Sorriu satisfeita ao ver a pequena tão bem arrumada, parecendo uma bonequinha de tão perfeita que era.
"Já estou com saudades." Abby falou ao seu lado e suspirou. "Já estava acostumada a tê-las pertinho de mim."
"Pode nos visitar quando quiser, mamãe." Pegou a filha e observou o quarto decorado de branco e rosa, montado no apartamento de Kai. "A senhora e papai não vão se livrar dos maus costumes que colocaram em Valentina."
Referiu-se ao fato da pequena querer viver nos braços e não suportar mais ficar no berço enquanto estivesse acordada. Tinha apenas um mês e meio de nascida, porém, já era cheia de manhas e sabia usar muito bem a garganta quando queria algo.
"Kai vai estragá-la ainda mais." Abby pegou Valentina e a encheu de beijos. "Que coisinha mais gostosa e cheirosa da vovó."
Bonnie balançou a cabeça e começou a colocar os frascos com perfume, talco e lenços umedecidos em seus devidos lugares. Percebeu como suas mãos tremiam de ansiedade. Kai logo chegaria em casa e finalmente poderia revê-lo depois de tanto tempo. Falar por telefone não era suficiente para aplacar a saudade, que tinha do pai de sua filha e do homem amado.
Será que era uma idiota por já tê-lo perdoado? Não que estivesse pronta para voltar a ter algo com Kai, mas, depois de quase perdê-lo para a morte, Bonnie, teve a oportunidade de refletir que guardar mágoas não faria bem a nenhum dos envolvidos. A vida era tão curta para se viver cheia de amarguras, que acabaria não aproveitando nada e quando percebesse, já seria tarde demais para se arrepender.
"Mamãe..." Sentou-se ao lado de Abby e apertou a mão ao sentir um leve incômodo na barriga.
"Fale sobre o que a aflige, minha filha." Abby sorriu ao lhe entregar Valentina. "É sobre o Kai?"
"Sim." Passou a mão na cabeça de Valentina, onde começava a nascer alguns fios de cabelos claros. A bebê mordia as mãos e balançava as pernas, os olhinhos azuis fixos no rosto da mãe. "Acha que fiz bem em voltar para cá?"
"Se te faz bem, acredito que sim. Mesmo querendo que morassem comigo até ficarem velhinhas, acho que o lugar das duas é ao lado de Kai. Seu pai pensa o mesmo." Abby passou o braço pela cintura de Bonnie e beijou o rosto da filha. "Você é uma mulher maravilhosa e meu maior orgulho. Às vezes tenho medo de acordar e pensar que tudo foi um sonho, que estou sozinha sem nenhum de vocês."
"Não chore." Bonnie disse ao escutar a voz embargada da mãe. "Todo o pesadelo acabou e fico imensamente feliz por tê-los em minha vida. Vocês são os melhores pais que Deus poderia ter me dado e é tão fácil amá-los. É como se nos conhecêssemos a vida inteira."
Abby abraçou a filha com mais força, arrancando um resmungo de Valentina, que começou a se remexer no colo de Bonnie.
"Permita-se ser feliz, querida. Não digo para cair nos braços de Kai, mas pode deixá-lo te cortejar."
"Cortejar?" Levou o seio a boca de Valentina, que rapidamente passou a mamar. "Como naquelas histórias de época?"
"Por que não?" Abby se levantou e passou a alisar a saia azul rodada de cintura alta, que usava. Tinha um sorriso enorme no belo rosto. "Silas é meu cavalheiro do século XXI e todos os dias me conquista cada vez mais." Mordeu o lábio inferior e sorriu sonhadora, para logo em seguida balançar a cabeça como se procurasse dispersar os pensamentos. "Seu pai tenta compensar todo o sofrimento que Finn nos causou. Ele se culpa pelo que aconteceu, acha que tudo poderia ter acontecido diferente, senão tivesse desconfiado de meu caráter e tivesse ido atrás de mim para esclarecer as coisas. O que quero dizer, é que Kai é humano e comete erros como qualquer um de nós." Tocou os cabelos de Bonnie. "Vocês mudaram nesses meses, amadureceram e você precisa superar isso e seguir em frente. Vocês podem se conhecer calmamente agora, se redescobrirem. Deixe-o provar ser merecedor de seu amor. Seja ao lado de Kai ou não, liberte seu coração para que finalmente possa ser feliz."
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Corações Feridos✔
DiversosHistórias da série: 1 - Corações Feridos; 2 - Você nunca estará só; 3 - O seu lugar é ao meu lado; 4 - Não me esqueça; 5 - Em busca do amor. Uma história de amor que foi destruída pela falta de confiança. Ela foi acusada injustamente por algo que nã...