Capítulo 36

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Stefan preferiu ficar em silêncio escutando a conversa totalmente desproporcional entre Damon e Melissa.

Era até estranho ver seu irmão - que antes tinha pouca afinidade por crianças - totalmente apaixonado pela sobrinha, ao ponto de lhe presentear com bonecos do Homem de Ferro, Batman, Homem Aranha e outros super heróis, que Melissa fazia questão de colocar algum acessório feminino.

"Mel, já disse que eles são machos. Não podem usar vestidos." Damon resmungou depois de engolir um pedaço de bolo. O Salvatore estava quase morando na casa de Stefan após a sobrinha passar a viver com o irmão caçula.

Tinha se encantado por aquela coisinha loira de olhos azuis e sapeca. Tão pequena, delicada e indefesa. Acostumado a ver inúmeros casos grotescos na vara da infância, tinha prometido a si mesmo que nunca deixaria Melissa desamparada e nem correndo qualquer tipo de risco que colocasse sua integridade física e mental em risco. Já que tinha seu sangue, ela era tão sua quanto de Stefan. Tinha até esquematizado estratégias para afastar todos os garotos que se aproximassem dela.

"Então eu quero uma bonequinha da Mulher Maravilha e mais uma Barbie." Mel bateu palmas, mas depois seus olhos encheram de água e a voz chorosa. "Eu quero uma bonequinha loira igual a mamãe. Estou com saudades da mamãe."

Damon olhou para o irmão, que após um suspiro, pegou a filha e a sentou em seu colo. Afastou os cabelos grudados na testa dela e deu um beijo. Apesar de muito inteligente, era apenas uma criança e não compreendia o significado da morte, ainda mais da pessoa que lhe era a mais importante do mundo. Tinham se passado cinco semanas após a morte de Valerie; Melissa sempre chorava na hora de dormir e quando repentinamente lembrava da mãe.

Agradecia muito a seus pais e Damon por todo o apoio e amor que davam a Mel. Elena também estava se dando muito bem com a menina, quando estavam juntas, Mel nem ao menos se lembrava do pai ou de qualquer outra pessoa, pois ficava mais interessadas em brincar com Elena, que fazia inúmeros vestidos tanto para as Barbies quanto para os super heróis.

"Sua mãe foi morar lá no céu. Ela é a estrela mais brilhante que existe lá em cima." Mel o mirava com seus grandes olhos azuis marejados. "Mesmo que não a veja, Valerie sempre estará pertinho de você, aqui dentro do seu coração."

"O senhor também sempre estará no meu coração." Mel esfregou o nariz com as mãos.

"E eu?" Damon pegou a menina e a jogou para cima, fazendo-a gritar de medo e alegria.

"Você também tio. E o vovô Giuseppe, a vovó Lily, a Elena e o Jeremy." Damon fez careta ao ouvir o último nome. Não gostava nenhum pouco da amizade da sobrinha com o mini-cunhado de Stefan. "Me põe no chão tio, vou buscar minha boneca lá no quarto."

"Deve ficar de olho nessa amizade. O garoto já é fogo. Com oito anos já decidiu que vai casar com a filha do Kai." Damon falou quando a menina já não estava mais na sala. "Mel já tem cinco anos e um casamento fica mais fácil."

"Não viaja, Damon." Stefan revirou os olhos se perguntando como aguentaria Damon e Kai quando as meninas começassem a crescer. Pelo visto seria o único sensato naquele grupo de ciumentos crônicos. "São apenas crianças."

"Eu com oito anos já tinha dado meu primeiro beijo e com doze perdido a virgindade com uma gostosa de dezoito anos."

Stefan ainda se perguntava como poderia ser irmão de alguém completamente diferente de si. Enquanto era movido a sentimentos, Damon era do tipo físico, que aproveitava as oportunidades que surgiam. Não foram poucas às vezes em que o flagrou se pegando com alguma garota nos eventos que aconteciam em casa. Nem mesmo as amigas solteiras de sua mãe escapavam. Se dona Lilian Salvatore algum dia descobrisse sobre isso, arrancaria o bem mais precioso de Damon.

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