Capitulo trinta e dois

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Acordo com os raios da luz do dia invadindo a cela antes escura por uma pequena janela no alto da parede. Remexo na cama improvisada tentando fugir da luminosidade mas não obtenho sucesso.

Uma policial aparece e me entrega um pão com manteiga e uma xícara de café, em seguida faz o mesmo para a outra presa na minha cela.

— Posso perguntar o que uma moça tão jovem como você fez para estar aqui?— ela come rudemente e esfomeada e me analisa.

— Matei uma pessoa.— ergo meus olhos para observar sua reação. Ela apenas engole em seco.

— Por dinheiro? Conheço bastante gente que se ferrou fazendo esse tipo de serviço sujo para outros que estão livres.— ela dispara a falar e continua comendo.

— Na verdade acho que foi de certa forma por amor.— corro meus olhos por todas as paredes desviando meus olhos dos dela.— Eu o amava tanto que não fui capaz de aguentar tudo que estava sendo representado ali na minha frente.

— Seu namorado?— ela agora apenas me olha mas não com curiosidade e sim com pesar.

— Meu melhor amigo. No entanto, o mais estranho é que quando eu consegui finalmente estar com ele de verdade de peito aberto já não restava mais amor e carinho, só raiva e ódio por tudo.

— É um peso que se carrega nos ombros pro resto da vida menina.

— É eu sei...— me levanto e ponho a caneca vazia no vão da cela e a policial a recolhe.

                              ❄️

5 anos e alguns meses depois...

— Assine nesse "X" e pode pegar seus pertences.

— Claro, obrigada.— abro um sorriso enorme e depois de tanto tempo nesse lugar me sinto feliz por poder sair e não dever mais nada a justiça.

Uma mulher baixinha me entrega uma sacola plástica com as minhas coisas e me aponta uma porta onde eu poderei tirar essa roupa suja da cadeia.

Entro no banheiro e arranco com força e rapidez a camiseta desbotada e esticada usada por tanto tempo, tiro a calça e mesmo assim ainda não parece verdade. Pego um short jeans lavagem escura e uma blusa de alcinha branca, coloco o cinto bege e uma sandália que minha mãe havia trazido há um tempo atrás.

Caminho devagar e receosa para fora da penitenciária e sou guiada para fora. Passo por dois portões e enfim chega o portão principal e quando passar por ele nunca mais precisarei voltar nesse lugar imundo e nojento que só me fez sofrer.

Meus olhos não acreditaram no que estavam vendo, as lágrimas vieram com tanta intensidade que eu larguei minha pequena mala no chão e corri para abraçar meu pai e minha mãe.

— Acabou. Agora tudo acabou.— meu pai disse ao afagar minhas costas enquanto eu só conseguia chorar.

— Carter!! Você veio meu irmão!— abraço ele com toda força e ele ri.

— Claro que eu vim maninha! Eu prometi, não prometi?— ele segura com cuidado meu rosto e eu assinto abraçando ele de volta.

— Cadê a May?— olho em volta e não vejo mais ninguém ali e meu coração se entristece um pouco.

— Ela não pode vir, ficou em casa a sua espera,mas... acho que você vai gostar da surpresa que ela tem pra você.

— Vamos sair logo daqui e te levar para casa, querida.— minha mãe me olha nos olhos e uma paz enorme surge em mim.

— Vamos logo.— me viro e olho para trás vendo tudo que seria barrado naquele portão.

Foram seis anos de muita dor mas também de arrependimento, principalmente do que eu não fiz, da burrada que eu fiz deixando tudo para trás. Entretanto, agora acabou tudo!

                                ❄️

Meu pai abre a porta de casa e eu sinto um cheiro tão familiar de comida caseira tomar conta do meu nariz, meus olhos fitam as árvores floridas da primavera, o jardim parece tão vívido e o sol tão claro e quente.

Entro na casa agora tão estranha para mim com pequenos passos e percebo que apesar dos anos nada mudou na decoração, exceto por alguma fotos que não estavam aqui na época que eu sai.

Mama, essa é a tia Liza.— uma menina de no máximo três anos corre alvoroçada para perto de mim e quando me olha só posso perceber que ela é igualzinha a mim nessa idade.

— Como você se chama pequena?— me abaixo para mantermos a mesma altura e ela gosta.

— Rose, mas todos me chamam se Sese. Você é minha tia?— seus olhinhos brilham ao me olhar e observar cada ponto do meu rosto e isso me faz rir.

— Ela sempre quis te conhecer.— ergo os olhos e encontro uma cena inimaginável.

— May, minha irmã!— me levanto e a abraço como nunca fiz antes.— como eu senti falta do seu carinho. Oh minha irmã, sua menina é linda!

— Ela é igualzinha você, em todos os sentidos. E agora vem aí um menino.

— Que incrível May! Quem é o felizardo que te conquistou?

— Oi Liza.— um homem aparece do lado de minha irmã, ele é bem familiar apesar de não me lembrar dessa barba.

— George! Ah claro, eu me lembro de você... você é...— engulo em seco e minha irmã olha para baixo acariciando sua barriga já considerável.

— Primo do Dylan. Sim, sou eu mesmo.— ele não se permite dizer mais nada.

— Eu sinto muito.

— Vamos comer!— minha irmã convida a todos e pisca para mim que solto um sorriso tímido em resposta.

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora