Eu poderia passar o resto da minha vida desse jeito. Olhando para a mulher que enquanto dorme parece um anjo completamente inocente, sua respiração tão tranquila e seus cabelos levemente bagunçados sobre o travesseiro, faz com que eu perceba como fica linda mesmo nos momentos mais simples.
Levo minha mão em seu rosto e acaricio com calma para não acorda-lá, me inclino para ela e beijo sua testa. Porém meu movimento fez com que ela despertasse.
— Me desculpa, não queria te acordar!!
Ela sorri e coça os olhos. — Não tem problema, nosso pequeno pacotinho já acordou também!! — Responde com um sorriso maior.
Coloco as mãos em sua barriga. Eu amo fazer isso, me faz sentir uma paz e felicidade que não cabe em mim, só de imaginar que tem um pequeno ser lá dentro, faz com que esse simples gesto se torne algo mágico.
— Você já pode senti-lo?
— Uhum, é meio estranho, mas é muito bom! — Responde se sentando.
— Não vejo a hora de poder sentir também! — Me sento ao seu lado. — Como você está?
Quando Ashley me ligou avisando que ela estava no hospital, me desesperei, senti medo de que algo de pior acontecesse, a preocupação não cabia em mim, não vi outra escolha a não ser correr para ficar ao lado dela. Eu estava mesmo morrendo de saudade, e isso foi algum tipo de pretexto para poder vê-la novamente.
— Eu estou bem! — Responde. — Foi horrível Léo! A dor! Foi a pior coisa que eu já senti — Sua voz se abaixa. — Eu senti tanto medo.
— Eu imagino que sim, meu amor, mas agora vou cuidar de você, prometo que você não precisará passar por isso de novo, ouviu ?
— Obrigada, Léo! — Ela sorri de lado enquanto segura o choro.
Ainda me preocupo com a saúde dos dois, a médica deixou bem claro que ela precisa se cuidar, eu vou me certificar de que fará tudo certo, mas minha preocupação maior é de como poderei cuidar dela quando estiver longe.
— Léo, vamos para a academia ? Eu quero apresentar você ao pessoal! — Percebo a empolgação em sua voz.
— Não! Nem pensar. — Nego. — Seu lugar é em casa, mocinha, nada de fazer esforço, são ordens da médica.
Ela faz um bico e tomba a cabeça para o lado.
— Não adianta me olhar desse jeito.
Me levanto e corro até o banheiro. Não há quem resista aquela carinha que ela faz, então é melhor ficar longe por um tempo.
Depois de tomarmos o café da manhã, tive que convencê-la de que ficar em casa era a melhor opção, ela se mostrou impaciente demais com a decisão, mas no fundo sabia que aquilo era necessário, bem lá no fundo.
— Léo, é só uma voltinha no shopping, quero comprar alguma coisa para o meu bebê! — Insistiu.
— Vanessa, e se você sentir dor? Não sei se devemos correr esse risco, eu posso ir comprar a comida que você quiser, e até assisto seus filmes de dança! — A puxo para mais perto.
Ela bufa e revira os olhos. — Tudo bem! — Responde sem entusiasmo. — Mas não reclame quando sentir um cheiro terrivel de mofo.
— Mofo? — Me mostro confuso.
— É Léo! Vou mofar aqui dentro — Dramatiza
Não contenho os risos ao perceber sua cara de tristeza, mas não resisto e beijo sua testa.
— Você é a mulher mais dramática de todas!!
— Isso não é verdade!!
Levanto as sobrancelhas e a olho com um leve sorriso.
— Tá!! — Murmura — Talvez eu seja sim! — Percebo um sorriso querer nascer em seu rosto, mas ela logo controla.
Me sento ao seu lado, na televisão está passando um filme de terror bem patético e meio pornográfico, em um ato rápido Vanessa coloca as mãos em meus olhos enquanto uma mulher aparece totalmente desnuda.
— Não é como se eu nunca tivesse visto uma mulher assim antes.
— Eca! Não fale isso, acabei de imaginar você com a secretária-monstro.
Eu não entendo como ela conseguiu odiar tanto uma mulher que mal conheceu, não vou negar que acho engraçado o jeito que ela se refere a Spencer e nem vou repreende-la também.
— E quem disse que eu já dormi com ela ? — Tiro sua mão do meu rosto.
Ela me olha com uma expressão óbvia. — Eu não preciso de uma bola de cristal pra saber disso. E saiba que eu reprovo totalmente esse seu gosto para mulheres
— Reprova ? Tem Certeza ?
— Claro!! — Responde certa.
— Bom, eu não acho! Tenho um exemplo
Percebo ela me olhar com desafio.
— Eu escolhi a mulher certa para ser minha melhor amiga — Sorrio vitorioso.
Ela solta um riso. — Isso não conta! — Ela coloca as pernas em cima das minhas. — Eu praticamente te obriguei a ser meu amigo, lembra?
E como não lembrar? Quando éramos crianças, Vanessa era uma garotinha totalmente intimidadora, sempre foi mandona e decidida, ela simplesmente decidiu que seriamos amigos e não deixava nenhum dos meus colegas se aproximarem de mim. Confesso que me assustei bastante, mas logo aquilo se tornou uma necessidade para mim, eu não conseguia fazer nada sem ter ela ao meu lado, crescemos juntos e aqui estamos nós, nos amando cada dia mais. E hoje sou eu o obcecado que não gosta quando outro homem se aproxima muito dela. Fazer o que? Aprendi com a melhor.
— Me lembro bem, mas não te julgo por isso, eu sempre fui um garotinho irresistível. — Zombei.
— E completamente iludido — Murmurou enquanto segurava o riso.
Passamos algumas horas conversando sobre as coisas do passado, nos lembramos de todas as vezes que eu me machucava brincando e ela corria até mim com uma caixinha de primeiros socorros fingindo ser uma enfermeira. Ou de quando ela me fazia sentar frente a sua cama enquanto dançava em seu palco improvisado. Tudo isso nos rendeu boas risadas, e percebi o quanto fui feliz graças a ela.
]...]
Abro os meus olhos e percebo que já escureceu, sinto um peso em cima de mim e vejo a Vanessa com as pernas esticadas no sofá e a cabeça em meu colo. Aperto meus olhos a fim de enxergar melhor.
— Ai! — Ouço seu resmungo.
Ao olhar seu rosto percebo seu cenho franzido, ela aperta os lábios com força, e suas mãos vão de encontro a sua barriga.
— Vanessa! O que foi ? — Levanto seu corpo e o coloco em meu colo. — Fala comigo, por favor!
— Está doendo... - Sua voz saí entrecortada.
Meu coração é tomado por um completo desespero. Levanto com ela em meu colo, ela ainda resmunga de dor e algumas lágrimas caem de seus olhos.
— Vai ficar tudo bem, eu prometo que vai ficar!
— Eu confio ... em você! — Seus olhos abrem e fecham novamente.
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Obrigada por ler❤
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Cabem mais dois ? [SEM REVISÃO]
RomansaVanessa é uma professora de dança cercada por seus amigos que são as únicas companhias de sua vida, aos seus vinte e quatro anos ela se vê perdida quando descobre estar grávida de um cara pelo qual jamais escolheria como um pai para seu filho. Ela s...