Capítulo 15 - Mary?!

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Toque-me, sim eu quero que você me toque ali. Faça-me sentir como se eu estivesse respirando, como se fosse humano.
 Dançando pela noite, uma vodka e uma Sprite, um vislumbre das silhuetas...

-- The Neighbourhood  (A Little Death)

Boa Leitura. ♡

Travis Kingston: Narrando

Ela não podia aparecer daquele jeito depois de mais um ano afastada. Ela sempre fazia aquilo, aquela vadia, sempre sumia e do nada voltava quando as coisas estavam bem.

Ela não havia mudado nada, ainda tinha a mesma pele branca e alva. Os mesmos lábios cheios e rosados, o mesmo cabelo liso escorrido e alaranjados. As mesmas sardas no nariz empinado. O que mudava nela, era que a mesma tinha se tornado uma pessoa amarga, quando a conheci ela não era daquele jeito. Era doce, serena e calma, foi por aquela Radhassa que me apaixonei a quatorze anos atrás.

Mas eu sabia que sua transformação de personalidade era culpa minha. Sabia que a partir do momento em que me aproximei dela, eu havia a sentenciado a ser amarga daquele jeito. Mas de anos em anos ela reaparecia, não importava o lugar em que eu estivesse, ela me achava, e eu sempre tentava consertá-lá, porque eu sabia de alguma forma, que lá no fundo, bem no fundo, ela ainda podia ser doce.

Eu nunca conseguia consertar Radhassa, porque não se pode consertar alguém quando o que você só sabe fazer é quebrar, é destruir.

-- Faz tempo que não nos vemos, não é mesmo, mon amour? -- ela acabava comigo quando falava daquele jeito. Parecia que algo se acendia dentro de mim, tanta viadagem sentida dentro de um homem tão grande.

-- O que faz aqui de novo Radhassa? Pensei que da última vez tu disse que nunca mais voltaria.

Falei firme, ao menos eu ainda sabia fingir as vezes.

Meus primos nos olhavam espertos, eles sabiam que ela me irritava apenas com poucas palavras, eu jamais partiria pra cima dela, mas eu podia quebrar qualquer um com palavras também. Me lembrei de quantas e quantas vezes eu a quebrei apenas com palavras, e que por aquilo ela era daquele jeito, não só por minhas palavras, mas pela convivência comigo, a convivência com as pessoas que não prestavam ao meu redor, os lugares que eu a levava e queria mostrar a ela, isso a destruiu. E naqueles anos, de anos em anos, ela aparecia para me destruir, para me lembrar o que fiz com ela.

-- Você sabe que eu preciso de aventura na minha vida. Porém... -- Ela me olhou esperta, com aqueles olhos azuis claros como água cristalina. Seus olhos carregavam uma certa mágoa, certa fúria e ódio. Mas eu já estava acostumado com a raiva que as pessoas sentiam por mim. -- Quero falar com você, a sós. -- E de repente ela estava envergonhada, o que dificilmente acontecia.

Não olhei mais para ela, apenas me virei e caminhei até minha casa. Ela me seguiu, ouvi seus saltos baterem no chão com firmeza.

Assim que entramos ela fechou a porta fortemente. Tirou seu casaco enorme de pele preta, e eu pude ver como estava seu corpo naquele vestido justo, suas curvas, seu vestido preto destacava sua pele branca como neve.

-- Acredite se quiser mon amour, dessa vez não foi para isso que eu vim. -- um celular estava em suas mãos, eu nem havia visto ele ali antes. Em poucos minutos ela o ligou e o levou a orelha, ela falava em francês, eu não atendia porra nenhuma, mas nem me importava, apenas ficava nervoso com sua audácia.

Involuntariamente enquanto ela falava como uma matraca, meus pensamentos me levaram a morena que eu havia deixado mais cedo. Aquela dos olhos verdes, da pele morena, que eu estava tentando ajudar. Blue, ela não sabia dessa parte do meu passado. Mas preferi não me preocupar tanto, pois Radhassa apenas ficaria aquela noite e iria embora.

O Acaso ou O Destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora