Capítulo 5

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Ela estava terrivelmente exausta. Tinha até saído mais cedo do trabalho por causa das dores nas costas. Agora, admirava ainda mais aquelas mulheres, que conseguiam trabalhar durante toda a gravidez e só descansavam quando finalmente o filho vinha ao mundo.

"Mas você não é como elas, Bonnie." Lembrou-se com tristeza.

Ouviu batidas na porta e a voz de Jeremy, que logo entrou na casa com um vasilha de plástico nas mãos. Jenna vinha logo atrás do filho, andando com dificuldades, por causa do problema que tinha em uma das pernas, sequela do AVC que sofrera há um ano.

"Bonnie, trouxemos sopa de legumes e frango pra você." Jeremy tinha um sorriso enorme no rosto ao colocar a vasilha sobre a mesinha e correr para perto de Bonnie para abraçar a barriga dela. "Como vai a bebê mais linda do mundo?"

"Como pode ter tanta certeza que é uma menina, filho?" Jenna que sentou-se ao lado de Bonnie no pequeno sofá, deu um beijo no rosto da jovem.

"Porque vou me casar com ela." Jeremy respondeu com convicção, os olhos castanhos brilhando ao fitar a barriga de Bonnie. "Vou estudar muito e um dia serei um dos melhores médicos do mundo para cuidar da senhora e dar uma vida confortável pra minha bebê."

"Que lindinho." Bonnie acariciou os cabelos do garoto, fazendo-o corar absurdamente. "Mas lembre-se, que se o Grãozinho for uma menina, a decisão será dela se casará com você ou não."

"Eu sei. Mamãe sempre nos fala, que devemos respeitar as mulheres e nunca fazê-las sofrer." Jeremy continuou em tom baixo. "Eu prometo que vou proteger e cuidar da bebê. Estarei sempre por perto para protegê-la."

"Tenho certeza que será um excelente homem, rapazinho." Bonnie deu um beijo na testa de Jeremy e voltou os olhos para Jenna, que tinha um olhar de orgulho sobre o filho. Apesar de tê-los criado sozinha, agradecia a Deus por ter filhos tão bons e maravilhosos. "Como a senhora está?"

"Estou bem. Só cansada de ficar em casa. Não apareceu nem mais uma costura para fazer." A mulher suspirou com tristeza. "Gostaria tanto de trabalhar, mas com essa limitação..." Apontou para a perna. "E o tanto de remédio que tomo por dia, fica impossível. Sinto por minha filha; ao invés de estar estudando, tem que trabalhar tanto para sustentar a casa."

"Matt termina a faculdade no final do ano, não é?" Bonnie segurou a mão fina de Jenna. "Logo ele conseguirá um emprego em alguma empresa. Ele é ótimo com os números e tenho certeza que as coisas melhorarão."

"Deus te ouça, minha filha. Mas e vocês como estão?" Jenna colocou a mão sobre a barriga de Bonnie. "Elena me contou que o pai de seu filho apareceu por aqui."

"Estou com um pouco de dor nas costas, mas deve ser porque dormi de mal jeito essa noite." Bonnie suspirou e olhou para Jeremy, que cochichava algo para o Grãozinho. "Ele descobriu a verdade e veio pedir desculpas."

"E como ele reagiu ao saber da gravidez? Deve ter ficado transtornado." Bonnie deu um sorriso cansado, lembrando-se da expressão de Kai ao ser confrontado com todas as mágoas dela.

"Ele me magoou tanto. Kai me disse coisas terríveis àquele dia. Expulsou-me de sua vida exatamente como meus pais fizeram." Bonnie engoliu em seco, tentando acabar com o bolo amargo em sua garganta.

"Mas mesmo assim você ainda o ama." Jenna tinha um olhar carinhoso. "A dor ainda é recente e pode demorar a cicatrizar, porém, não seja orgulhosa ao ponto de abrir mão de algo que seu filho merece. Logo mais não poderá mais realizar aquele serviço tão puxado. Como fará para sustentar você e um recém-nascido? Não estou falando para perdoá-lo, até porque possuir amor-próprio é indispensável, mas aceite a ajuda financeira que ele está disposto a fornecer. Pense no bem dessa criança, que está para vir ao mundo. Aqui, tão gelado e cheio de mofo não é o melhor lugar para cuidar de um recém-nascido."

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