Capítulo 16 - Deixe-me ajudar.

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Ryan arrombou a porta de um ônibus que havíamos encontrado na estrada principal da cidade. Ainda estava com as luzes acessas, e eu mandei ele fechar a porta de novo para me sentir segura. Nós todos escolhemos um assento e eu sentei do lado de Ryan que estava mexendo na sua mochila distraidamente, Sean e Armie ficaram no último assento nos deixando sozinhos. Eu olhei para o teto esperando ele parar de mexer na sua mochila para poder conversarmos. Eu só queria discutir de novo com ele porque no fundo achava divertido.
-Tá bom... Diz logo oque quer, enjoada
-Só conversar
Respondi ainda com a cabeça curvada para trás olhando para as luzes fracas do ônibus. Ele suspirou do meu lado parecendo impaciente e eu sorrir pra mim mesma pelo talento que tinha de irrita-lo. Será que ele se sente obrigado a cuidar de todos nós? No caminho até aqui, ele disse que era mais velho de todos nós, então é dever dele tomar as decisões. Nem Sean discutiu quando decidimos quem deveria ser o líder ou o nosso guia.
-Como vamos sobreviver? Não temos mais comida...
-Eu não pedi pra você parar de me preocupar ou ficar falando em comida? Seja um pouco primitiva e devore qualquer corpo que acharmos pelo caminho amanhã
-Não vou conseguir fazer isso...
-Então aí o problema é seu
Ele olhou para janela com o olhar irritado me deixando triste, eu me sentia sozinha nisso, ele não me ajudava como prometeu que faria. Mas agora eu estava com sono, e como uma forma de me desculpar por quebrar uma das suas regrinhas, eu me encostei no seu ombro e fechei os olhos antes dele me olhar. Mas depois ele saiu do seu banco e quase me deixou bater a cabeça na parede do ônibus.
-Desculpa aí, mas não gosto de dormir perto demais de você
Ele disse de forma cruel saindo do nosso assento e se sentando no assento ao lado encostando a cabeça na janela e colocando sua mochila do seu lado. Fiquei ali irritada tentando imitar sua posição para ver se eu conseguia dormir também.
Mas não conseguir, então achei melhor me distrair um pouco para ver se conseguia ficar com sono. E a melhor forma de fazer isso, era irrita-lo ainda mais. Então eu fui até o seu assento e voltei a me encostar nele me deitando em cima da sua mochila, ele não reagiu e eu achei que já estivesse dormindo, e me aconheguei ainda mais ali. E quando já estava quase dormindo, sentir seu braço pousar no meu ombro e eu sorrir já caindo no sono feliz por ele ter me deixado ficar aqui.

_______

Na manhã seguinte tivemos o desprazer de acordar com homens do exército do território dos humanos batendo na porta do ônibus e quebrando as janelas feito monstros querendo nos pegar para matar. Ryan, nosso líder, teve a brilhante de ideia de sair pela portinha de emergência por cima do ônibus deixando os homens ainda mais irritados. Pulamos lá de cima de corremos para nossa sobrevivência pelo meio dos carros desviando dos disparos. Eu me sentia uma fugitiva mas no fundo meus instintos estavam gostando disso e eu também achava que fugir era algo normal da nossa espécie para sobreviver.
Só paramos depois que eles desistiram e não conseguiram nos acompanhar, podem ser humanos com armas, mas não correm tanto quanto nós. Ficamos atrás de um prédio que estava caído para o lado se apoiando em outro prédio que também estava quase caindo. Nos olhamos e respiramos fundo quando percebemos que agora estávamos seguros. Mas precisamos ter cuidado com esses homens.
-Péssima ideia...
Sean reclamou ofegante olhando para Ryan que ignorou seu comentário crítico sobre sua liderança. Ele tinha uma grande responsabilidade nas costas, não tinha tempo para ficar discutindo com Sean. Ele se virou para mim e depois para Armie que estava ofegante também, começou a remexer sua mochila de novo e tirou de lá uma garrafa de água estendendo-a para mim.
-Divide com sua amiga
Ele sorriu e depois foi para a entrada do beco ver se o terreno estava seguro, Sean ficou emburrado ali vendo nós duas bebendo a água que Ryan deu só para nós. Claro que depois Armie teve pena dele e lhe deu o último gole de água na garrafa.
-Oque vamos fazer agora Ryan?
Perguntei colocando uma mão no seu ombro olhando para a estrada deserta também pensativa. Ele suspirou e abaixou a cabeça se sentando em uma lata de lixo e passando a mão no braço que tinha um machucado que eu não havia notado antes.
-Está ferido... Porque não contou?
Perguntei brava me abaixando na sua frente e limpando seu sangue com a manga do meu casaco, ele ficou em silêncio parecendo arrependido com alguma coisa que fez olhando para o lado com as sobrancelhas unidas de preocupação.
-Desculpa
Ele disse baixinho quase não abrindo a boca, eu fiquei olhando pra ele confusa sentindo dó de ver ele tão triste assim. Nunca o vi desse jeito... Mas queria que ele soubesse que não tinha culpa de nada por causa daquilo. Nenhum de nós sabíamos que aquilo aconteceria.
-Tá tudo bem...
Disse enrolando seu ferimento com a borda do casaco que havia rasgado, fiquei ali olhando pra ele ainda parecendo triste mas depois respirou fundo e se levantou sem dizer nada caminhando para a estrada de novo.
Fiz um sinal para os dois me acompanharem e me coloquei do seu lado ainda tomando cuidado para olhar pra ele. Não queria que ele visse que eu estava preocupada com oque se passava na sua cabeça, só queria que ele soubesse que está sendo um ótimo líder.
-Está se sentindo bem?
Perguntei depois de um tempo em silêncio, eu só perguntei isto porque ele estava triste até demais parecendo doente. Seus olhos estavam quase se fechando e quando eu, sem querer, encostei a costa da minha mão na sua, percebi que ela estava quente.
-Ryan... Está doente?
-Não sei...
-Claro que está
Toquei na sua mão de novo e me assustei quando ele a puxou e continuou a andar mais rápido me deixando para trás. Senti uma forte dor no peito por causa disso, uma simples ignorância sua pôde me deixar em depressão em questão de segundos. Armie passou do meu lado e puxou meu braço para continuar porque eu havia parado depois que ele havia feito aquilo.

A filha de Lucy. Onde histórias criam vida. Descubra agora