Cabem mais dois ? [SEM REVISÃO]

CAPÍTULO 11

Depois de nos saborearmos com minhas almôndegas deliciosas, fiz meu melhor amigo repetir comigo várias vezes a frase:

— Sua comida é maravilhosa, tudo que você faz é perfeito!!

Ele sabe que essa é a verdade, por isso não reclamou de nada, é claro que tentei fazer o mesmo com o Collin, mas, não deu, um dia irei conseguir o domar, assim como fiz com os meus amigos.

Depois de conversarmos um pouco, decidi ir me deitar, eu não senti sono, mas eu estava incomodada com meus pensamentos e precisava ficar sozinha. Prometi a mim mesma que iria ligar para o Jacob hoje, e passei o dia todo tentando criar coragem, porém não consegui.

Já são onze horas da noite, e não sei se conseguirei dormir.

Respiro fundo e pego meu celular que estava na escrivaninha ao lado da cama. Sem pensar com clareza inicio a chamada.

— Alô — Sua voz sonolenta invade meus ouvidos. Meu coração dispara como se fosse pular de dentro de mim a qualquer momento.

— Ahn... Jake ? — Me levanto

— Sou eu... Quem é ?

— Você não tem meu número mais ?  — Levanto a voz

— Ahh — Resmunga — Não é preciso gravar seu número.

Bufo. — Idiota!! Eu preciso te contar uma coisa.

— Droga Vanessa, é quase madrugada, e nós não temos o que conversar, vá dormir.

— Não desligue — Me desespero — Eu vou dizer de uma vez .

— Já que não tenho escolha... — Resmunga

— Eu estou grávida — Tento controlar minha respiração já que não o fiz enquanto falei.

— O QUE ?! — Afasto o celular da minha orelha enquanto ele grita.

Por que as pessoas gritam tanto diante dessa noticia ?

— Eu sei, também me assustei quando soube. — Suspiro. — O que você pretende fazer sobre isso? Você tem uma obrigação agora... — Começo a andar de um lado para o outro enquanto aperto meus cabelos com força.

— Eu sou o pai ? — Reviro os olhos. Não é possível que seja tão burro. — Como posso ter certeza disso ? Combinamos que seria só  curtição você sabe, é impossível eu ser o pai,Vanessa. Não consigo acreditar em algo assim... Deve ter algum jeito...

Sinto meus olhos marejados e minha visão fica embaçada, tento segurar algumas lágrimas, mas não é possível.

— EU SABIA... SABIA QUE NÃO DEVERIA TER LIGADO, EU NÃO PRECISO DE VOCÊ JACOB, E O MEU BEBÊ TAMBÉM NÃO! — Desligo a chamada e me jogo sentada no chão.

Minhas mãos se molham com todas as lágrimas que não consigo conter, abraço meu corpo e me encolho com a cabeça sobre meus joelhos.

— Eu ouvi um barulho, está tudo... — Ouço a voz do Léo mas não me movo.

Ele se aproxima com calma e se abaixa até mim com suas mãos sobre minhas costas , sinto meu peito queimar.

— O que aconteceu?  Fala comigo, por favor — Sinto seu beijo em meu ombro

Entre soluços levanto meu rosto até encontrar o seu, ele me olha com preocupação e seus olhos se enchem de lágrimas também.

— Não me torture desse jeito, Vanessa. Me diz o que foi ? — Ele arregala os olhos e pousa sua mão em minha barriga — Está com dor ? Eu devo te levar ao hospital ?

Nego. Tentei secar algumas lágrimas, mas não consegui controlar as que estão por vir.

— Eu Liguei! — Abaixo meu olhar. — Liguei pra ele — Sussurro.

Leonardo me aperta em seus braços enquanto afaga meus cabelos.

— O que ele disse ?

— Não acreditou que é o pai. — Me levanto e tento me recompor secando algumas lágrimas. — Não importa, eu não preciso dele!!

Léo se levanta e posso ver seu rosto avermelhado, seu olhar parece distante e sua respiração está rápida.

— Não, você não precisa dele!! — Diz com autoridade. — Eu estou aqui, eu vou cuidar de vocês, esse idiota não merece...

O aperto com força em meus braços, só com ele me sinto segura, só em seus braços eu posso sentir o que é amor de verdade, ninguém me faz sentir dessa forma, só ele me traz esse conforto.

Minhas lágrimas cessam e meu coração se alivia aos poucos. Me afasto dos seus braços e acaricio seu rosto.

— Eu te amo, Léo — Encosto minha testa na dele.

— Eu também te amo. — Seus lábios se abrem em um sorriso que eu me apresso a retribuir.

Fico alí parada o olhando por alguns segundos, por um momento senti como se seus olhos quisessem me dizer algo, mas ele não o fez, se afastou de mim com calma e sorriu de lado.

— Você... Deve dormir.

Assinto e me sento na cama.

— Quer um chá ou alguma coisa ? — Pergunta com as mãos no bolso.

Eu sinto meu coração despedaçado, me senti uma mulher suja quando o ouvi dizer que não acredita na paternidade. Eu sempre fui cuidadosa, nunca dormi com caras que não significassem nada para mim, eu só me deitei com dois homens em toda a minha vida, e agora me arrependo por não ter me tornado freira.

Pode parecer desesperador, e na verdade é, mas agora eu sinto como se estivesse sozinha precisando de alguém, precisando de carinho.

— Não precisa, obrigada! — Respondo com o olhar baixo.

— Então, eu vou para o meu quarto, qualquer coisa me chama , tudo bem ?

Assinto sem o olhar. Ouço seus passos se distanciarem e não consigo me controlar.

— Léo ? — Ele se vira com rapidez e me olha atento.

— Quer alguma coisa ? — Pergunta.

— Ahn. Eu... Quero — Suspiro.

— E seria... O que ...? — Ele arqueia as sobrancelhas.

— É... — Aperto os olhos — Você poderia...

Ele se aproxima mais.

— Dorme comigo essa noite ? — Cuspo as palavras e tento não o olhar.

Um silêncio se estabelece entre nós.

— Você... Tem certeza ?

Olho para ele finalmente e percebo seu desconforto.

Nós já fizemos isso algumas vezes, sempre nos tratamos como irmãos, não acho que tenha nada de mais nisso, faz muito tempo que não acontece, eu não vou negar que sinto um pouco de vergonha em pedir, pois não me sentirei bem se ele negar, isso vai ser mais constrangedor ainda.

Sentir que ele está ao meu lado, e poder o abraçar até que o sono me atinja, é o que mais quero agora. Ele sempre foi meu ponto de paz , sua calma e compreensão são como um remédio para mim. Um dos melhores eu diria.

— Eu quero, como nos velhos tempos lembra ? — Me levanto. — Eu me sinto segura com você — Encosto meu rosto em seu peito — Faz isso por mim ?

Ouço ele suspirar e sinto seu coração batendo forte.

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