ღ Irmãos ღ

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Maria Grey

Viro-me assustada e me abaixo, mas foi só uma coruja. Coruja boba! Levanto-me e continuo caminhando. Eu sei que mamãe e papai irão me matar, isso é ruim, mas eu vou estar com Fifi ao menos, nada melhor do que morrer com sua melhor amiga? Continuo andando e os barulhos me assustam mais, mas eu preciso ser corajosa, como vovó dizia... eu queria que ela estivesse aqui comigo, e sei que nós acharíamos Fifi, juntas.

—Fifi! Onde você está? —Grito caminhando até o rio. Suspiro e tateio meu bolso, conferindo se o celular de mamãe está aqui.

Eu sei que ela também vai ficar brava por eu ter pego seu celular, mas... talvez eu não consigo voltar sozinha. Sinto meu coração disparar e começo a tremer quando ouço um latido. É Fifi! Eu sei que é.

—Fifi! —Grito e depois assovio, como papai ensinou. Continuo chamando e ela aparece do outro lado do rio, sorrio e ela começa a latir e pular. —Cachorra bobinha, eu sabia que ia achar você! Vamos, venha aqui!

Fifi apenas continua latino, pulando e latino, e eu acho que ela quer me mostrar algo. Mamãe vai me matar, porque eu estou usando meus sapatos novos e minhas meias brancas, e eu vou atravessar o rio assim. Essa é a parte mais rasa, a água chega apenas aos meus joelhos, mas ainda tenho medo.

Caminho insegura e quando estou chegando perto Fifi saindo correndo. Droga! Saio do rio rapidamente e escorrego caindo de joelho. Já era minhas meias. Levanto-me e corro atrás de Fifi chamando-a, mas ela ignora tudo o que digo e continua correndo. Ela pode ser pequena, mas que cachorra maluca e rápida.

Continuo correndo até vê-la parada, no meio de um círculo de árvores, e lindo, mas... Fifi não está sozinha. Caminho com cuidado e atravesso o círculo, algo muito bom faz meu coração disparar, e eu não sei por que, mas começo a chorar. Ajoelho-me e vejo que é um garotinho, ele é quase do tamanho de Lana, um pouco maior. Ele está tremendo, e ele tem os olhos do papai.

—Oi. —Sussurro acariciando seu rosto, ele fecha os olhos e sorri, mas não diz nada. —Qual o seu nome?

—Tuntum... —Ele sussurra e eu sinto algo muito forte.

—Tuntum? É seu nome?

—Arthur. —Tuntum diz e eu começo a chorar mais.

—Você está muito gelado. —Digo preocupada. —Você está com frio, não é?

—Sim. —Tuntum diz quase chorando e isso me deixa muito triste. Tiro meu casaco e o cubro, ele me olha e sorrio.

—Mas e você?

—Eu estou bem, Tuntum. —Digo sorrindo. Ele me olha, como Lana faz quando tem algum segredo, e então levanta o braço revelando um gatinho muito pequeno, é branco, mas está muito sujo.

—Eu achei ele, sozinho, eu também estava sozinho. —Tuntum diz começando a chorar.

—Ei, não chore assim. —Murmuro ajudando-o a sentar, então ajeito meu casaco nele. —Qual nome você vai dar para ele?

—Pop... —Tuntum sussurro e eu começo a chorar.

—Você não gostou?

—Eu adorei. —Sussurro recebendo Fifi e suas lambidas.

—Ela e sua?

—Sim, ela fugiu. Como você a encontrou?

—Ela me achou, ontem, e está cuidando de mim. —Tuntum diz sorrindo para Fifi, ele tem o sorriso parecido com o de papai.

Eu acho que não estou doida, vovó diz que crianças não são doidas. Papai disse que o nome do meu irmãozinho era Arthur, e ele parece com papai. Eu acho que achei meu irmãozinho.

Amor Por AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora