Minha sanidade mental estava tão ausente que não consegui reconhecer meu "salvador", era algum homem disso eu sei, sua voz era grossa e meio familiar, só não imagino de qual se tratava. Eu me sinto agradecida por ele ter evitado que eu me quebrasse toda no chão, só queria poder agradecer agora, mas infelizmente não será possível, não faço ideia de onde estou e para ser sincera me sinto apavorada com isso.
— Ela está acordando!!
Ao abrir os olhos me deparo com algumas pessoas ao meu redor, estou em um quarto enorme em cima de uma cama bem confortável e grande, os olhares atentos estão sobre mim, é desconfortável, mas me sinto melhor quando enxergo o Leonardo ao meu lado, ele está com os olhos arregalados e com uma expressão severa.
— Como se sente ? — Pergunta ao segurar minhas mãos. — Está sentindo algo? Devo te levar ao hospital ?
— Estou me sentindo melhor — Suspiro e tento me levantar.
— Espera!! — Ele me ampara me fazendo soltar meu peso sobre ele.
Seus braços me envolvem nas costas e assim me ponho em pé com sua ajuda.
— Acho melhor irmos pra casa! — Collin aparece ao nosso lado com o olhar meio distante e apavorado, aposto que está bêbado.
Saímos do quarto ainda sobre os diversos olhares sobre nós, parece que causei um alvoroço, acho que de algum jeito eu sempre tenho que chamar a atenção e avisar a todos que estive pelos lugares.
Collin e Leonardo me ajudaram a se mover até o carro, minhas pernas ainda estavam moles e eu não tinha certeza se conseguiria me manter em pé sozinha, claro que o Collin não estava ajudando muito já que não conseguia nem se manter em pé sozinho.
— Eu dirijo — Collin se apressa a dizer assim que nos aproximamos do veículo.
— NÃO!! — Leonardo e eu respondemos em uníssono.
Ele cerra os olhos em nós e cruza os braços indignado. Nós o ignoramos e Leonardo pegou a chave logo em seguida.
...
— Como está se sentindo ? — Leonardo me pergunta pela milésima vez enquanto estou me aprontando para deitar.
— Eu já disse que estou bem, Léo — Repito.
Seus olhos se distanciam de mim e posso perceber seu semblante de tristeza.
— Ei?!! — Me sento para ficar mais perto dele.
— Eu queria poder ficar com você todos os dias até o bebê nascer — Responde e entorta os lábios.
Sinto uma vontade enorme de aperta-lo e não soltar mais, é lindo o jeito como ele se envolveu com essa situação, sei que o Léo não tem obrigação nenhuma de estar ao meu lado e saber que ele faz por puro amor e carinho me deixa contente e emocionada ao mesmo tempo.
Eu sempre soube que tinha um amigo de ouro, mas ele nunca cansa de me surpreender, não sei se eu mesma conseguirei partir e deixá-lo.
— Eu irei voltar quando puder, te prometo, ok ? — Encosto minha cabeça em seu peito.
Sinto sua respiração e o calor de seu corpo, seus braços me envolvem e sinto seu beijo no topo da minha cabeça.
— Eu já estou sentindo saudades — Ele me afasta e me olha sério. — Você terá que me prometer que vai me ligar todos os dias e vai se cuidar, ou então as coisas vão ficar feias para o seu lado. — Completa com um tom de voz intimidador.
Apenas assinto e volto a abraçá-lo, ele retribuí meu aperto.
Depois de alguns minutos convesando, resolvemos que deveriamos dormir, eu estava cansada e envergonhada por ter chamado tanta atenção na festa do chefe dos garotos. Claro que não fazia parte do meus planos nada disso, eu estava falando super sério quando dei a idéia da maratona de séries, então se eles passaram vergonha de certa forma a culpa foi deles também.
Sozinha no quarto e com as luzes apagadas começo e relembrar os dias que passei com o Jacob, eu estava totalmente cega e apaixonada, se eu soubesse que tudo isso aconteceria certamente iria pular fora no mesmo instante, logo eu ,que me considerava tão esperta acabei caindo na armadilha daquele sujeito desprezível, não há nada que eu possa fazer agora à não ser lamentar e querer me estrangular por ter sido tão idiota.
Todo aquele amor maluco que senti por ele está se transformando em um enorme ódio e desprezo, se eu o ver um dia novamente irei fazer com que se arrependa amargamente de ter mexido com a mulher errada. Eu posso parecer inofensiva as vezes, talvez seja essa a impressão que ele tem de mim, mas também consigo ser bem vingativa quando quero.
Com tantos pensamentos e sentimentos diferentes acabei pegando no sono, eu estava realmente exausta e na verdade não é algo explicável, eu sempre me sinto assim todos os dias mesmo que não tenha feito nada.
Esfrego os olhos e me sento na cama, os pequenos raios de sol já adentravam o espaço mesmo através das cortinas escuras do meu quarto. Na casa não ecoa barulho algum, o que é estranho, já que o Leonardo e o Collin sempre acordam cedo fazendo um barulho enorme com o liquidificador, uma atitude que eu considero bem irritante por sinal.
Levanto da cama vestida apenas com minha camisola branca um pouco acima do joelho, prendo meu cabelo em um coque desengonçado e saio do quarto andando calmamente e olhando por todos os lados.
Não há sinal de nenhum dos dois por aqui, com muito cuidado aperto a maçaneta da porta de um dos quarto, abro devagar e coloco minha cabeça no pequeno espaço entre a porta e o batente. Me assusto ao perceber que Leonardo ainda dorme profundamente, com o mesmo cuidado de antes, me ponho para dentro do recinto andando a passos lentos e silenciosos, ele pareceu não escutar já que continuou imóvel e sua respiração pesada permaneceu do mesmo modo.
Parada ao lado da cama o observo tão sereno , seus cabelos levemente bagunçados cobrindo algumas partes de sua testa, sorrio ao vê-lo franzir o cenho como se estivesse sonhando com algo intrigante. Passo minhas mãos pelos seus cabelos em um ato de carinho, percebo eles caírem novamente ao sentir a ausência de meus dedos.
Suspiro e sorrio diabolicamente, afinal, que graça tem vê-lo tão calmo e satisfeito quando eu posso acordá-lo brutalmente e o causar um grande nervoso? eu sei o quanto ele acorda de mau humor, provavelmente vai me chutar para fora de seu quarto.
Solto um riso baixo com meus pensamentos.
Com toda a empolgação que tenho , me jogo sentada em cima dele com um enorme grito:— BOM DIIIAAA!!!
Ele levanta a cabeça assustado e posso ouvi-lo resmungar algo, não contenho meus risos e isso parece o deixar mais nervoso ainda, me ponho sentada ao seu lado e esboço o sorriso mais fofo que consigo, mas parece não adiantar, ele se senta também e me ignora completamente.
— Não é um bom dia ? — Pergunto receosa
Ele suspira e esfrega os olhos assim que levanta e vai de encontro ao banheiro, não ouço o som de suas palavras, e me levanto sem jeito apertando as mãos atrás do meu corpo. Observo ele sair do banheiro novamente e passar por mim ainda calado, seus olhos vão de encontro ao pequeno relógio em sua escrivaninha.
— Qual é o seu problema, Vanessa ? — Esbraveja. — São SEIS E MEIA!!... da manhã, que droga, fomos dormir tarde ontem se você não se lembra — Ele esfrega as mãos em seu rosto e se deita novamente. — Vá dormir e deixe que eu mesmo levanto quando me der vontade, ok ? — Sua voz soa bem irritada como nunca presenciei antes.
— Desculpa! — Murmuro e ele nem se quer me ouve.
Me retiro do quarto sem dizer nenhuma palavra a mais, fecho a porta com cuidado e corro para a sala. Ligo a televisão e pego uma almofada a abraçando em meu corpo.
"Por que me sinto tão chateada assim ?".
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Obrigada por ler❤
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Cabem mais dois ? [SEM REVISÃO]
Roman d'amourVanessa é uma professora de dança cercada por seus amigos que são as únicas companhias de sua vida, aos seus vinte e quatro anos ela se vê perdida quando descobre estar grávida de um cara pelo qual jamais escolheria como um pai para seu filho. Ela s...