Capitulo cinco

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Me canso de ficar no meu quarto chorando e desço para a sala, mas lá começo a ver vídeos caseiros meu e do Dylan e os soluços vem de novo.

Abro os olhos estreitamente e vejo meu pai. Sinto meu travesseiro em baixo da minha cabeça e sei que ele está me pondo na cama.

❄️

O despertador ecoa violentamente por meus ouvidos até me fazer levantar com muito sono. Vou até o banheiro e jogo água na cara.

Hoje me visto com uma calça preta e um moletom qualquer preto, um coturno combinando e o cabelo solto. O cansaço de sofrer me deixou indiferente às coisas alheias, desde que eu use roupas de luto.

Desci as escadas ainda sonolenta e vi meus pais e minha irmã tomando café, me sento a mesa começo a comer e me faço de invisível.

— Não demore Liza ou vai perder a carona!— meu pai foi levantando e minha irmã atrás.

Peguei minhas coisas e fui também, entro no carro e escoro a cabeça no canto da janela. O percurso foi silencioso exceto por vezes que minha irmã fazia piadas tentando nos divertir.

Desço do carro e vou por entre os corredores até minha sala. Me sento no meu lugar e baixo a cabeça. O barulho irritante das vozes me perturba e eu me levanto da mesa para olhar em volta e procurar pelo professor.

— Eliza? Eliza, é você!— escuto uma voz familiar me chamar e me viro automaticamente pra ver quem é.

— L-Lauren...— engoli em seco e o os olhos cor de mel dela brilharam ao perceber que a reconheci.

— Eu achei que você e o Dylan estudavam na Hocksford High.— a simples menção em seu nome já fez meu corpo arrepiar.— ai desculpa, não devia ter falado nada.— o arrependimento era claro em sua voz.

— Tá tudo bem...é, a gente estudava lá mesmo, mas eu preferi mudar depois do...— senti a dor rebater meu coração com força.

— Acidente.

— É.— disse num sussurro.

— Por pouco eu não te reconheci hoje dentro desse moletom preto. Você usava roupas tão bonitas.

— Hmm...

"Ah não, era só o que me faltava essa garota agora ficar me enchendo aqui."

— Olha Liza, ele se foi e dói eu sei mas você precisa seguir em frente e ser feliz ele iria querer isso.— ela me olhou com uma cara de pena e me deu vontade de socar a cara dela.

Um cara chegou e a laçou pela cintura, deu um beijo na bochecha a cumprimentando e ela não se deu ao trabalho de soltar.

— Pelo visto você já seguiu não é mesmo?! Da licença.— pego minhas coisas e saio empurrando todos no meu caminho para fora dos corredores.

"Que droga !! "

Vou para a quadra e quando entro ela está vazia, para minha sorte. Andando calmamente me levo para o centro da quadra. Então coloco minha mochila na arquibancada e logo volto para o centro.

No centro começo a dançar, fecho os olhos e me deixo dominar, lembrando as aulas de jazz e do tanto que eu sinto falta de como tudo era antes do acidente.

O suor vai descendo por meu rosto e se misturando com as lágrimas mas eu continuo a me movimentar. Até que eu erro um dos passos e a raiva preenche o vazio em mim.

"Aaaaaaaaa droga, droga ! Eu sou uma inútil, sua burra, burra Eliza!"

Caio de joelhos enquanto dou tapas em mim mesma abafando os soluços. Mas sou interrompida.

— Parece que não sou só eu que não estou bem!—a voz masculina surge do canto e me levanto rápido na direção certa.

— Achei que agora era horário de aula.— digo com desdém enquanto levanto e vou ate a minha bolsa na arquibancada, enxugando as lágrimas.

— Ainda assim você está aqui.— ele vem até meu lado e se senta.

Levemente viro os olhos para o ver. Ele é de um cabelo castanho claro rebelde, os olhos cor de mel brilhantes e as roupas pretas. Percebia se que era um gato com os músculos por baixo da roupa.

— Ainda assim eu estou aqui.— falo suspirando.— o que você quer, hein?

— Só ficar sozinho com meus pensamentos assim como você eu acho.— ele se vira para frente e cruza os braços.

— É talvez...— me sento e suspiro.

Não consigo conter as lágrimas que vem aos poucos e depois aos montes. Os soluços me entregam mas eu já não me importo mais.

— Me desculpa eu tenho que ir embora, com licença.— me levanto e vou saindo e ele tenta me chamar mas eu saio correndo.

Andando pela calçada o sentimento de culpa e de medo vão me dominando e causando calafrios. Cruzo os braços em sinal de proteção e sinto um arrepio percorrer meu corpo.

Flashback on

A garrafa de vidro vazia girava no meio da roda, a música alta vibrava e os amigos todos se divertiam com as perguntas e os desafios.

— Vai Dylan sua vez! Gira aí!— disse Sarah de um dos lados da roda.

— Tá, tá bom.— ele soltou uma leve risada e girou.

Meu coração disparou quando a garrafa começou a parar perto de mim e do Sky. E como eu já esperava a garrafa parou.

— Verdade ou desafio?— ele mantinha um sorriso malicioso nos lábios e de repente o cheiro de bebida e suor me enojava.

—Hmm...

— Vamos Liza, eu sei que você é adrenalina!— Dy disse me empurrando com um dos ombros e eu ri.

— Está bem, desafio.— eu fiz sinal de rendição e todos comemoraram.

No final da noite eu já estava cansada e a festa tinha valido a pena. Eu estava nos braços de Frank pela primeira vez e só sairia após o amanhecer. Dylan e Marlee provavelmente faziam o mesmo mas eu hoje não estava me importando com mais nada.

Flashback Off

Amores Inventados( concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora