Capítulo 28 - Um massacre.

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Naquela mesma noite, chegamos ao refúgio dos humanos passando pela segurança sem sermos percebidos. Os humanos eram tão ingênuos... Nós conseguimos entrar porque simplesmente eles não se deram o trabalho de se certificar de que nós éramos humanos também. Apenas fingimos está doente e cansado, uma senhora muito séria nos levava para a enorme construção em direção a um portão gigante e branco. Assim que chegamos perto, eu me espantei com a velocidade do golpe que um dos meninos deu na pobre senhora que caiu no chão desmaiada. Acho que era o Nick... Não era pra começar ainda.
-Ei... Ainda não, tá?
Ryan cochichou e se abaixou para pegar a arma da mulher que estava escondida embaixo do seu uniforme. Ele mexeu naquilo e eu fiquei observando com atenção aprendendo como usar sem ele perceber.
-Temos que nos separar... Nos encontramos lá atrás
Todos nós concordamos e em seguida nos separamos. Eu entrei em um corredor estreito cheio de armários, observei com cautela os cantos das paredes. Tem câmeras em todos os lugares, então eu pensei um pouco e tive a conclusão de que precisaria destruí-las.
Me coloquei em um canto onde dava para me esconder das três câmeras e comecei a puxar os fios delas que estavam grudados na parede. As luzes delas se apagaram então eu já estava segura de que não estava mais sendo filmada.
Claro que ouvi passos no corredor dois segundos depois, um homem magro saiu de um quartinho e parecia furioso comigo. Ele veio pra cima de mim com uma coisinha brilhando na sua mão, era algo que com certeza me machucaria. E eu reagi primeiro pegando seu pulso antes que ele me atingisse com aquilo, virei sua mão até fazer aquilo encostar em seu peito.
O homem caiu no chão e eu pisei em seu peito para que não se levantasse, aumentei a potência daquela coisinha e continuei apertando contra seu peito até sentir cheiro de queimado.
Quando terminei, guardei a coisinha no meu bolso e depois comecei a andar um pouco mais rápido pelo corredor.
Assim que dobrei tive outro contratempo, uma mulher ruiva com cabelos ondulados estava bem na minha frente apontando uma arma enorme pra mim. Automaticamente eu levantei as mãos e prendi a respiração esperando o tiro, mas ela só ficou me observando curiosa e depois foi abaixando aquela arma gigante bem devagar ainda com o olhar desconfiado.
-Está do nosso lado?
Ela perguntou fazendo um gesto pra mim e depois para ela, eu acenei com a cabeça abaixando minhas mãos e tocando minha coisinha no meu bolso ainda desconfiada dessa mulher. Ela olhou para trás rápido, e com uma mão, atirou contra dois homens que estavam vindo na nossa direção. Eu arregalei os olhos para aquela sua arma e me senti uma inútil com aquela coisinha de choque.
-Vem então
Ela disse firme começando a correr pelo corredor com cuidado olhando para todas as direções. Eu a acompanhei insegura ficando preocupada com a quantidade de câmeras que estavam em todos os cantos.
-Não se preocupa, eu matei o homem que toma conta das câmeras
Ela disse sorrindo orgulhosa de si mesma ofegante pela corrida.
Eu tinha trinta minutos, e tínhamos que parar e matar mais humanos que estavam em nosso caminho, perdiamos quinze segundos. Isso atrapalha demais.
Eu dobrei com ela em um outro corredor mais escuro, eu pensei que íamos para o outro lado. Mas ela começou a fazer um negócio interessante em um painel luminoso ao lado de uma porta que se abriu assim que ela quebrou aquele painel com os dedos.
Entramos em uma sala cheia de quartos com pessoas estranhas dentro. Todos rosnaram para nós, mas assim que ela atirou para cima, eles pararam e se encolheram.
-Tá todo mundo liberado hoje!
Ela gritou quebrando um outro painel na parede com a ponta da sua arma fazendo todas as selas se abrirem. Os prissioneiros começaram a correr feito loucos passando por nós ainda rosnando. Acompanhamos eles na corrida pelo corredor até chegarmos em um tipo de refeitório, só que duas vezes maior do que o do meu colégio. O teto era alto demais, tinha muitas mesas, os cozinheiros foram atacados pelos prisioneiros que os devoravam com fome. Era lindo o som de desespero que eles produziam, estamos ganhando.
-Ei, menina
Ela me chamou jogando uma bainha com uma faca do tamanho do meu braço pra mim. Eu adorei e a agradeci realmente feliz. Mas não era hora disso agora. Corremos mais um pouco já sem tempo, agora só tínhamos dezessete minutos, chegamos na enfermaria. Ela massacrou todas as enfermeiras atirando sem piedade contra elas, o chão ficou completamente vermelho com o sangue delas, mas quando vi os pacientes doentes que eram cobaias dos experimentos deles, eu perdi minha piedade.
Tive minha chance quando fui surpreendida com uma mulher maluca que veio gritando na minha direção com um bastão pequeno com a intenção de me machucar com aquilo. Eu reagi rápido tirando minha faca da bainha a apontado ela pra a mulher que continuou correndo e só parou quando a faca tinha atravessado todo o seu corpo. Eu abri os olhos e ela estava cuspindo sangue nas minhas mãos que estavam no cabo da faca segurando firmemente. Empurrei seu corpo e observei ela cair de costas ainda com os olhos abertos. Ah meu Deus, isso é bom.
-Bom trabalho, quantos anos tem?
-É... Eu acho que ainda não tenho vinte
Respondi confusa tentando me lembrar da última vez que cantaram parabéns pra mim.

_______

Eu dei a ideia de colocar fogo nos carros no estacionamento, mas ela fez algo bem pior. Furou o tanque de gasolina deles e atirou no chão fazendo a bala criar faíscas no concreto até chegar onde estava molhado de gasolina.
Ficamos assistindo os carros explodindo e o fogo aumentar formando uma nuvem de fumaça preta descontrolada. Claro que mais soldados vieram ver oque estavam acontecendo, mas foram embora assim que viram o incêndio, nós duas ficamos rindo sentadas em um banco no campo aberto que ficava bem longe do estacionamento. Logo os outros apareceram, cansados e confusos com nós duas aqui.
-Quem são vocês?
Ela perguntou se colocando em posição na minha frente, apontou a arma para eles e esperou a resposta. Mas ninguém ali sabia oque responder a ela por estarem com medo e confusos.
-São meus amigos
Eu disse baixo fazendo ela olhar pra mim, depois abaixou a arma e ficou olhando para eles desconfiada de novo. Eu engoli em seco fazendo um gesto para Ryan dizer alguma coisa a ela.
-Quem é você?
Ele perguntou estreitando os olhos para ela. Eu fiquei em silêncio esperando que ela respondesse de uma forma delicada, porque pelo pouco tempo que eu a conheci, já deu para perceber que ela era nervosa.
-Meu nome é Jade, eu estou do lado de vocês também... E vocês?
Ela continuava em posição me deixando tensa, qualquer coisa que os meninos fizerem pode fazer ela disparar contra eles. Mas não responderam, nós todos olhamos para o caminhão que estava se aproximando do estacionamento. Um dos homens uniformizados olhou para nós, e gritou algo que não ouvimos apontando na nossa direção.
-Vão embora, eu vou tentar ganhar tempo
Ela começou a andar devagar na direção dos outros atirando. Eu fiquei em dúvida porque não queria deixa-la aqui para morrer, mas alguém me puxou e eu comecei a correr depois que ouvimos um helicóptero sobrevoando acima de nós.
Fomos para a floresta nos escondendo embaixo das árvores, mas o helicóptero não desistia e também atirava em nós. Um dos meninos acabou sendo atingido na perna, Ryan tentou ajudar, mas dispararam outra vez e o menino acabou sendo atingido no peito. Gritamos de desespero já não aguentando mais tantas mortes. Agora somos só cinco...
-Corre!
Ryan gritou deixando seu amigo lá atrás já sem vida. Também começamos a ouvir cachorros na floresta, cachorros enormes que estavam correndo atrás de nós como se fôssemos animais.
O helicóptero ainda nos perseguia, descemos um morro e paramos em frente a um rio. Mas não tínhamos saída, Ryan se jogou no rio junto com os outros que sobraram. Eu fiquei em dúvida paralisada como uma idiota, então um homem desceu do helicóptero e agarrou minha cintura, eu gritei tentando me soltar. Mas ele me apertou ainda mais e me puxou para cima.
Quando eu percebi já estava dentro do helicóptero sendo amarrada com cintos se segurança. Eles berravam alguma coisa dizendo que iria atirar nos outros se eu não me comportasse. Mas eu desistir, acabei me soltando e voei em cima do piloto tirando aquilo da sua cabeça e jogando no vidro da sua janela.
Peguei um dos cacos e tentei acerta-lo, ao mesmo tempo eu chutava o outro atrás de mim tentando me tirar de lá a força. E quando conseguir cravar o caco de vidro na garganta do piloto, eu percebi que eu tinha feito uma merda enorme. Claro que o helicóptero começou a cair bem devagar girando no ar perdendo altitude e velocidade nas hélices.
Eu me sentei no banco do co-piloto e amarrei o cinto em mim esperando pelo impacto que demorou treze segundos. Eu estava contando de cabeça baixa e fechei os olhos quando o barulho das hélices começou a ficar mais agudo ainda.


A filha de Lucy. Onde histórias criam vida. Descubra agora