Capítulo 35

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Beijou mais uma vez sua bebêzinha cheirosa, devidamente alimentada e agasalhada. Se pudesse levá-la, mas lá fora começava a nevar e não seria louca de expô-la ao intenso frio de Nova York.

"Não se preocupe, Bonnie. Essa mocinha nem vai sentir sua falta." Marie pegou Valentina, que foi de bom grado, já com as mãozinhas espertas prontas para puxar os cabelos curtos dela. "Essa menina vai ser cabeleireira só pode."

"Ela vai ser freira, Marie. Freira. Cabelo curtinho. Roupas folgadas e até os pés. Nada de maquiagem." Kai apareceu arrumado para ir ao trabalho. Vestia um pesado casaco preto, assim como os sapatos e as luvas.

"Uma vez li um livro de dois amigos que cresciam juntos. A menina foi para um convento porque o amigo queria ser padre. O amor falou mais alto, se entregaram a paixão. A mocinha engravidou e resolveram abandonar a vida religiosa." Marie falou para o desespero de Kai, que fechou os olhos e respirou fundo várias vezes. "Mas não precisa se preocupar. Essa mocinha aqui não vai ser freira. Sendo sua filha não corre esse perigo."

Marie os deu as costas e foi para a cozinha com Valentina. Kai esfregou as mãos no rosto e por um momento quis rir de seu desalento. Era engraçado vê-lo com ciúmes de supostas situações que estavam longe para acontecer.

"Malcolm e mais quatro seguranças irão te acompanhar até a faculdade. Eu iria senão tivesse uma reunião daqui a pouco." Kai falou quando entraram no elevador.

Ela iria até a faculdade acertar sua situação para retornar o curso no próximo semestre. Silas ficou de ir com ela, mas Abby não tinha acordado se sentindo bem. Ainda estava meio fraca por causa da forte virose que teve há algumas semana.

"Mas e você?" Perguntou quando as portas do elevador se abriram e saíram na garagem do edifício, onde a equipe de seguranças já os esperava ao lado de quatro carros blindados.

"Mais quatro estarão comigo." Pararam ao lado de Malcolm, que segurava a porta do carro aberta. "Estará segura com Malcolm. Sei que ele cuidará de você com a própria vida se preciso."

"Sempre senhor." O segurança respondeu com firmeza e deu um de seus melhores sorrisos.

"Quando chegar em casa me liga está bem, Carinho?" Bonnie concordou e recebeu um leve beijo na testa.

Ela entrou no carro e cumprimentou Alexander, logo depois Malcolm sentou ao lado do motorista e saíram do edifício ganhando as ruas molhadas de Nova York.

"Onde estão os outros seguranças?" Pelo retrovisor, os olhos verdes de Malcolm a fitaram.

"Em um carro logo atrás, senhorita." Ele sorriu. "Voltará a estudar?"

"Sim. Preciso pensar no meu futuro e no de minha filha. Retornar de onde parei."

"Está certa senhorita Bonnie. É o que sempre digo para meus filhos. Ano que vem minha Amanda entrará para a universidade. Seu sonho é cursar medicina." Alexander disse com orgulho. "O senhor Kai já  disse que ajudará em tudo o que for preciso."

"Kai é um grande homem. Não sei como alguém pode querer o seu mal." Bonnie suspirou.

"Trabalho para os Parker há mais de quinze anos e o tenho como um filho. Não deixarei que mais nada o machuque."

Malcolm falou com tanta convicção, que Bonnie se sentiu mais animada. Era bom saber que poderia contar com o apoio de pessoas leais.

De repente o carro freiou bruscamente e mesmo com o cinto de segurança, bateu o rosto no banco da frente. Zonza, viu Malcolm e Alexander sacarem as armas e seu coração começou a bater mais forte, quando mil e uma possibilidades rondaram sua mente.

"Fiquem aqui." Malcolm ordenou antes de sair.

Escutou tiros e se encolheu contra o assento. Pela janela, viu dois dos seguranças caindo no chão feridos.

Escutou Alexander pedir reforços, mas não consiguia desgrudar os olhos dos acontecimentos do lado de fora. Viu com horror o momento em que Malcolm foi atingido por um tiro no braço e outro no peito.

"Fique aqui senhorita." Alexander pronunciou, já se preparando para sair do carro, mas sua porta foi aberta de uma vez e Bonnie só escutou o barulho de um tiro, que doeu em seus ouvidos.

Alexander tombou para o lado e Bonnie gritou histérica ao ver o buraco da bala em sua testa. Os olhos vidrados. O sangue escorrendo por trás de sua cabeça.

Com as mãos trêmulas, ela tirou o cinto de segurança e tentou abrir a porta e quem sabe fugir, no entanto, foi puxada bruscamente para fora do veículo pelos cabelos.

Se debateu, tentando se livrar do aperto. Um pano com um cheiro fortíssimo foi pressionado contra seu rosto, roubando-lhe todo o ar. A vista escureceu e pensou na filha antes de cair na inconsciência.

Corações Feridos✔Onde histórias criam vida. Descubra agora