Capitulo vinte e tres

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Forço o máximo possível para abrir meus olhos mas não parece suficiente. A dor cessou e não sinto mais nada. Nada. A escuridão toma conta de mim e me deixa triste. Sendo assim, tento mais uma vez abrir os olhos sem sucesso, mais uma vez, mais uma e nada.

Um barulho surge e meu coração palpita muito forte. Tenho certeza de que uma porta se abriu e escuto passos. Passos curtos e seguros. É uma mulher.

Minha voz grita por ajuda, posso ouvi-la abafada e distante mas ninguém ouve.

— Sra. Becker, sou a doutora Maia e estou encarregada do caso da sua filha.

— Ah sim, claro! Doutora como ela está? Quando ela vai acordar?

" Quando ela vai acordar??"

O que está acontecendo? Minha mãe está aqui, tem uma médica aqui na minha frente que eu posso ouvir mas não posso ver, não posso sentir seu cheiro. O que houve comigo?!

Tenho uma imensa vontade de chorar mas não sinto nada, vou me sufocando com as lágrimas.

— Se acalme Sra. Becker por favor. Sua filha está em um estado grave, não mentirei para a senhora. Ela está em coma e não sabemos quando ela irá acordar ou se ela irá acordar...— sua voz abaixa um pouco e eu sinto um calafrio passar pelo meu corpo.

— M-minha menina...há alguma coisa que podemos fazer?

— No momento apenas esperar.— a doutora não se permite dizer mais nada.

Meus ouvidos são tomados por um silêncio ensurdecedor e dolorido. Por alguns instantes posso ouvir os soluços de minha mãe e em seguida cessam então nada mais.

Não tenho noção de tempo, não sinto nada, não vejo nada. Estou viva apenas pela minha vontade, foi o que uma enfermeira sussurrou em meu ouvido a algum tempo.

Eu sinto que estou dormindo e quando quero acordar não consigo. De vez em quando escuto algumas vozes diferentes. Algumas sei de quem são, outras são vozes estranhas que não consigo diferenciar.

Eu tenho tanto medo de não saber escolher, viver ou morrer, e se fizer a escolha errada como serão as coisas depois. Eu desejei tanto estar aqui, poder finalmente ir embora e me encontrar com o Dy, mas agora, não sei se é o que eu quero mesmo.

Posso ouvir o tic e tac do relógio, a porta que abre e fecha várias vezes para dar passagem a enfermeiras que vem me ver. As visitas.

❄️

Sinto que se passou algum tempo e eu não consigo me mexer ainda, mas posso ouvir as pessoas e todos têm sido muito carinhosos comigo.

Estou tentando cantar uma música na minha cabeça para suprir o vazio e algo diferente acontece. Um toque. Eu posso sentir um toque, alguém está acariciando meu rosto e em seguida pega na minha mão.

— Liza...eu não sei se pode me ouvir, mas, se puder quero dizer que sinto sua falta tanto quando sente a minha. Seja forte e aguente firme, quero poder te reencontrar algum dia.— ele enxuga uma lágrima pois sua mão fica levemente úmida.

Uma lágrima escorre no meu rosto imóvel e meu coração dispara por ouvir essa voz. Posso ouvir os aparelhos alarmarem, o barulho continuo fica mais alto e repetitivo.

"Força Eliza, força!"

Abro os olhos e ele está ali, me observando confuso. Sua pele fica pálida quando encontra meus olhos e eu me assusto.

—D-Dy...Dylan...— me esforço e minha voz sai fraca, rouca e muito baixa como um sussurro, mas ele me ouviu.

As lágrimas descem apressadas em seu rosto branco como papel e então ele sai correndo antes que alguém possa vê-lo. Eu vi! Eu vi ele e não estou louca ou sonhando, ele esteve na minha frente e me tocou, falou comigo.

Meus olhos passeiam pelo quarto branco do hospital. Cada detalhe é percebido e parece mais perto, o barulho das máquinas é alto, contínuo e chato.

Uma enfermeira aparece correndo no quarto e abre um grande sorriso quando me vê acordada, em seguida surgem meus pais, meu irmão, minha irmã e o Edward.

— Liza, minha filha!— minha mãe corre para me abraçar e chora em meu colo.

— Querida!— meu pai me abraça assim que minha mãe abre uma brecha.

— Mana!!!— May e Carter vem correndo e pulando em mim rindo e eu rio junto.

A alegria deles me contagia ali, me sinto viva de novo e finalmente feliz e bem. A dor se foi, o vazio foi preenchido e tudo está normal de novo.

— Edward, você veio.— falo com cuidado e todos olham pra ele no canto do quarto afastado.

— Oi Liza, senti sua falta.— ele chega perto e pega na minha mão.— que bom que está de volta. Sendo assim, é claro que eu viria.— ele sorri e eu retribuo com vontade.

— Senti sua falta. Não vá embora nunca mais por favor.— digo e aperto com o máximo de força que consigo sua mão.

Nossos olhares se cruzam por um longo tempo e meus irmãos interrompem. Primeiro rindo e em seguida tentando não rir.

— Eu acho que vocês têm muito que conversar né...— Carter faz um sinal para que todos saiam.

— Tem razão filho, querida estaremos logo ali se precisar.— minha mãe solta um sorriso complacente.

— Tudo bem mãe, obrigada.

Ela sorri de volta e todos deixam o quarto após se certificarem que eu realmente estou bem.

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora