Capítulo 32

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Elena Gilbert




Eu acreditava, que nada poderia ser mais chocante que pegar meu irmão mais velho aos beijos com outro homem. Quando acontece na família dos outros é fácil julgar e ter as respostas na ponta da língua, mas quando bate em sua porta é bem mais complicado.

Jamais poderia imaginar que Matt fosse gay. Ele teve duas namoradas e alguns casinhos. As garotas do colégio viviam atrás dele se oferecendo e não foram poucas, às vezes em que o vi se agarrando com elas pelos corredores da escola. Só quando começou a universidade foi que ele se aquietou, passou a se dedicar totalmente aos estudos e não apareceu mais com nenhuma garota. Pensei que Matt tinha dado um tempo para evitar distrações, mas pelo visto, me enganei.

Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos, Matt aos beijos dentro de um carro com um tal de Tyler Lockwood, jamais acreditaria. Após conversamos, meu irmão pediu um tempo até ter coragem de contar à minha mãe para que ele pudesse assumir sua homossexualidade sem culpa.

Eu temo pelo meu irmão. Tenho medo do que as pessoas intolerantes possam fazer contra ele. Com tantos ataques de gangues e até mesmo terroristas contra os homossexuais, fico temerosa pela vida de Matt. Ele é meu irmão mais velho, sempre cuidou muito bem de mim tanto em casa - quando mamãe ia trabalhar - quanto na escola. Sei que posso contar com ele para o que precisar, tanto quanto Matt também pode contar comigo.

"Hoje você está mais distraída que o normal, Elena." A senhora Kim resmungou com seu típico humor ácido. Parece que vive chupando limão. Com um marido feio daquele, eu não duvido nada. Ela precisa é de um macho para deixá-la de bom humor.

"Bom dia." Viro rapidamente em direção aquela voz tão conhecida e sinto meu coração acelerar ao me deparar com os olhos verdes mais lindos que já vi.

"Bom dia. O senhor deseja algo?" A senhora Kim ajeitou os óculos sobre o enorme e pontiagudo nariz e franziu a testa. "Ah, você é o rapaz que salvou Elena." Olhamos em confusão para a velha senhora, que possuía um sorriso maior que a cara. "Essa menina tão bonita já estava envolvida com uma jovem grávida. Era uma melação só quando a outra aparecia aqui. Só não se beijavam na frente de todos porque eu não deixava."

"Eu garanto que de lésbica, Elena não tem nada." Stefan piscou para a senhora Kim, que gargalhou alto. Fiquei vermelha ao entender as insinuações sexuais de Stefan. "Gostaria que a senhora liberasse minha garota mais cedo." Cruzei os braços, enquanto observava Stefan jogar charme para cima de minha azeda chefe. Até parece que ele iria conseguir dobrar a fera. "Estou morrendo de saudades de ter um tempo só nosso. Se é que a senhora me entende."

"Oh, esse é o fogo da juventude." A senhora Kim riu e piscou maliciosa. Fiquei de boca aberta diante daquela cena bizarra. Será que a velha tinha enlouquecido ou estava querendo dar para o Stefan? "Pode tirar o resto do dia de folga, Elena. Vá e aproveite o tempo com o bonitão do seu namorado. Só tomem cuidado. Você é muito nova para ser mãe."

"Senhora Kim..." Murmurei constrangida e tratei logo de ir até a área de serviço e pegar meu casaco e a bolsa.

Voltei rapidamente e peguei a mão de Stefan, puxando-o, para que saíssemos logo da lanchonete, antes que a senhora Kim falasse mais alguma besteira ou mudasse de ideia quanto a me liberar pelo resto da tarde.

"Desculpe. A senhora Kim é meio louca e acha que Bonnie e eu éramos um casal." Falei quando Stefan se sentou no banco do motorista e começou a dirigir pelo trânsito caótico da cidade. "Por que você sumiu todo esse tempo? Achei que tinha se cansado de brincar com a garotinha suburbana."

Ele ficou em silêncio e só falou quando paramos em um sinal vermelho.

"Desculpe, querida. Minha vida está uma confusão nas últimas semanas. Estava sem cabeça para nada." Stefan acariciou minha bochecha e respirou fundo. Observando-o melhor, vejo as olheiras escuras em volta dos olhos verdes, assim como o cansaço que marca seu rosto. "Você é muito importante para mim, Elena. Muito mesmo." Ele voltou a atenção para a estrada quando ouvimos sons de buzinas atrás de nós. "Jamais duvide de meus sentimentos ou volte a se diminuir desta forma. Vou te levar até minha casa e lá poderemos conversar mais a vontade. Tem algum problema?"

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