Capítulo 2

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Capítulo 2

O meu pai deve estar doido, contratou um rapaz para tomar conta de mim, tenho 19 anos, não sou nenhuma criança.

 

- FRANCISCA! – A voz grossa suou pela casa.

- Já vou, pai – Respondi.  

Desci as escadas da minha casa, atá ao escritório, entrei e vi-o sentado na secretária, com a cadeira virada para a grande janela com vista para piscina.

- Sim. – Respondo fria.

- Ele chega amanha. - Afirma.

- Ainda não tiraste essa maluca ideia da cabeça? – Ele vira-se finalmente para mim.

- Nem vou tirar, sá fazes asneiras, queres matar pessoas, tratas mal toda a gente.

- Mataram-me…. E tu importaste-te? – Grito irritada.

- Filha, não digas disparates, tu estás viva. – Ele diz, vindo abraçar-me.

- Não estou, pai, faz mais um ano que ela morreu. – As lágrimas correm pela minha cara e eu aconchego os meus caracóis morenos no ombro do meu pai.  

- Olha, o que estás a fazer a esses lindos olhos? Não chores, meu amor!

- Não consigo, a mãe abandonou-me, a minha melhor amiga morreu nos meus braços.

- Tens-me a mim e ao teu irmão.

- Eu sei, o Rodrigo tem-me ajudado muito… Por favor nunca me abandones. – Choro ainda mais, o meu pai é uma das únicas pessoas com quem eu não sinto vergonha de chorar, sei que esta figura alta me protegerá.  

- Nunca!… Vais ver que o rapaz te vai ajudar, ele é filho de um grande amigo meu.

- Não quero saber do rapaz, até podia ser filho do Barack Obama. - Eu troço o nariz. 

- Mas podes fazer um esforço para tratá-lo bem?   

- Irei tratar como ele merecer.

Subo atá ao quarto, não o meu, mas o da minha melhor amiga. Não consigo prenunciar o nome dela. É impossível, é duro demais. Pego numa moldura com duas fotos, uma minha e outra dela, essa moldura é em forma de coração, cada foto está numa metade e estas unem-se através de um íman para formar a moldura completa. Passo os dedos pela sua foto, as saudades que eu tenho de mexer naqueles cabelos loiros, que tenho de receber beijos dela, ela amava fazê-lo porque sempre pintava os lábios de vermelho. Era tão manienta! Mas apesar de eu a odiar profundamente, ela era a minha vida. Pouso a moldura e olho em volta, pego no seu urso de peluche e abraço-o forte. Como é possível, ainda cheirar a ela depois deste tempo. Aquele perfume com cheiro a maçã que ela adorava.

Alguém bate a porta.

- Não te atrevas a entrar! – Reposto. Ninguém entra neste quarto a não ser eu.

- O que me fazes se eu entrar? – O meu irmão provoca-me. Saio furiosa do quarto.

- Mas tu queres levar, Rodrigo? – Pergunto já com a mão levantada.

- Era só para vires comer, oh resmungona.

- Eu digo-te a resmungona. – Reviro os olhos e ele ri-se.  

Durante o jantar, o meu pai voltou a tocar no assunto daquele rapaz que vinha tomar conta de mim, eu ainda me vou passar… Estava farta de o ouvir, por isso sai da mesa, sem dizer nada e dirigi-me para parte exterior da casa.

Ando lentamente até ao baloiço do jardim, lembrando-me das brincadeiras com ela naquele baloiço, no dia em que me deitou a baixo e tive de andar 2 semanas de muletas, escorre uma lagrima pelo meu olho. Começo a cantar para me distrair.

- Continuas com uma voz fantástica! – Alguém familiar faz-se ouvir atrás de mim.

- Rodrigo, deixa-me sozinha! – Digo calma.

- Estou aqui para o que precisares. – Abraça-me.

- Até para matar? – Digo olhando-o nos olhos.

- Não digas disparates Chica, tu não vais matar ninguém.

- Vou sim, aquele Harry vai morrer.

- Ele não teve culpa. - Rodrigo diz contra o meu ouvido. 

- Teve sim e desaparece daqui – Dou-lhe um empurrão.

Ele vai embora e eu corro desesperadamente até a ponta da piscina, que está iluminada pelas luzes do exterior, quase me desequilibrando. Dispo-me ficando em roupa interior e salto lá para dentro. Deixo-me estar durante uns segundos dentro de água. Apenas a pensar o que irei achar do tal rapaz, será que é divertido ou é daqueles chatos que não deixam ninguém fazer nada? Será giro e simpático? Não! Isso não interessa. Tenho mais em que pensar do que num estúpido rapaz que me vem controlar.

Tenho um objetivo e vou lutar para o conseguir. Tenho que vingar a morte dela, a tragédia que me destruiu a vida.

Volto para dentro e visto o meu pijama. Dirigo-me ao quarto dela, deito-me sobre a sua cama, revivendo todos os momentos com ela. Uma conversa em que ela dizia que iria ter uma aliança oferecida pelo Harry. Aquela coisa estava sempre metida, era incrível como ela não se fartava de falar deles e, principalmente, dele! Não percebo como se tinha apaixonado tanto por uma pessoa não conhecia pessoalmente…

...

- Já chega de falar dele! – Resmunguei.

- Mas eu gosto dele, tu sabes. – Disse baixando o olhar.

- Mas tu nem o conheces.

- Conheço-o melhor, do que ele conhece a si próprio! – Afirmou convicta.

Fiquei especada a olhar para o seu rosto, perplexa com o que ele tinha acabado de dizer.

...

Tento percebê-la, mas é completamente impossível.

Acabo por adormecer. De noite sinto alguém a tapar-me com uma manta. Isso é sinal que alguém entrou no quarto dela. No entanto, como estou com preguiça e sono, deixo isso para amanhã.

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I Want You Dead // H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora