5 meses depois...
Os dias nesse lugar passam lentos e difíceis. A cada dia novas piadinhas, as mulheres sempre acham que eu sou da pesada ou algo assim.
É horrível estar presa ao lado de pessoas desconhecidas que não gostam de você. E depois de algum tempo as pessoas lá fora esquecem de você tanto quanto você lembra delas. Os meses passam e as visitas se tornam muito raras ou elas nem chegam.
O julgamento foi doloroso e difícil demais. Ficar de frente a um passado que eu quis esquecer durante muito tempo machucou demais. Minha mãe chorou muito pois eu não desferi uma palavra sequer para me defender.
Sinto tanta falta da minha cama, meu quarto, mina casa com aquele cheiro de roupa lavada e as vozes dos meus irmãos sempre ecoando nos cômodos. Quero que tudo acabe logo, pois tenho certeza que serei uma nova pessoa quando sair daqui e todos me dizem que só eu posso escolher se mudarei pra melhor ou para pior.
Eu quero melhorar, depois de passar 6 anos na cadeia a vida tem um gosto diferente e você aprende a valorizar as pessoas.
Nesses últimos meses a única pessoa que vem me ver algumas vezes é meu irmão. Ele disse que minha mãe não tem forças para vir aqui e tenta seguir a vida apesar de tudo, meu pai está desolado mas quando ele conseguir virá. É o que me dizem. Mas e se ele nunca conseguir vir?
— Ei você aí do livro, vem aqui agora!— uma mulher bem alta e forte me chama com raiva e eu deixo meu livro junto com meus devaneios na minha "cama".
— O que foi?— olho pra ela com receio e posso ver a raiva em seus olhos.
— Você é burra ou é cega! Eu mandei você lavar todas as roupas e estou vendo roupas aqui no balde.— ela aponta para um balde com algumas roupas sujas de sangue.
— E-eu tentei mas meus braços doíam demais e eu não aguentei.— ela mudou bruscamente de expressão me aliviando por alguns segundos.
— Ha ha ha— ela gargalha alto e todas riem junto com ela.— A princesinha tem os braços fracos! Tadinha dela.— ela pega em meu braço com muita força e me arrasta para o corredor.
— Ai, me solta por favor!— grito o quanto posso, pois, dói demais.
Chega mais uma mulher baixinha e carrancuda perto dela e dá alguma coisa em sua mão. Sinto um golpe rasgando minhas mãos.
— Aaaaaaaa.— o som do meu grito ecoa no vazio e ela sorri. Meus olhos seguem o sangue no chão e vejo minhas mãos rasgadas e cortadas como se tivesses sido chicoteadas. E foram.
— Segura ela.— eu só choro e sem sucesso tento pedir para ela parar.— agora você vai ver o que vai doer.
— Por favor, não.— eu sou amarrada em uma grade e ela chicoteia minhas mãos várias vezes.
— Mas que algazarra é essa aqui!— chegam três policiais para me ajudar.— todas pra dentro agora!!
— Meu Deus! O que fizeram com ela?— uma delas pergunta mas não vejo quem.— Me ajudem a tirá-la dali e levá-la para a enfermaria.
Tudo que eu consigo fazer é chorar. Minhas mãos ardem demais e eu já estou totalmente sem forças sendo arrastada pelas policiais para a enfermaria. Todas me olham com pena e isso me corrói por dentro.
Ao chegar elas me colocam em uma maca e duas enfermeiras aparecem para fazer um curativo. Lavam minhas mãos o que dói demais e depois as enfaixam e me dão um calmante que me faz dormir ali mesmo. Meus olhos estão pesados e ardendo, então só fecho eles e me deixo vencer pela dor.
Flashback on
"Estou caminhando pela boate apressada a procura de Dylan mas não o encontro. Vou até o bar e pego uma bebida pra mim e fico ali mesmo observando a loucura das luzes coloridas rondando a boate preta.
— O que uma moça tão bonita está fazendo sozinha por aqui?— olho para o lado é um homem alto com a barba por fazer muito sensual e os olhos claros focados no meu decote.
— Quem disse que estou sozinha?— solto um sorriso de canto pra ele e volto para minha bebida.
— Muito idiota o cara que te largou aqui!— ele disse no meu ouvido bem baixinho mas o suficiente para que eu ouvir e em seguida me beijou.
Sua boca alcançou a minha com vericidade e paixão. Sua língua tinha o sabor misturado denunciando tudo que ele havia bebido durante a noite. Não me contive e cedi para que ele me beijasse escandalosamente ali mesmo.
Suas mãos passeavam pelo meu corpo como em um corrida e sua língua explorava minha boca com muito desejo de mais.
—Quem te deu esse direito?— perguntei ao final do beijo com a voz um pouco rouca.
— Não gostou?— ele me lançou um olhar, devorando meu corpo com os olhos e eu ri.
— Tenho que ir embora.— deixo o dinheiro da bebida no bar e me viro para sair mas ele segura em meu braço com certa força.
— Depois desse beijo, vai me deixar aqui...— mais uma vez ele foca seus olhos nos meus.
— Eu preciso voltar pra casa, já está muito tarde"
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Amores Inventados( concluído)
RomanceDo luto a celebração! Assim se conduz a vida de Eliza... Eliza e Dylan são amigos a anos mas somente quando são bruscamente separados eles percebem a importância de sonhar e amar! Nunca deixe para amanhã, o amanhã não existe! Mas será que Eliza já...