K:Pode falar.
Mas ele não disse nada, ficou sentado ali perto de mim, com os braços apoiados nos joelhos e as mãos cruzadas na altura da boca e permaneceu em silencio olhando pra mim, bom acho que ele estava pensando no que ia me dizer, mas na verdade acho que não queria ter aquela conversa por que tinha medo do que eu iria ouvir, sabe quando em situações que envolve sentimentos, da aquele medo de ouvir certas coisas que podem ou não te machucar, mas depois de tudo que eu passei ate hoje o que vier é fichinha, mas mesmo assim não queria ter aquela conversa, pelo menos não naquele momento.
K:Já que não vai falar nada então eu vou...
D:Senta Kadu... Me da um minuto, por favor...
Respirei bem fundo, bom pelos menos tentei fugir, pelo visto vou ter que encarar essa, só me resta sentar e esperar o minuto dele.
D:Antes de mais nada só escuta o que eu tenho pra dizer e só fala quando eu disser, porque se me interromper não sei se vou ter condições de continuar.
K:Ok.
D: Pra você entender o motivo de eu agir daquela maneira com você desde criança, vou ter que começar a contar desde antes de você nascer.
Quando eu pensei em falar alguma coisa eu me calei imediatamente, respeitando o pedido dele, pois eu agora estava curioso para saber do que aconteceu para ele se transformar naquele cara que fez grande parte da minha vida em um inferno.
D:Antes de você nascer quando a mãe estava gravida de você, acho que ela só tinha quase seis meses de gravidez, e o nosso pai trabalhava muito, e não era muito presente em casa, mas até ai tudo bem, só até um dia que só tinha prova na escola e quando terminei sai mais sedo resolvi passar no trabalho do nosso pai por que queria falar com ele sobre o aniversario da nossa mãe que estava perto, eu pretendia pedir uma grana pra ele pra gente fazer uma festa surpresa pra ela, mas quando cheguei lá a secretaria dele disse que ele não tinha ido trabalhar naquele dia porque não estava se sentindo bem, ai eu achei aquilo meio estranho porque de manhã ele parecia estar bem, mas tudo bem se ele estava doente então ele deve ta la em casa, então rumei pra casa e chegando lá eu não encontrei ele e até perguntei pra mãe se meu pai tinha passado por lá e ela disse que não que ele estava no trabalho. Ai eu te pergunto onde estava o nosso pai? Se no trabalho dele ele não apareceu, mas ele saiu para trabalhar logo cedo como sempre fez todo dia. Ai eu fiquei com aquilo na cabeça e não contei nada pra minha mãe e esperei em casa e quando já estava escurecendo ele chega reclamando que la no trabalho dele tinha sido uma loucura de tanto que ele trabalhou e estava muito cansado.
D:A partir dai eu passei a desconfiar do papai, naquele dia eu até pensei em perguntar, mas fiquei com medo de estar sendo precipitado, então eu resolvi esperar e tentar descobrir o que estava acontecendo. Como naquela semana era só de provas eu não tinha como tentar descobrir por que tinha que estudar e minha mãe tava no meu pé por causa das minhas notas.
D: Geralmente era ele quem me levava pra escola por que o trabalho dele era no mesmo quarterão da escola então ficava fácil, mas era a minha mãe quem me buscava, ai uma semana depois quando meu pai estacionou na porta da escola eu sai e logo ele foi embora, mas antes de entrar eu fiquei olhando e quando ele chegou na esquina deu pra ver de longe que ele parou o carro e alguém entrou e depois ele virou a esquina e sumiu, na ocasião eu pensei que fosse algum colega de trabalho ai tudo bem, e isso durou um tempo até que em um fim de semana fomos eu e minha mãe pra fazenda da minha avó, mas o meu pai não foi, não lembro o porque só lembro que no domingo minha mãe resolveu voltar mais sedo e chegamos por volta das duas da tarde ai minha mãe me deixou em frente de casa e me deu a chave da porta e mandou eu entrar que ela ia passar na casa da tia Neuza pra deixar umas coisas que a nossa avó mandou ai ta eu entrei em casa e tava tudo em silencio eu subi a escada e fui para o meu quarto deixar a minha mochila e quando passei pela porta do quarto dos nossos pais a porta estava meio aberta ai eu entrei e vi o nosso pai deitado na cama com um cara em cima dele e os dois pelados, tipo ele deitado e o outro cara deitado na altura do peito dele tipo abraçados, eu fiquei travado com aquela cena, eu nunca tinha visto aquele cara na vida, mas parecia aquela mesma pessoa que entrou no carro dele outro dia.
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O Primogênito
RomanceO amor é um sentimento tão forte, que muitas vezes mexe com a nossa cabeça e por não entendermos o que esta acontecendo faz com que nossa cabeça crie alternativas muitas vezes dolorosas para o que acreditamos ser certo e ao mesmo tempo nos machucamo...