Capítulo 42

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Capítulo 42

Os meses foram passando e estamos agora em Março. A dor da morte do meu pai continua comigo, mas eu já percebi que tenho de aprender a viver com isso. O Harry tem ajudado muito, além de que a Sam e o Rodrigo voltaram para casa. Apoiamo-nos uns aos outros.

Acordo e viro-me para o outro lado da cama, esticando o braço mas não sinto ninguém.

- Harry! – Chamo sonolenta. 

- Estou a tomar banho. – Grita.

- Está bem. – Volto a tentar adormecer.

Mas um telemóvel toca, é uma mensagem. Não é o meu, por isso deixei-me dormir. Mas o raio do telemóvel volta a tocar mais duas vezes.

- Mas quem será que não me deixa dormir. – Barafusto. Levanto-me um pouco e estico o meu braço para apanhar o telemóvel do Harry, que está em cima da mesinha-de-cabeceira. Desbloqueio-o e vejo que tem 3 mensagens, não devo abrir as coisas dele, mas estou com uma curiosidade enorme. Passo o dedo sobre o ecrã para abrir as mensagens recebidas.


# Estou muito pior desde que te foste embora, desde que fugiste do que sentíamos. Preciso tanto de ti ao meu lado.

# Por favor, responde-me! Tu sabes que eu vou-te encontrar, anda lá Harry. Não te podes esquecer de tudo o que passamos.

# Eu amo-te. Tu sabes que nunca amaste aquela coisa com quem andavas antes de viveres comigo. Sempre me amaste a mim! Volta para mim, amor.

 
Olho perplexa para o telemóvel e as lágrimas escorrem pelo meu rosto. Saio disparada da cama, ficando só em roupa interior, pego na mala do Harry e atiro para cima da cama. Pego nas suas roupas e coloco tudo para lá como calha. Ponho tudo fora da porta do quarto. Enquanto continuo a fazer isso, choro, pensando na razão de ele me ter feito isto. As coisas estavam demasiado perfeitas entre nós. Eu consegui perdoá-lo e odeio-me por isso. Como fui tão burra. Ele deixou-me para estar com outra.

Ele sai da casa de banho em boxers e chega-se à minha beira, dando-me um beijo no ombro, enquanto eu olho pela janela.

- Porque não te vestiste? - Pergunta a rir-se.

- Sai daqui. – Tento responder calma. 

- Ah? – Pergunta confuso.

- Sai, Harry! – Eu grito. 

- Chica! – Agarra-me fazendo com que me vire para ele, mostrando a minha cara já vermelha de chorar. – O que se passou? – Pergunta assustado com o meu estado.

- Eu sabia que não devia ter-te perdoado. Foi tudo para me proteger? Não, não foi! Fizeste porque te apeteceu, porque não sabes respeitar-me. Porque apenas te queres divertir. Diz-me o que te fiz de mal para eu merecer isto? – Pergunto furiosa e a chorar muito.

- Mas eu não fiz nada! – Ele tenta desculpar-se. 

- Fizeste sim, sai daqui. – Empurro-o até à porta. – Sai da minha vida! – Fecho-lhe a porta na cara, atirando-lhe o telemóvel às partes baixas.


Deslizp pela porta a chorar sufocadamente. Eu não aguento mais isto, não aguento mais sofrer assim. Fui tão estupida em perdoá-lo, em ter deixado que ele entrasse na minha vida. Estou tão farta disto tudo. Deito-me no chão, eu quero parar, evitar que as lágrimas escorram e molhem o meu rosto. Mas apenas o meu corpo contraria-me. Sinto-me mal, sem forças para nada. Fecho lentamente os olhos, aliviando a dor e deixando de sentir o quer que fosse à minha volta.                   

I Want You Dead // H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora