CAPÍTULO 44

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— Nick, acho que a mamãe não tem sorte em nada mesmo. Você ainda quer ser meu filho? — Converso com meu bebê, enquanto tomo um copo de suco. — Se não quiser eu vou saber entender. Vou chorar bastante... Entrar em depressão talvez... Mas vou entender!! —  Suspiro e acaricio minha barriga.

Estou de cinco meses, hoje mesmo fui a minha consulta, e a médica me disse que está tudo bem, o peso, desenvolvimento dos órgãos e tudo mais. Eu me sinto aliviada e feliz todas as vezes que volto das consultas, é ótimo saber que meu pequeno está bem.

Não disse nada ao Léo, na verdade faz dois dias que não nos falamos, ele me ignora e eu travo sempre quando ele chega. Detesto ser ignorada, ainda mais por alguém tão importante para mim, mas se isso o faz se sentir bem, não vou julgar. Mas é impossível não se chatear.

Collin tem sido um bom amigo, ele me leva nos lugares e me tira do tédio com suas provocações e piadas sem graças. Ele me disse que o Léo anda muito calado , e que não conversam com muita frequência, queria ter forças para questioná-lo, quero entender o que está sentindo em relação a tudo o que aconteceu. Será que ele me odeia ? Espero que não, isso seria horrível.

Ouço a campainha tocar e me apresso a atender. Quando vejo Steve, me surpreendo bastante, ele nunca vem aqui... A não ser que tenha problemas com a Meg.

— Steve? Está tudo bem? — Pergunto com o cenho franzido.

— Sim. Está. E você está bem? — Pergunta. Suspiro aliviada por estar tudo bem, Meg é muito importante para mim , se ela não está bem, eu me preocupo.

— Sim, estou. — Sorrio. Ele sorri de volta.— Ahn... quer entrar ? — Me afasto e dou passagem para que entre.

Steve entra e analisa cada canto do apartamento.
— É bonito aqui. Bem aconchegante e organizado. — Comenta.

— Sim. organização tem se tornado minha obrigação durante esses meses. — Me lembro do Léo e suas broncas de quando eu bagunço algo. — E também eu tenho tempo o suficiente para organizar a casa a cada minuto. — Me sento no sofá e o convido também.

Ele se senta e me dou conta do quão cheiroso ele é. Deve passar o frasco todo de perfume, eu sentiria esse cheiro a quilômetros, não é ruim, é até um perfume gostoso, deve ser bem caro também.

— Como o bebê está? Hoje vi você saindo da clinica e nem pude te cumprimentar, você logo entrou no carro com o seu amigo. — Diz me tirando de meus pensamentos desnecessários. — A propósito sua barriga está grande, você está muito linda também.

Minhas bochechas queimam de vergonha pelo elogio espontâneo. Nem sei por que me sinto envergonhada, essa coisa de vergonha não combina comigo.

— O bebê está bem. E obrigada pelo elogio... Espero que não tenha falado apenas para ser gentil. — Crispo os olhos. E ele ri mostrando seus dentes perfeitos.

— Fico feliz que o bebê esteja bem... E não... Não disse isso para ser gentil, apenas disse algo óbvio, você está linda e todo mundo sabe disso.

— Já que está dizendo isso, devo admitir que me acho linda também, são poucos que tem a tremenda sorte de possuir tanta beleza!! — Brinquei. Ele sorri e me olha com os lábios abertos. Acho que não temos muita intimidade então devo controlar meus instintos, o cara vai se assustar se eu continuar. — Como a Meg está? — Me recomponho.

— Está bem. Obrigada por nos ajudar, as coisas realmente mudaram no colégio. Esses dias mesmo ela trouxe algumas amigas para casa, elas pareciam felizes, é tão bom ver a Meg assim!! — Seus olhos brilham ao falar da filha, e isso é lindo.

— Não me agradeça, eu fiz porque gosto muito dela. Você tem uma filha incrível. — Coloco minha mão em cima da sua. Ele descansa os olhos em cima das nossas mãos e fica em silêncio.

Seu rosto se levanta até o meu, eu sorrio para ele.

— Acho muito bonito esse carinho que sente pela minha filha. Você a conquistou também, na verdade conquistou toda a família. — Sorri de lado. — Eu vim aqui porque quero te dizer algo. — Ele me encara com seriedade e isso me assusta um pouco.

— O que?...

Ele endireita o corpo e aperta minha mão com delicadeza.

— Aquele dia que quase te beijei, sei que prometi não fazer aquilo novamente , e não vou, caso você não queria. A questão é que, depois do dia em que te conheci, você não sai dos meus pensamentos. Sempre quando a Meg me diz que você me mandou abraços e cumprimentos eu me sinto estranhamente feliz... — Oh, Meg... Sabia que tinha dedo dela nisso. —  Pode parecer estranho, sei que é, mas eu gosto de você, Vanessa. Gosto do seu jeito extrovertido e inocente, e além do mais, minha família te adora, vocês se dão tão bem. É tudo o que eu sempre quis, encontrar uma mulher como você. — Completa beijando minha mão.

Steve... — Minha voz mal sai. Permaneço parada, nem um dedo sequer tenho capacidade de mover.

— Eu quero muito que aceite sair comigo. Assim podemos nos conhecer e quem sabe se der certo podemos tentar algo. — Ele sorri para mim. — Não precisa me responder agora, apenas pense nisso... Pense com carinho, por favor.

Ele beija meu rosto e se levanta. Eu apenas assinto em resposta a sua pergunta, não sou capaz de fazer mais que isso. Ele se despede e sai, e eu me sento na bancada ainda tentando processar as coisas que ouvi.

— Cara!! Que loucura. — Digo para mim mesma.

Decido tomar um banho e analisar com calma tudo o que anda me acontecendo. Desde quando me tornei tão desejada assim? Estranho.

Após o banho, coloco meu vestido creme soltinho e prendo meu cabelo em um coque desengonçado. Ouço o barulho da porta da sala, e logo em seguida alguns murmúrios. Decido ir até lá, quando chego , vejo Leonardo conversar com Spencer. Ele ri de algo e sinto inveja de nao poder fazê - lo sorrir mais.

— Vanessa, como vai? — Diz ela com seu sorriso debochado. Leonardo se vira para mim mas desvia seu olhar rapidamente

— Bem, obrigada. — Forço um sorriso. Giro os calcanhares e volto para o meu quarto as pressas me jogando sobre a cama.

Não posso negar que ela é uma mulher bonita, com toda a certeza é melhor que eu. Ela se veste de um jeito mais maduro, sua postura é sempre tão alinhada que me causa cansaço. Talvez o Léo tenha notado que combina mais com ela do que comigo.

Isso me deixa chateada, mas não choro. Acho que finalmente meu estoque de lágrimas secou. Sinto mais uma vez meu pequeno mexer e acaricio minha barriga com um sorriso que só meu filho é capaz de tirar. Eu o amo tanto que sinto não caber tal sentimento dentro de mim.

Se o Léo não me ama do jeito que eu o amo, tenho que aceitar, e na verdade eu sei que isso nunca daria certo. Tudo o que eu preciso é do amor do meu filho.

— Eu te amo, Lucca!! — Fecho os olhos e me deito. Sinto um pequeno "chute" em minha barriga.

Abro os olhos e me sento as pressas .

— Você , gostou ? ...Lucca?! — Mais um chute. —  Meu filho!! Você escuta a mamãe? Escolheu seu próprio nome! - Uma lágrima escorre dos meus olhos. Acho que não secou meu estoque completamente.

Sorrio, sorrio tanto que nem sei se já sorri desse modo alguma vez.

Lucca. Eu adorei a escolha.

Meu pequeno, Lucca. A mamãe te ama demais. Você nem pode imaginar o quanto!!

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Obrigada por ler❤

Cabem mais dois ? [SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora