Eu fui a primeira a passar pelo buraco e fiquei do outro lado encorajando Armie que havia desistido na última hora. Ela estava se tremendo de medo quando finalmente passou e ficou do meu lado dizendo coisas horríveis que poderiam acontecer se alguém nos pegasse aqui em território proibido. Mas a adrenalina de está fazendo algo que não devia falou mais alto. E eu comecei a andar pela floresta desconhecida curiosa em saber oque havia mais lá na frente.
Eu estava gravando o caminho para voltar correndo caso acontecesse alguma coisa, mas depois de cinco minutos andando, comecei a sentir um cheiro que já havia sentido antes. Estava ventando, e esse vento que me trouxe vários cheiros diferentes da floresta, mas um se destacou e chamou minha atenção por ser tão diferente e ao mesmo tempo tão familiar para mim.
-Acho que não foi uma boa ideia
Comentei abaixando a cabeça e me virando de frente para Armie encolhida e olhando para todos os lados com medo. Me virei de novo e conseguir ver uma figura estranha se escondendo atrás de uma árvore fina demais que deixava seus pés aparecendo.
Aquele cheiro estava mais forte ainda, e aquela figura com certeza era a dona desse cheiro pois o vento mais uma vez me trouxe essa fragrância deliciosa. Eu sei que deveria correr agora, mas não tive tempo.
-Parece que vocês também... Não sabem que estão em território proibido
Disse a figura se revelando saindo de trás da árvore segurando uma sacola plástica branca. Ele estava olhando para o chão e para nós ao mesmo tempo parecendo tímido e inseguro, um humano não deveria ousar nos dizer isso, mas somos as erradas dessa vez.
-Viemos fazer uma visita... E você? Pra onde estava indo com essa sacola?
Perguntei jogando a acusação de volta, ele com certeza iria para nosso lado também. Então posso dizer que estamos kits nessa situação.
-E-eu ia...
Ele parou porque não conseguiu inventar uma desculpa a tempo, abaixou os olhos de novo e começou a dobrar a sacola distraidamente ainda tímido e inseguro. Oque esse garoto tem?
-Não contamos pra ninguém ainda oque você fez, e prometemos não dizer nada se você também não dizer nada sobre nós
Armie parecia mais corajosa de repente ficando do meu lado e cruzando os braços esperando a resposta do garoto que a encarou com uma sobrancelha levantada. Não sei oque ele está pensando agora mas parece que está entrando em nosso jogo. Ou fazemos um acordo aqui e agora, ou isso vai acabar se tornando motivo de outra guerra.
-Tudo bem... Eu não conto se vocês deixarem eu passar
Ele apontou para o buraco no muro e nós duas nos olhamos confusas, ele era bom nisso. Mas eu pedi que Armie me deixasse responder.
-Então pra você não contar nada, você quer que só passar pro outro lado?
Ele balançou a cabeça concordando dando dois passos para frente na nossa direção nos deixando alerta. Ele poderia ser apenas um garoto inocente, mas não confiamos nele e ele também não confia em nós duas. Alguma coisa vai ter que ser feita.
-Se quisermos voltar aqui amanhã?
-Lin... Não vamos voltar mais!
Armie me cutucou dizendo isso baixinho voltando a ficar com medo de alguma coisa. Eu olhei pra ela com cara de tédio e depois para o garoto de novo.
-Vocês querem conhecer nosso lado? Não é diferente do seu...
Ele olhou para trás apontando para alguma direção no meio da floresta. E quando me olhou eu vi uma pequena maldade nos seus olhos, mas também eu queria tanto dizer sim que ignorei todos os riscos que iria correr concordando em fazer essa loucura. Mas eu conseguir ficar com medo também e mudei de ideia.
-Eu acho melhor não, vamos deixar você passar... Mas não pode mais ficar roubando oque é do nosso lado
-Mas eu... Eu sou muito pobre, meu pai é doente e eu perdi minha mãe... Eu sobrevivo daquelas frutas
Ele parecia triste fazendo cara de choro e tudo, mas eu e Armie ficamos desconfiadas, ele não parecia tudo isso que falou. Usava roupas boas, uma blusa preta só com algumas manchas e uma calça em perfeito estado sem nenhum furinho. Voltei a olhar para seu rosto e ele ainda fazia cara de choro esperando nossa resposta.
-Tudo bem...
Falei baixo me virando de costas e indo em direção ao buraco de novo, Armie estava me brigando por causa disso e não conseguia aceitar que sua opinião não era importante pra mim. Eu era a amiga alfa, e ela tinha que ficar calada toda vez que eu decidir alguma coisa.
Ficamos observando-o pegar os pêssegos do chão e de alguns galhos que estavam ao seu alcance, Armie ficou de longe encostada em um dos pessegueiros com os braços cruzados e fazendo aquela cara de brava pra mim toda vez que eu olhava pra ela. Eu não liguei muito pra isso e fui ajudar ele que escolhia os pêssegos com cuidado.
-Qual seu nome estranho?
Perguntei jogando um na sua sacola olhando pra ele que estava concentrado olhando para cima tentando ver algum ao seu alcance.
-Ryan...
-Sou Linney e aquela emburrada ali é a Armie
Ela bufou de volta pra mim com certeza com raiva por ter apresentado ela a um humano. Mas qual é o problema de ter um amigo dessa espécie? Podemos ser inimigos a muito tempo, mas agora não vejo tudo que falam sobre os humanos nele.
-Ariscado da parte de vocês... Mas se eu não aparecesse, vocês iam direto para um exército que acampou na floresta, estavam a doze metros de distância deles...
Ele terminou de falar e olhou pra mim sério percebendo que eu estava branca de medo. Mas depois ele sorriu mostrando seus dentes e eu me sentir uma besta que tinha caído nisso. Me arrependi de ter ajudado esse menino pobre que só tem como alimento essas frutas.
-Mas é sério... Meu pai é um soldado de um exército que cuida da segurança da fronteira que não fica muito longe daqui, claro que ele não tem tempo pro filho... Então eu me viro sozinho
-Você então tem um pai, que não liga pra você, e você ainda tem de se virar sozinho? E acha a maneira mais fácil de conseguir isso roubando oque é nosso?
-Eu moro sozinho em uma casa abandonada aqui perto, ele até se esqueceu de mim e nem deve se lembrar que tem um filho
-Então você mentiu
Disse por fim cruzando meus braços e olhando pra ele que agora estava abaixado amarrando sua sacola, mas parou e ficou encarando o chão pensando no que me responder depois de ter sem querer admitido que mentiu para nós.
-E-eu... Só queria...
-Tá... Agora que já conseguiu oque queria melhor você ir agora
Falei meio estressada e depois me virei em direção a Armie que estava me olhando com uma cara de quem diz "eu avisei". Eu não devia ter deixado esse humano atravessar.
-Espera...
Olhei pra ele de novo já com a mão no braço de Armie para arrasta-la antes que ela começasse a dizer que tinha mesmo avisado. Mas parei e fiquei olhando pra ele confusa tentando entender porque ele tinha abaixado a cabeça tímido outra vez.
-Vocês... Vão voltar?
Suspirei largando o braço de Armie e me virando de frente para ele que ficou me olhando com as sobrancelhas unidas fazendo aquela cara de coitadinho de novo. Eu não vou cair nisso de novo.
-Talvez... Nós gostamos muito desse lugar né Armie?
Dei uma acotovelada nas costelas dela cruzando os braços em seguida olhando para ele que não percebeu nada.
-Sim... Vamos está aqui amanhã
Disse Armie quase rosnando pra mim pela acotovelada. Mas o garotinho caiu nisso e sorriu feito bobo e depois andando calmamente de volta para o seu lado.
Mas assim que ele passou pelo buraco, eu fui atrás dele e olhei se ele já estava longe o suficiente para não ver oque íamos fazer.
-Ajuda Armie
Pedi correndo até o buraco e depois olhando para uma pedra grande encostada no muro. Eu comecei a empurra-la com toda minha força com a ajuda de Armie que ria disso tudo feito uma criança de novo. Eu só queria ver a cara dele quando encontrar isso aqui, ele poderia morrer de fome já que os pêssegos são a única fonte de alimento que ele tem, mas com certeza ele vai encontrar alguma outra coisa pra comer do lado dele.
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A filha de Lucy.
FantasyExistem duas espécies não muito diferentes, mas que se odeiam. Nós somos conhecidos como "Não humanos" temos vários outros nomes também, vampiros, assassinos, psicopatas da noite, maníacos etc. O motivo pelo qual essa guerra entre nós e os humanos c...