Capítulo 28

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Capítulo 28

HARRY P.O.V.


Sigo o médico até ao quarto dela, já me estou a preparar para ver o pior. Mas nem quero acreditar quando vi o que é realmente.

Ali está ela. Com o olhar sobre a janela do quarto, com as mãos sobre a barriga e com um pequeno sorriso nos lábios. Talvez a pensar em algo bom, por isso de certeza que não é em mim. O médico vai-se embora e eu aproximo-me mais um pouco da cama sem que ela repare. Sinto algo molhado escorrer-me pela cara, caindo na ponta do meu nariz. Não sei o que sinto, nem o que quero fazer neste momento. Mas num impulso, agarro-me à cama e abraço-a com força, sorrio ao reparar que ela retribuiu. Voltar a sentir tudo isto é das melhores coisas que existe. Sento-me na cama, agarro a sua mão entre as minhas e sorrio.

- Como estás? Tive tanto medo de te perder. – Tento controlar as minhas emoções.

- Ah estou bem, já passou. - Ela sorri docemente e aquilo tranquiliza-me.

- Não me voltes a fazer isto.

- Está bem, vou tentar. – Sorri.

- Ainda bem. – Sorrio também.

- Posso-te fazer uma pergunta? – Questiona um pouco envergonhada.

- Acho que sim. – Digo a medo com o que poderá sair daqui.

- Quem és tu?

Olho para ela surpreendido, enquanto o meu corpo e o meu pensamento se partem em pedaços com umas quantas palavras que me ferem completamente. A mulher que amo não se lembra de mim, nem de tudo o que passamos.  

- Não te lembras de mim? – pPergunto estupefacto.

- Desculpa, mas não me lembro de nada dos últimos anos.

- Sabes como te chamas?

- Sim.

- Eu não sei muito bem o que te posso dizer. Chamo-me Harry, vivo contigo e trabalho para o teu irmão. - Eu explico com medo.

- O Rodrigo?

- Sim. – Ela lembra-se do Rodrigo e dela, mas não se lembra de mim. Poderá haver pior dor no mundo?

- Desculpa, por favor, não chores. – Limpa as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

- Eu sei que não tens culpa, mas é mau a rapariga que amas não se lembrar de ti.

- Tu amas-me? – Ela arregala os olhos.

- Sim. – Baixo a cabeça.

- Nós namoramos? – Ela pergunta com naturalidade. Não sei o que responder, mas também não lhe vou mentir. Chega de mentiras.

 – Não, nós estavamos um pouco chateados.

- Chateados como assim? – Curiosa como sempre.

O médico entra no quarto e ainda bem, porque não me apetece nada explicar a razão pelo qual estamos chateados.

- Menina, como está?

- Bem, obrigada! – Ela sorri e eu derreto-me cada vez que ela o faz.

- Ela perdeu a memória. - Sai rapidamente pela minha boca.

- Apenas perdeu a memória dos últimos anos.

- Mas vai voltar a recuperar?

- Sim, isto foi só uns dos efeitos das febres altas e de alucinamentos, nada demais.

- Quero ir para casa. – Ela resmunga.

- Só se me prometer que se vai comportar bem e vai ter cuidado.

- Sim, eu prometo. – Prenuncia impaciente.

- Então, pode ir. 

FRANCISCA P.O.V.

O Harry pega-me ao colo e leva-me para o carro. Chegamos rápido a casa e ele traz-me para o quarto. Deito-me na cama enquanto ele vai buscar não sei o quê. Fico a olhar ao meu redor, não me lembro de nada, tenho as memórias todas baralhadas e a sensação de nunca ter estado nesta casa, neste quarto. Estou a desesperar, não saber o que fiz nos últimos anos. E o Harry? Se eu estou apaixonada por ele não é suposto lembrar-me dele? Mas não, somente olho para a cara dele e sinto que é especial, faz com que o meu coração acelere, mas não tenho memórias dele. Só tenho uma certeza neste momento, é que ele mexe comigo, aqueles olhos verdes enfeitiçam-me, e o modo como está sempre a mexer no cabelo. Fica tão fofo.

Viro-me na cama, apoiando as mãos debaixo da cara sobre a almofada e tento lembrar-me de algo. Mas em vão. Frustração total!

O capítulo está pequenino, amanhã publico outra vez ;)  

<3 beijinhos amores

I Want You Dead // H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora