Capítulo 25
Corro desesperada para fora do hotel, chego ao passeio e tiro os meus sapatos. Corro o mais que posso, indo até um parque perto do hotel. Caio de joelhos na neve gelada, vejo as lágrimas caírem no chão. Levo as minhas mãos ao chão agarrando bocados de neve e atirando-os com força. Isto não pode estar acontecer, ele não pode ter voltado. Não pode. Não depois de tudo que ele fez, não! Como é que posso ainda amá-lo depois daquilo que ele fez. Ele continua a deixar-me vulnerável e frágil como sempre fez. Agora ele está cá. "Amo-te", esta palavra ecoa em todo o meu corpo. Ainda mais forte que da primeira vez. Não, ele não ama. Porque senão não teria fugido. Deito-me para trás, sentindo o frio chegar à minha pele. Fecho os olhos tentando acalmar-me, estou tão estafada de chorar e tão nervosa, que adormeço mesmo aqui, no meio deste monte branco, nesta horrível tarde de Novembro.
HARRY P.O.V.
Chica não ligou simplesmente nada ao que lhe disse, mas será que ela não percebe que foi para o seu bem, que foi para ela ser feliz. Ela não percebe que eu tive de o fazer. Vi-a a correr para fora do hotel e vou a correr atrás dela. Depois de a perseguir até um parque, vejo-a a dormir no meio da neve. O estado que ela está, arrepia qualquer um, eu não a consigo ver assim, não sabendo que é por minha causa. Talvez nunca devesse ter voltado, mas eu pelo menos tenho de tentar, tenho de tentar ficar com ela. Nada mais faz sentido, se não a tiver. Agora tenho a oportunidade de a ter comigo. Eu sei que ela ainda me ama. Eu tenho que acreditar nisso.
Pego nela ao colo e levo-a até ao meu carro que está no hotel, deito-a na parte de trás.
Levo o carro para casa dela e vou até ao seu quarto. Tiro-lhe a roupa e visto-lhe um pijama quente e aconchego-a na cama. Beijo a sua testa por fim.
Ela continua a usar o mesmo perfume que antes e isso traz-me tantas recordações. Eu não consigo ainda aguentar o facto de ter ficado 3 anos sem vê-la. Eu senti tanta falta de ver aquele sorriso e não tenho visto desde que voltei. Secalhar nunca mais o irei ver e a culpa é toda minha. Destrui a mulher que amo. Isso é uma dor insuportável.
Vou à cozinha preparar algo para ela comer. Subo passado algum tempo, pousando a canja que lhe fiz em cima do móvel do quarto. Olho para a cama e vejo-a tremer. Deito-me ao seu lado e abraço-a. O meu calor certamente a irá proteger. Mas que raio estou para aqui a dizer? Eu não soube protegê-la e agora estou a tentar remediar o que fiz. Mas o pior é que mesmo que eu não queira acreditar, ela nunca me irá perdoar. Eu perdi-a. No entanto, eu tenho de tomar conta dela. Ela merece. Também não vejo outra maneira de eu me sentir um pouco feliz nestes últimos anos.
FRANCISCA P.O.V.
Acordo no meu quarto, estou cheia de frio e tremo por todo o lado. Um corpo quente choca com o meu. Suspiro de contentamento por estar a conseguir deixar de tremer. Abraço mais ainda essa pessoa, viro-me agarrando-a. Eu sei que é o Harry, sou capaz de sentir o seu cheiro em qualquer parte do mundo. Os seus caracóis roçam a minha testa e as lágrimas caem lentamente pelo seu rosto moreno.
- Não comeces já a gritar e muito menos a chorar, porque não aguento mais. Deixa-me tratar de ti, olha o que fizeste Chica, vais ficar doente. Por favor não acabes com tudo. – Ele fala preocupado. São tão estupida, que por momentos penso que ele está mesmo preocupado comigo.
- Harry, foste tu que acabaste com tudo. – Espirro.
- Acabei com aquilo que te iria fazer mal.
- Mas o que me iria fazer mal? – Pergunto impaciente. Afinal o quê que ele me esconde. Custa assim tanto contar-me?
- Não posso dizer. – Ele segura-me mais firme nos seus braços. Por mais que eu não quisesse, eu amo estar neste lugar. É sem dúvida o meu lugar preferido em todo o mundo.
- Então sai daqui, sai. Porque não me deixaste ficar lá?
- Porque não aguento ver-te sofrer, porque tu és a razão da minha vida.
- Por favor, não tornes tudo mais complicado. - Eu imploro. Eu sei que vou ceder. Eu não posso fazer isso. Ele que não venha à espera que eu o perdoe.
- Tu é que estás a fazer isso… Deixa-me tratar de ti.
- Eu não sei. – Ele levanta-se da cama e eu resmungo. Quero voltar a ter o calor do corpo dele encostado ao meu.
Vejo-o a ir buscar um prato e senta-se ao meu lado, levando a mão a colher da canja e dando-me à boca. Como-a toda mesmo contrariada. Ele vai buscar o termómetro, meço a temperatura e tenho 39º de febre. Ele dá-me um comprimido.
- Agora dorme, por favor. – Ele implora como se realmente se importasse com o facto de eu estar a arder em febre.
- Sim, mas eu tenho frio. – Não, eu não disse isto. Estúpida boca. Ele deita-se ao meu lado, rodeando-me com os braços.
No dia seguinte, abro os olhos lentamente e vejo o Harry a dormir. Exatamente como antes, com os lábios entreabertos como sempre fazia. Levo a minha mão à sua cara e faço-lhe uma pequena caricia. Mas a sua mão agarra a minha, prendendo-a e entrelaçando os dedos nos meus. Ele abre os olhos e sorri. Já tinha tantas saudades de o ver sorrir.
- Estás melhor?
- Estou, mas larga a minha mão. – Faço força para a largar.
- Porque és assim? – Vejo o seu sorriso desaparecer.
- Porque nunca irei esquecer o que me fizeste.
- E esqueces-te que te amo? – Olha-me sério.
- Isso não é verdade. – Reposto um pouco furiosa.
- É completamente verdade, mas tu não percebes que o fiz para te proteger.
- Enquanto não me contares o que se passou, nunca irei perceber. Agora tenho de ir trabalhar.
- Mas Chica, estás doente. – Harry contraria-me e eu lanço-lhe um olhar reprovador. Não vou fazer o que ele quer.
Levanto-me, tomo um banho e visto umas calças justas pretas com uma camisola de lá preta. Por cima, coloco um casaco vermelho e uns botins de salto alto vermelhos. Depois de arranjar o cabelo e maquilhar-me para disfarçar o meu estado doentio, pego na mala e vou até ao quarto da Nina e do Edward. Visto-os, quando me lembro que o Harry quando vir o Edward o irá reconhecer, pois eles são muito parecidos. Eu não estou preparada para este tipo de confrontos. Saio de casa rapidamente, levando-os ao infantário.
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I Want You Dead // H.S.
FanfictionEla é uma rapariga assombrada pelo passado. Ele incerto por não saber o futuro. Ela quer matar pessoas. Ele nem sonha que alguém quer a sua morte. Os dois irão se encontrar. Mas ai ela irá ter de escolher, entre matá-lo ou deixar crescer o amor que...