Capitulo vinte e um

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Depois de um banho quente e refrescante me sento na minha cama, meus olhos inchados e vermelhos revelam meu coração, destroçado e maltratado.

As lágrimas vem ácidas em meu rosto e eu sinto meus olhos arderem. Lá fora um dia tão vívido, o sol tão bonito e eu não consigo sentir um pingo de alegria. Meu melhor amigo morreu, minha vida está de cabeça pra baixo. Eu sinto que não há mais solução.

A porta se abre e revela minha mãe com um envelope branco nas mãos. Ela entra e me dá um sorriso, com isso eu rapidamente enxugo as lágrimas.

— Liza, chegou esse envelope pra você.— ela me analisa da cabeça aos pés.— quer que eu traga algo pra você filha?

— Não.— falo em um sussurro.

Ela deixa o envelope em cima da cama e vai embora triste, não queria ser arrogante com ela, mas está tão difícil.
Observo o envelope grande e retangular em cima dos lençóis, tão inofensivo, mas sinto que algo está errado.

Abro com cuidado o envelope e levo um choque ao ver seu conteúdo.

" Eliza, minha querida Liza,

Se você está lendo esta carta significa que eu não estou mais ao seu lado e eu peço que me perdoe por isso. Nos últimos tempos a vida não tem me dado muita trégua, as coisas estão barra pesada pra mim e pra você também. Eu sei bem disso.

Eu relutei muito para escrever e mandar esta carta a você, pois tenho medo que me entenda mal e fique com raiva de tudo que eu fiz. Liza, desde que eu descobri que poderia morrer a qualquer momento eu só consegui pensar em como eu não poderia te deixar aqui sozinha.

Eu fiquei desnorteado, não sabia o que fazer. A vida me encurralou por todos os lados e os médicos disseram que eu não tinha mais chance, eu não poderia deixar Liza que você me visse definhando e morrendo, eu tinha que fazer você ficar com raiva de mim, não pensar mais em mim por mais que tudo isso doesse demais. Liza você foi a única mulher que eu amei na vida, amei como amiga, como companheira e amei como amante. Eu sou apaixonado por você Liza, mas a vida não me deu chances, quantos beijos nos foram negados, quantas vezes a vida nos deu um tapa na cara, repreendendo-nos por nos amarmos.
Eu me arrependi do que fiz, me arrependi de ter deixado você passar por tudo isso sozinha, queria poder ajudar, mas, me faltou coragem. Eu desejo que você tenha essa coragem Liza. Por favor, eu lhe peço que não se deixe levar pelas coisas ruins que eu fiz , apesar de ter todo direito de estar furiosa comigo e não querer me ver nunca mais, embora eu não seja o cara perfeito que eu criei pra você, pra nós! Com você eu sempre fui esse cara e acabei me enganando e acreditando que realmente era ele. Hoje, escrevendo-lhe esta carta eu já não sei quem sou, me perdi aos poucos por todos os lados. Eu tentei ser tudo e no final, não consegui ser nada.

Eliza, eu lhe amei naquela noite fria, eu lhe amei por todos os dias que eu tive o prazer de te olhar nos olhos e eu sempre vou amar. Me perdoe não poder dizer tudo pessoalmente mas como eu disse que falta a coragem.
Então é com lágrimas nos olhos que eu lhe digo adeus Liza.

Com todo meu amor, Dylan."

Eu me sento perplexa na cama, já chorei horrores e cada vez que releio essa carta entendo menos o que está escrito. Algumas páginas da carta estão manchadas de lágrimas salgadas e doídas. As palavras que ficaram aplacadas naquela lápide com as flores fúnebres estão aqui.

Dói e muito ler tudo isso. Eu preciso entender, preciso saber o que aconteceu com o Dylan e vai ser agora.

Enxugo todas as lágrimas, lavo o rosto e me visto com uma calça de couro preta, uma blusa de lã bege escuro um pouco larga e uma bota de couro preta. Encontro uma touca bege e uma bolsa, assim saio do meu quarto e passo pela sala rapidamente indo direto pra porta da garagem.

Ligo a ignição do carro e dou a partida antes que meu pai possa me impedir. Saio da garagem e sigo meu rumo apressada.

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora