Capítulo 23

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Aquela estranha sensação - de que algo não ia bem - não a deixava em paz. Era como se uma mão invisível apertasse seu peito, deixando seu coração mais pesado. Até pensou ser cansaço ou quem sabe algum efeito colateral dos remédios, mas algo dizia não ser aquilo.

Olhou para o celular sobre a cama e suspirou frustrada. Kai não tinha ligado naquela tarde. Ele sempre o fazia após o almoço e quando não dava, enviava ao menos uma mensagem.

Ele deve estar muito ocupado. Repetiu para si mesma. Porém, não conseguia se acalmar. Não enquanto Kai não voltasse para casa. Tinha medo que algum familiar de uma das vítimas do incêndio no hotel, fizesse algo contra Kai.

Olhou para o rostinho da filha, que apesar de já está dormindo, não parava de mamar por um segundo. Com cuidado, a fez largar o seio e a colocou para arrotar. Ela dormia tão profundamente, que nem se remexeu ao ser colocada no berço.

Bonnie pegou o celular, a babá eletrônica e saiu do quarto, deixando a porta aberta. Desceu as escadas e ao chegar à sala, encontrou os pais.

"Valentina já dormiu?" Silas perguntou. Ele parecia tenso, assim como Abby.

"Demorou mais que o normal, mas graças a Deus, agora está em um sono profundo." Sentou ao lado de Abby, que imediatamente a abraçou. "Está tudo bem com vocês?"

"Está sim, meu amor." Abby a beijou no rosto. "E com você? Está sentindo alguma dor?"

"Não. Só o cansaço normal mesmo." Deu de ombros não querendo preocupá-los.

O celular vibrou e Bonnie estranhou ao ver uma mensagem de um número desconhecido.

Soltou um grito desesperado ao ver uma foto de Kai caído ao chão e sujo de sangue. Suas mãos tremiam tanto, que o celular caiu no chão.

"O que foi?" Silas pegou o aparelho e blasfemou ao ver o que tanto abalara a filha.

"O Kai... oh, meu Deus!" Ela sentiu uma pontada na cirurgia, no entanto, essa dor era o de menos se comparada ao seu desespero, ao medo de entender o que aquilo significava.

"Calma!" Silas se ajoelhou em sua frente e segurou seu rosto. "O Kai está na sala de cirurgia, a mãe dele e o Stefan já viajaram ao seu encontro."

"Ele está... vivo não... está?" Perguntou entre os soluços. Abby a acariciava nas costas, tentando confortá-la.

Sua cabeça, assim como todo o corpo já doía.

"Sim, filha. Kai é jovem e forte. Ele tem uma filha para criar. Não vai abandoná-las sem lutar." Silas falava com tanta certeza, que Bonnie até começou a acreditar naquelas palavras.

"Precisa se acalmar, meu amor." Abby murmurou e afastou os cabelos de Bonnie do rosto molhado de lágrimas. "Ainda não está recuperada da cirurgia e isso faz mal tanto pra você quanto pra Valentina."

"Ele vai ficar bem não vai? Ele prometeu que voltaria, que nunca desistiria de nós."

"Então, ele vai voltar." Silas a abraçou e Bonnie o agarrou como se fosse seu bote salva-vidas.

(...)

A cirurgia tinha durado mais de quatro horas e o mais difícil foi controlar a hemorragia. Por sorte, a bala não tinha perfurado nenhum órgão vital, mas foi por bem pouco.

Kai agora estava na UTI e não poderia receber visitas. Foi após muita insistência e lágrimas de uma mãe desesperada, que Stefan conseguiu com que Josette visse o filho mesmo que de longe.

"Nenhuma pista?" Perguntou a Malcolm, que estava com uma péssima aparência.

"Até agora nada. Uma equipe já está analisando as câmeras de segurança da região e a polícia colhendo informações." O segurança passou a mão no rosto cansado. "Eu avisei que deveríamos ter trago mais seguranças, mas Kai quando mete algo na cabeça..."

"Trouxe seis comigo como você pediu." Stefan pegou o celular e digitou algumas mensagens antes de voltar a atenção para Malcolm. "Acha que pode ter sido vingança?"

"O mais provável. Tinha um irmão de uma das vítimas bastante transtornado e que gritou no meio de várias testemunhas, que a morte do irmão não ficaria em pune. A polícia já deve estar colhendo o depoimento dele."

"Seja quem for, pagará bem caro por isso." Stefan disse furioso. Ninguém mexia com sua família, ainda mais com Kai, que não fazia mal a ninguém.

"Com certeza, Stefan. Tenho a Kai como se fosse um filho. Conversei com o diretor do hospital e ele autorizou, que dois seguranças permaneçam por aqui."

"Ótimo. Não devemos abaixar a guarda. Quem tentou uma vez pode muito bem querer terminar o serviço."

Continua...

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