Capitulo oito

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Me levanto e escuto um barulho familiar vindo do andar de baixo. Olho pela janela e vejo meu pai a cortar a grama enquanto conversa com um rapaz.

Vou ao banheiro faço minhas necessidades e me visto com uma saia jeans uma blusinha vermelha e um tênis preto e vermelho. Meu cabelo solto e umas pulseiras.

Chego na cozinha e pego dois copos de suco, e levo um para o meu pai e posso ver a sua surpresa ao me ver na porta da varanda de casa.

— Olha só! Minha menina, está linda. Há quando tempo eu espero pra te ver assim de novo.— ele abre um sorriso e vem pegar o copo na minha mão.

— Pai, é só uma roupa.— ele me dá um meio abraço e eu volto para dentro rindo.

Sento no sofá e ligo a TV. Durante o intervalo meus olhos ficam viajando por entre os moveis da sala e paro em um livro em cima da estante. O diário dele.

Um pouco relutante me levanto, deixo o copo de suco em cima da mesinha de centro e vou até o livro. Pego com cuidado para não derrubar os outros se apoiando nesse. O livro de capa surrada e folhas um pouco velhas, com certeza maltratado pelo tempo e as aventuras aqui gravadas.

Me sento no sofá e o abro. Na primeira folha há apenas o nome dele e um tipo de sumário estranho. Como fases da vida. Passo a página e começo a ler a primeira.

" 2014, 1 de Janeiro.

Amigo, hoje é o primeiro dia do ano, novidade né. Enfim, minhas primeiras horas foram ótimas, eu estive com a Liza. Nós bebemos, dançamos demais foi libertador nossa antiga tradição de ver os fogos do terraço do jingle. No final da noite eu pude ver a irritação mesmo que desfarçada da Liza quando a Lauren minha nova namorada chegou. Ela estava com Frank e não sei porque mas ficou incomodada, mal sabe ela que por mim eu estaria lá no lugar do..."

Um barulho na porta me interrompe no meio da leitura da primeira página. Tento ler de novo mas a pessoa insiste e eu me levanto pra abri-la.

Abro a porta bufando e dou de cara com a Lauren.

— Péssimo momento!— digo sem olhar muito pra ela.

— Eliza eu preciso falar com v-você, por favor.— o medo em seu olhar é evidente e só agora percebi que ela chora.

— Claro, é...entra.

Dou-lhe passagem e fecho a porta, logo depois a conduzo para o sofá e ela se senta desconfortável. Até agora eu não estou entendendo nada.

— Pode falar.

— Eu nem sei por onde começar...— os soluços a fazem falar pausadamente.

— Calma, é só começar pelo começo.— abro um sorriso e ela se sente um pouco menos aflita.

— Tudo era um borrão sabe, eu não me lembrava de nada...— ela suspira.— Mas aí de uns tempos pra cá eu percebi que não me lembro de vários momentos, eu acordei diversas vezes em lugares estranhos dos quais não me lembro de ir.

— Lauren você está bem? Quer dizer você já pensou em procurar um médico?— dou uma leve esquivada e ponho a mão em seu ombro.

— Foi ele Eliza, foi ele! Tudo faz sentido agora e... e eu não sei o que fazer então vim aqui.

— Ele... mas ele quem?

— Ele me mostrou e eu fui me viciando e viciando, até que as coisas começaram a ficar estranhas, e-eu só queria me sentir melhor, melhor pra ele.

— Ele, ele quem garota?!— pergunto chacoalhando ela mas ela só chorou mais.

— Ele te amava, sempre amou. A maior parte das vezes ele não estava normal pra poder estar comigo e isso machucava. Principalmente quando eu descobri a verdade.— ela soluça descontroladamente.

— Lauren do que você está falando?— dessa vez já estou assustada.

— O Dylan, Liza. O Dylan se drogava e eu experimentei e não consigo parar agora! Me ajuda! Eu só tenho a ti.

— Espera....o-o que você está dizendo?— pergunto cuidadosamente e pela primeira vez desde que chegou ela me olha e eu vejo seus olhos vermelhos e as olheiras profundas.

— Liza, por favor me ajuda...— ela fala quase num sussurro.— eu estou grávida, do Dylan.

— Você o que?!

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora