãos em cima da mesa e me fita.

— Sim, senhor. Eu sei.

— Certo. Policial Câmara leva ela pra cela. Você manda em anexo o depoimento dela no inquérito.— meus ouvidos doem com as palavras desferidas por ele.

Uma mulher alta, loira e forte me leva até um corredor cheio de celas e olhando pra dentro há várias mulheres jogadas nos cantos escuros e sujos. O silêncio reinava por todo aquele quadrado pequeno e escuro.

Ela me para em frente a uma cela com umas quatro mulheres de idades variadas. Com uma pequena chave retira as algemas que já marcavam meus pulsos e me lança com força dentro da cela me fazendo cair no chão imundo.

Solto um pequeno gemido de dor e todas ali olham pra mim com nojo. Me levanto com dificuldade e vejo meu joelho sangrando, fico parada na frente das grades e não me repreendo por chorar ali na frente de todos.

Depois de algumas horas ali sentada no chão frio e encardido ao lado da grade sou cutucada com força e sinto meu ombro doer mas me viro com dificuldade por não ter mais forças.

— Eliza Becker, visita pra você princesinha.— a policial áspera me olha com desprezo.

Entretanto levanto me apoiando nas barras de ferro e sigo ela até uma porta grande de ferro com uma pequena janela que ao se abrir revela minha mãe. Fico parada sem reação mas após alguns segundos corro para seus braços amorosos.

— Mãe!— a abraço. Um abraço cheio de saudade e pesar.

— O que foi que você fez minha filha?— seus olhos chegam até os meus e uma lágrima escapa involuntariamente por seu rosto cansado mas ainda assim lindo.

— Mãe, me perdoa nunca foi minha intenção matar ninguém e as coisas aconteceram tão rápido que eu não pude medir as consequências.— sento em uma cadeira e ela na outra com a rústica mesa nos separando.— eu sei que você está decepcionada demais comigo mas eu te prometo que quando esse pesadelo acabar eu vou me tratar mãe, eu quero esquecer essa fase da minha vida.

— Esse pesadelo não vai acabar nunca mais minha filha.— ela da tapinhas leves em minha mão e lágrimas de dor saem de seus olhos claros.

— Oh, mãe.— minha voz sai embargada por conta dos soluços que eu prendo para não chorar ali.

— A visita acabou!— chega um homem forte e carrancudo que me arranca dos braços da minha mãe.

Escuto ela desferir um "tchau" baixinho mas eu não tenho tempo de responder. E sou levada de volta a cela onde choro muito novamente.

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora