Capítulo 12 - Por culpa minha.

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Chegando no colégio, eu troquei de roupa e sentei na minha cama encarando o nada ainda meio mole por causa da tontura inexplicável que eu tive lá na calçada. Armie ficou em pé na minha frente de braços cruzados como se esperasse eu sair do meu transe, levantei os olhos bem devagar encarando ela fazendo uma cara de coitada para ela ter piedade comigo nas perguntas.
-Não vai me explicar?
Neguei com a cabeça abaixando ela logo em seguida deixando meu cabelo fazer uma cortina para esconder meu rosto dos dois lados. Comecei a sentir um certo nervosismo e meu coração estava levemente acelerado. Não sabia porquê, mas estava. Eu gostaria de mandar ela embora agora para que me deixasse sozinha.
-Você fica estranha perto dele
Ela se sentou do meu lado e mesmo não olhando para o rosto dela, eu pude ver seu sorriso infantil insinuando algo que eu temia que ela descobrisse, talvez não seja a palavra certa... Eu só não queria que ela insinuasse isso no meio das nossas conversas.
-Não é nada disso Armie... Por favor... Eu ainda estou com dor de cabeça, pode me deixar sozinha?
Pedi olhando pra ela ainda com aquela cara de pobrezinha, eu tentei não ficar com o rosto vermelho e não sentir vergonha por causa disso. Mas era impossível, então eu olhei para meus pés de novo e cobri meu rosto com o cabelo para ela não ver minha expressão de séria vacilar para uma de desespero.
-Tudo bem... Mas não pense que não vou tocar no assunto outro dia
-Armie, eu não quero falar disso! Não é isso que você está insinuando, eu tentei impedi-lo que invadisse nosso território. Você viu, nós duas colocamos aquela pedra lá... Mas eu tive que ir de novo me certificar de que ele não tinha passado... E ele estava lá! Eu tentei convence-lo de que isso era errado, tentei fazer ele entender que poderia ser o começo de uma futura guerra só por causa de um buraco no muro! E eu não fui atacada num beco! Foi ele que me atacou e eu revidei...
Cobri o rosto com as mãos percebendo que eu havia perdido o controle, não queria ter falado tudo isso. Mas sem querer saiu e agora ela já havia saído correndo do meu quarto pegando a chave e me trancando antes que eu pudesse reagir.
-Armie!!
Gritei chorando batendo na porta desesperada imaginando várias coisas horríveis que poderiam acontecer se isso chegar aos ouvidos das autoridades. Ele estaria morto. Porque eu confessei tudo isso? Eu sabia que alguma hora a bomba iria explodir. E agora, talvez, eu já seja a culpada de mandar matar um pobre menino que só queria colher pêssegos do nosso lado.
Sentei no chão abraçando meus joelhos chorando muito por sentir esse peso da culpa que com certeza nunca sairia da minha cabeça. Eu só conseguia pensar nos aviões e nas bombas que cairiam sobre nosso território destruindo e matando nossa espécie, não precisamos de muita coisa para começar uma guerra, nossas raças se odeiam, seria o bastante uma invasão como a desse menino que não deveria ter vindo pra cá nunca.

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O barulho da porta do meu quarto se destrancando me acordou, e na hora me levantei do chão e encarei a diretora do nosso colégio me olhando como se eu fosse um objeto usado em um crime. E eu realmente me sentia uma faca que foi usada em algum assassinato.
-Tem pessoas importantes que querem falar com você, Linney Lowell
Meu coração se apertou e eu senti vontade de chorar, mesmo assim, eu a acompanhei pelo corredor silencioso já derramando muitas lágrimas abraçando à mim mesma temendo em ver um exército inteiro lá fora me esperando. E era quase isso que estava me aguardando na entrada da escola, perto do portão, estava um homem alto uniformizado com o cabelo penteado para trás acompanhado de mais dois atrás dele como se estivessem posando para uma foto.
Os seguranças do nosso colégio entraram no meio da cena também andando bem devagar pois os dois estavam segurando um garoto que andava de cabeça baixa, eu chorei ainda mais e corri na direção dele como se pudesse fazer alguma coisa para ajudar. Mas a diretora me segurou e eu só pude assistir ele me olhando com um certo ódio virando o rosto para o lado quando tentei chama-lo através de soluços.
A diretora tentou me perguntar se era ele mesmo, mas eu neguei e neguei só dizendo "não" bem alto ainda tentando me soltar. Não liguei para as pessoas que estavam me chamando e louca ao meu redor, eu só queria tentar falar com ele que eu não fiz de propósito e não pedi que ele fosse capturado pelo exército. Mas ele nem sequer me olhava quando gritava seu nome me machucando ainda mais.
Me levaram para dentro depois que eu já estava calma porque havia parado de tentar chamar a atenção dele. Quando passei pela porta de vidro entrando no refeitório, eu fui recebida por uma multidão de alunos curiosos que me deram passagem porque a diretora estava do meu lado. Armie conseguiu passar por entre os alunos para tentar falar comigo, mas eu acabei lhe dando um tapa quando ela disse que só queria ajudar. Ajudar com oque?! Ela é a culpada de tudo isso... Agora corremos o risco de entrar em guerra por causa dessa cretina!
-Lin!
Ela gritou lá atrás mas eu ignorei e continuei andando para a sala da diretora porque ela disse que queria falar comigo. Quando a multidão de alunos já estava longe, eu comecei a chorar de novo pensando na possibilidade de entrega-lo de volta ao seu território morto como uma forma de declarar guerra contra eles.
-Você sabe que oque fez foi o certo
Ela disse calma usando uma voz que me deixou um pouco menos desesperada e assustada. Relaxei os ombros na cadeira confortável da sua sala e limpei meu rosto que estava uma bagunça por causa do choro. Olhei para os olhos dela e já estava me preparando para perguntar oque iriam fazer com ele.
-Infelizmente não estou autorizada a dizer oque irão fazer com aquele garoto, não era para os alunos ficarem sabendo dessa confusão toda, tentamos de tudo para não gerar caos entre nossas espécies... Até criamos escolas para educar os jovens para não cometerem o mesmo erro que nossos antepassados cometiam
-Eu posso ir agora?
Pedi com a voz de choro satisfeita com oque ela me disse, eu não queria saber oque iriam fazer com ele. Eu não queria entrar em depressão de tanta culpa que iria sentir se soubesse que o matariam por causa de mim. Não vou viver em paz depois disso, então eu só queria me retirar desta sala e poder chorar no meu quarto.
-Tudo bem querida
Assim que ela terminou de falar, eu levantei da cadeira e corri pelo corredor indo em direção ao meu quarto não dando atenção para Armie e Sean parados do lado de fora me esperando. Eu ignorei eles dois e entrei no meu quarto me trancando e depois mergulhando na minha cama caindo no choro imaginando o quanto ele deve me odiar agora por tudo isso.

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>Imagem a homenagem de: X_A_Demon_Life_X

A filha de Lucy. Onde histórias criam vida. Descubra agora