Capítulo 9

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Estava terminando de revisar o contrato que firmaria com uma empresa de turismo, que se tornaria parceira do Resort San Marino Parker em Acapulco, quando a porta de sua sala foi aberta bruscamente e dois furacões loiros entraram.

"Falei que estava ocupado, mas ela tem problemas de audição." Magali disse exasperada. Kai bem sabia que sua assistente era bem capaz de tirar Caroline arrastada pelos cabelos. Não a suportava e isso não era segredo para ninguém.

"Diferente de você, eu escuto muito bem." Caroline enfrentou o olhar fulminante de Magali. "Precisamos conversar em particular, Kai. É um assunto de extrema urgência."

"Seja rápida." Kai indicou a cadeira do outro lado da mesa para a loira se sentar.

"Seja rápido mesmo, Malachai. Tem um compromisso muito importante daqui meia hora. Não o perca por causa de coisas supérfluas." Trocou um olhar com Magali, que saiu silenciosamente da sala, deixando-os sozinhos.

"Deveria trocar de assistente. Magali é muito grosseira e sempre me trata mal quando venho aqui." Caroline se queixou com seu típico melodrama de garota mimada.

Kai respirou fundo, procurando não ser grosseiro. Era o mínimo que poderia fazer depois de ter ido para a cama com a mulher sentada à sua frente. Nunca foi um canalha e não o seria naquele momento.

"Tenho certeza que não veio aqui reclamar de Magali, então, peço que vá direto ao assunto, Caroline."

"Como você não me procurou depois daquela noite maravilhosamente inesquecível..." Ela sorriu maliciosa, debruçou-se sobre a mesa e segurou a mão dele, que se afastou rapidamente do toque dela, o que fez Caroline franzir o cenho.

"Caroline..." Kai falou com uma firmeza, uma seriedade que Caroline nunca tinha visto antes. "Aquela noite foi..."

"Não diga que foi um erro!" A loira cruzou os braços.

"Como eu ia dizendo..." Kai continuou como se não tivesse sido interrompido. "Aquela noite foi algo que deve ficar no passado. Somos dois adultos e sabíamos perfeitamente o que fazíamos. Você sabe que não posso corresponder seus sentimentos e que nada mudou."

"Você nunca nos deu a oportunidade, Kai. Sempre arrumando desculpinhas esfarrapadas ou então era aquela sua prima chata que nos atrapalhava. Sempre grudando no seu braço quando eu me aproximava de você." Caroline falou com ironia, o rosto vermelho de raiva. "Nada nos impede de tentar. Somos adultos, livres e desimpedidos..."

"Meu coração já tem dona e ninguém mais ocupará o lugar que a ela pertence." Kai passou a mão pelos cabelos, refletindo o tipo de encrenca em que tinha se metido ao se deitar com Caroline. "Cometi uma tremenda injustiça com Bonnie, e me arrependerei disso pelo resto de minha vida... Porém, enquanto for vivo, farei o impossível para ser merecedor do perdão e do amor dela."

"Você está querendo dizer que ainda estava com Bonnie quando transamos?" A loira gritou indignada. "Você é um canalha desprezível!"

"Nunca fui infiel, muito menos com a mulher que amo." Ele a encarou. "Caroline, você é jovem e ainda encontrará alguém capaz de retribuir teus sentimentos, só que essa pessoa não sou eu."

"Você é um canalha, seu desgraçado!" Caroline levantou-se furiosa, as mãos apertando a bolsa que carregava. Ela fechou os olhos e respirou fundo algumas vezes, antes de voltar a olhá-lo com frieza. "Não sei que tipo de problemas teve com sua doce e santa Bonnie, mas espero que ela nunca o perdoe para que você possa saber como dói ter seu coração partido. Te odeio, Kai! Te odeio!"

Caroline deu as costas à ele e com a cabeça erguida saiu daquela sala que a sufocava. Não se dignou a olhar para ninguém enquanto caminhava até o elevador, que felizmente, estava vazio. Suas mãos tremiam e a garganta apertava devido ao choro que prendia. Nunca chorou por homem algum e não o faria naquele momento, mesmo que estivesse destroçada por culpa do homem que amava há mais de nove anos.

Corações Feridos✔Onde histórias criam vida. Descubra agora