Capítulo 3

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Notas Iniciais: Obrigada pelo imenso carinho de todas. Vocês são uns amores maravilhindas.
😍😍💜💜

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Abriu os olhos com dificuldade. Sua cabeça doía miseravelmente. Desde os 19 anos quando levara uma surra de cinto do falecido pai, por causa do primeiro porre com uns colegas da universidade, Kai jamais tinha voltado a colocar um pingo de álcool na boca.

Se Williams Joseph Parker ainda estivesse vivo, estaria terrivelmente decepcionado com o filho. Ainda podia ouvir claramente a voz do pai dizendo: "Nunca tome uma decisão na hora da raiva... Pense duas vezes antes de dizer ou fazer algo... Averigue os dois lados da situação antes de dar uma sentença...". Gostaria de tê-lo por perto e ouvir seus conselhos, com certeza ele saberia o que fazer.

Tentou sentar-se na cama, mas a cabeça rodou, fazendo-o cair de costas outra vez no colchão. Nunca mais voltaria a beber. Álcool não resolvia nada.

Passou a mão pelo colchão e encontrou o vestido azul, o preferido de Bonnie. Levou-o ao nariz e sentiu o cheiro do perfume dela. Tão delicado e suave quanto a dona.

Todas as roupas de Bonnie ainda estavam no guarda-roupa. Não tivera coragem de jogá-las fora porque isso tornava tudo ainda mais real e doloroso.

"Eu vou encontrá-la, Bonnie. Nem que eu tenha que ir até o fim do mundo, vou trazê-la de volta. Vou fazer o impossível para conseguir seu perdão." Sua garganta apertava e o medo de não conseguir o perdão de Bonnie o atormentava.

"Algum dia a verdade prevalecerá..." Ela continuou. "Quando descobrir a verdade, não venha atrás de mim, Malachai Parker. Lembre-se que foi você quem deu fim aos meus sentimentos por ti... Será muito tarde para arrependimentos. Será eu quem não irá querer ouvir sua voz e nem ver sua cara."

"Jamais me arrependerei de ter me livrado de uma vagabunda oportunista."

Foi impossível segurar as lágrimas. Se aquelas palavras cruéis doíam nele, imagine em Bonnie. Ela o odiava e com toda a razão, pois nem ele mesmo era capaz de se perdoar.

Se pusesse as mãos em Nora, seria capaz de matá-la lentamente por destruir sua vida. Mas quem ele queria enganar? O maior culpado de destruir aquela história de amor era ele por não ter sido capaz de dar um voto de confiança à mulher amada, na primeira prova, mostrou-se um verdadeiro estúpido. Na hora da raiva não pensou em mais nada a não ser em machucá-la como achava que ela o tinha machucado.

O toque insuportável da campainha o assustou. Não iria levantar da cama, quem quer que fosse, desistiria e iria embora. Ledo engano, o barulho estridente continuou pelos próximos quatro minutos.

Levantou-se com cuidado e desta vez não teve tontura. Sem se importar em colocar uma camisa, foi a passos lentos até a sala, amaldiçoando o infeliz que ainda tocava a campainha sem parar. A cabeça parecia explodir quando abriu a porta com força e deu de cara com Stefan Salvatore o mirando com preocupação. Naquela hora, Kai esqueceu-se de tudo, agarrou o colarinho da camisa do amigo e o puxou para dentro do apartamento.

"Descobriu onde ela está?" Questionou eufórico.

"Se afasta, cara! Não sou obrigado a sentir esse bafo podre de onça." Stefan o empurrou e foi se sentar no sofá. "Você está horrível."

"Pare de enrolação, Stefan! Não veio até aqui para falar da minha aparência." Kai sentou-se no sofá menor e observou o amigo com impaciência. Franziu o cenho com uma nova pontada na cabeça.

"Consegui encontrá-la." Stefan estava estranhamente sério, aumentando a ansiedade de Kai. "Ela está morando no Bronx..."

"Bronx?" Questionou incrédulo. Aquele era um dos locais mais violentos de Nova York, com as taxas mais altas de criminalidade do Estado. Kai passou as mãos pelos cabelos. "Meu Deus... Bonnie está sozinha naquele lugar..."

"Ela trabalha de segunda a sexta, das 07 da manhã às 17 horas em uma lavanderia do bairro e ganha 100 dólares por semana..."

"O que?" Levantou-se do sofá. A incredulidade estampada no rosto. "Bonnie não pode estar trabalhando em uma lavanderia, ela é alérgica a produtos de limpeza!" Puxou os cabelos com força, a culpa o esmagando. Bonnie estava naquela situação por culpa dele. Se arrependimento matasse... "Me dê o endereço dela. Preciso tirá-la de lá."

"Aqui está." Pegou o papel de Stefan, gravando bem as informações. "Sugiro que tome um bom banho, beba umas aspirinas e se alimente bem. Além do mais, deixe para conversar com ela a noite. Em uma hora dessas ela está no trabalho..."

"Mais uma razão para que eu vá até ela agora."

"Precisa ir com calma, meu amigo." Stefan se levantou e parou em frente à Kai. "Use o resto do dia para pensar bem no que vai falar. Bonnie não aceitará seus pedidos de desculpas. Não conseguirá o perdão dela tão facilmente." Stefan tinha um olhar estranho, mas Kai não se apegou muito ao fato. "Talvez a mágoa seja maior do que você possa imaginar."

❄❄❄


Ao terminar de lavar a louça do jantar, Bonnie se sentou na cama e começou a dobrar umas poucas peças de roupa que possuía. Apesar do frio, vestia um vestido folgado e fino, que usava para dormir.

Suas pernas e pés doíam infernalmente, mas mesmo assim, Bonnie tinha um sorriso no rosto. Estava consideravelmente bem e seu grãozinho crescia um pouquinho mais a cada dia vencido. Em poucos meses o teria em seus braços, para abraçar e amar cada vez mais. Seria mãe e pai daquela criança. Não tinha a mínima ideia do que faria quando o bebê nascesse, não tinha nada, o pouco que ganhava dava mal para pagar as contas e se alimentar, porém, Deus lhe mostraria um meio de sobreviver.

Olhou para a bolsa rosa de bebê sobre uma cadeira ao lado da cama e esticou o braço para pegá-la. Havia sido um presente de Elena, que como madrinha do bebê, tinha dito ser sua obrigação dar o primeiro presente. Bonnie sorriu, lembrando-se da amiga maravilhosa. Pelo menos sabia, que se algo acontecesse a ela, Elena moveria céus e terras para cuidar do afilhado.

Bonnie nunca tinha contado à ninguém, no entanto, morria de medo de algo acontecer, que a impossibilitasse de criar o filho. Não gostava nem de pensar nessa possibilidade. Por ter sido criada em um orfanato, sabia perfeitamente a falta que uma mãe fazia na vida de uma criança.

Escutou batidas na porta e seu coração deu um pulo. Quem poderia ser? Olhou para o relógio na parede, ainda era oito da noite. Talvez fosse Jeremy, o irmão mais novo de Elena, que tinha ido lhe visitar como fazia todas as noites. O garoto de oito anos era uma ótima companhia e amava conversar com a barriga dela e senti-la mexer.

Calçou as sandálias e foi até a porta, abrindo-a com um sorriso, que logo se desfez ao ver o homem parado a sua frente.

"Bonnie..." Ele sussurrou seu nome e Bonnie reconheceu a dor naquela voz profunda. Por instinto colocou as mãos sobre a barriga, chamando a atenção de Kai para essa parte de seu corpo. Viu o espanto e a incredulidade estampados naqueles olhos azuis.

Bonnie tentou fechar a porta, porém, Kai a impediu.



Continua...

Corações Feridos✔Onde histórias criam vida. Descubra agora