Vago apressada pelas ruas da cidade mas não encontro um caminho certo. Entretanto me recuso a voltar para casa, aquele quarto escuro e todas as lembranças que vem com o cheiro que ainda está nas roupas e lençóis.
Procuro sem sucesso o endereço da carta e fico cada vez mais aflita. Por fim paro o carro em uma pequena praça e saio vagando pelo escuro. O sereno da noite me faz bem e consigo pensar pela primeira vez nesse dia. Embora as coisas tenham saído do controle não significa que eu perdi as esperanças.
Vou encontrar uma resposta pra essa pergunta que lateja na minha cabeça o dia todo. 24 horas por dia." Por que ?".
É difícil entender as palavras duras que eu li naquele pequeno pedaço de papel branco e amassado, ele disse que estava morrendo aos poucos mas isso contradiz com o que sua mãe me contou. O que todos sabem.
O acidente.
Os pensamentos giram na minha cabeça como uma roda gigante e eu me perco por entre as palavras e a rua escura. Ando apressada e por alguns instantes paro para olhar o céu azul estrelado. O brilho singelo e distante das estrelas contrastam com a lua. Cheia, sombreada e apagada.
Por alguns minutos sinto minha cabeça latejar, o chão se desloca levemente e os sons a minha volta se intensificam. Tudo gira como uma roda gigante dentro de mim e as pessoas parecem más e estranhas. Minha visão fica turva e eu me sinto zonza.
Sinto algo gelado debater com minhas mãos e abrindo levemente os olhos consigo ver o asfalto. Duro, escuro e gelado na minha frente. Meu corpo sem muitas perspectivas se move lentamente pelo encardido chão da rua.
Tudo ainda é muito confuso e as luzes são muito fortes, meus olhos ardem e não consigo ver quase nada a minha frente. Á medida que eu tento me mover um zumbido cresce em meus ouvidos e então não consigo pensar em mais nada.
Tudo está escuro, difícil, falso e gelado. Posso sentir a lentidão das lágrimas desfilando por meu rosto inchado. Palavras desferidas com raiva surgem em meus pensamentos e meu coração aperta. A respiração já é difícil e requer muito de um corpo sem forças.
Eu me permito soltar o peso e me largo no meio da pista. As lágrimas são quentes e desesperadas. Elas correm, correm com ardência. Sinto no meio de tudo um calor se aproximar e então sorrio. Um sorriso de paz por poder voltar. Entretanto percebo em seguida que o calor não é tão bom.
Ele queima minha pele à proporção que se aproxima. Então chega a luz!
— ELIZA!!— escuto sua voz grave e doce me chamando e quando me viro ele está lá.
Ele está aqui. Meus cabelos sentem o primeiro raio de dor e eu solto a última lágrima por não poder correr até aquela imagem.
– ELIZA, NÃO!!!
Sua imagem é fantasmagórica e vem na minha direção. Apesar da dor o traço de um sorriso aparece em meu rosto e com a mesma velocidade desaparece e dá lugar a dor profunda e impactante.
Com muita brutalidade meus braços se rebatem no concreto liso. Já não sou capaz de me mover e nem tenho forças para abrir os olhos. Tudo se esvai de mim.
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Gente, esse capítulo vai ser mais curto por conta da emoção. O que será que aconteceu com a pobre Eliza? Cenas do próximo capítulo!
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Amores Inventados( concluído)
RomanceDo luto a celebração! Assim se conduz a vida de Eliza... Eliza e Dylan são amigos a anos mas somente quando são bruscamente separados eles percebem a importância de sonhar e amar! Nunca deixe para amanhã, o amanhã não existe! Mas será que Eliza já...